O lobista J�lio Camargo, um dos delatores da Opera��o Lava Jato, afirmou � Justi�a Federal nesta quinta-feira, 16, que o senador Edison Lob�o (PMDB-MA), ent�o ministro das Minas e Energia, em 2011, ligou na sua frente para o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). "Eduardo, voc� est� louco?". O telefonema, segundo o delator, teria ocorrido no final da tarde de um domingo na base a�rea do aeroporto Santos Dumont, no Rio.
No encontro no aeroporto, Julio Camargo exibiu a Lob�o c�pia de um requerimento de informa��es que teria sido articulado por Eduardo Cunha. O documento original havia sido encaminhado ao Minist�rio das Minas e Energia, com indaga��es sobre os contratos da estatal com a Mitsui.
Segundo o lobista, o requerimento teria como objetivo pressionar a empresa, porque ele n�o estaria pagando uma parcela da propina que havia combinado. O deputado seria um dos "destinat�rios finais" de propina paga nos contratos de navios-sonda da Petrobras investigados pela Opera��o Lava Jato.
"Em agosto de 2011, um representante da Mitsui no Rio de Janeiro me procurou no meu escrit�rio, bastante assustado, com o requerimento assinado pela deputada Solange (Almeida - PMDB-RJ). Nesse requerimento encaminhado ao ministro de Minas e Energia, ministro Lob�o, ela pedia, ent�o, que todos os processos da Mitsui, sejam com a Petrobras diretamente ou com qualquer subsidi�ria da Petrobras, onde a Mitsui tivesse participa��o, que fossem remetidos ao Minist�rio de Minas e Energia para uma avalia��o e eventual remessa dessa documenta��o ao TCU. Dizia tamb�m, se eu n�o estou enganado, pedia uma avalia��o sobre a minha performance dentro desses contratos", afirmou.
J�lio Camargo diz que procurou o ent�o diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, a quem pediu que fizesse contato com o ministro Lob�o. Segundo o delator, Costa lhe disse. "J�lio, voc� est� com sorte, o ministro Lob�o est� no Rio de Janeiro. Um minutinho s� que eu vou ligar para ele."
Ap�s falar com o ministro por telefone, Costa orientou J�lio Camargo a encontrar Lob�o na base a�rea Santos Dumont, por volta das '18h, 18h30'. "Eu converso com ele", teria dito o ministro para o ent�o diretor da estatal.
No aeroporto, segundo relato do lobista � Justi�a Federal, ocorreu a seguinte conversa. "Eu disse a ele: 'ministro, est� acontecendo um fato desagrad�vel. Existe um requerimento disso, uma empresa que eu represento, que eu acho que s� traz benef�cios para o Pa�s, tem trazido dinheiro japon�s barato, tem sido um constante financiador das obras da Petrobras e recebo um requerimento'. Mostrei para ele (Lob�o) a c�pia. A rea��o dele imediata foi a seguinte: 'Isto � coisa do Eduardo'. Pegou o celular e ligou para o deputado Eduardo Cunha na minha frente. E disse: 'Eduardo, estou aqui com o J�lio Camargo, voc� est� louco?' N�o sei qual foi a resposta do deputado. Mas ele disse (a Cunha): 'voc� me procure amanh� cedo no meu gabinete em Bras�lia, que eu quero conversar com voc�'. Ele desligou o telefone e disse: 'J�lio, o que te preocupa nesse requerimento? Existem coisas erradas?'. Eu falei: 'ministro, n�o tem nada errado'. Ele disse: 'Se n�o tem nada errado, n�o h� o que se preocupar. O que eu posso fazer � pedir para acelerar a verifica��o desse processo para que isso termine o mais r�pido poss�vel'. 'Eu agrade�o se o sr. fizer isso, j� � uma coisa interessante'."
O advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, defensor do senador Edison Lob�o (PMDB-MA), afirmou que seu cliente n�o vai comentar o conte�do de dela��es. "Est� acontecendo algo muito grave no Brasil. H� uma ind�stria das dela��es, onde os delatores dizem uma coisa e no outro dia dizem outra", protesta.
Kakay disse ainda que a defesa tentar� anular na Justi�a as dela��es e processar os respons�veis por informa��es inver�dicas. Segundo ele, o mesmo procedimento ser� tomado por todos os seus clientes investigados pela Opera��o Lava Jato.
"A Pol�cia Federal fez uma busca e apreens�o na casa do senador Ciro Nogueira por causa do relato de um delator sobre uma suposta rela��o dele com um advogado que ele nem conhece", disse. Segundo Kakay, o Minist�rio P�blico tem que "ter honradez de investigar as dela��es" porque "tem muito advogado vendendo prote��o e ganhando dinheiro com elas", disse. "Os ministros do Supremo est�o sendo induzidos ao erro", completou.
