Bras�lia, 18 - Nem bem oficializou seu rompimento com o governo, o presidente da C�mara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), deu in�cio �s retalia��es ao Pal�cio do Planalto, acusado por ele de querer prejudic�-lo com as investiga��es da Opera��o Lava Jato da Pol�cia Federal.
No fim da manh� de hoje (17), Cunha anunciou que passava � condi��o de oposi��o ao Planalto. Foi a primeira resposta � den�ncia de ter cobrado propina de US$ 5 milh�es, feita pelo lobista Julio Camargo. A segunda veio na forma do an�ncio de duas novas CPIs para tentar impor mais desgaste ao governo: criou a CPI do BNDES e autorizou a dos Fundos de Pens�o.
O deputado ainda encaminhou of�cio ao deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) e a outros dez "cidad�os" para que refizessem em dez dias, por erro de formata��o, seus pedidos de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff. Hoje (17), via redes sociais, Cunha informou que vai receber "em 30 dias parecer jur�dico sobre pedido de impeachment" de Dilma. A solicita��o foi feita pelo Movimento Brasil Livre (MBL). No Facebook o deputado disse que a avalia��o das contas da presidente "pode custar" seu mandato. "Vou incluir mais uma justificativa no meu requerimento. Semana que vem, apresento ele atualizado", disse Bolsonaro.
Aliados do presidente da C�mara esperam a rejei��o das contas de 2014 de Dilma, a partir de recomenda��o do Tribunal de Contas da Uni�o, o que pode acabar em impeachment por crime de responsabilidade. Na quinta-feira passada, Cunha j� havia dito que o julgamento no Congresso seria pol�tico.
As retalia��es n�o devem parar por a�. Dilma deve enfrentar mais dificuldades para aprovar projetos de interesse do governo na C�mara. Na volta do recesso, deve ver rejeitados projetos como a reforma do ICMS e a repatria��o de recursos no exterior.
O pacote de retalia��es ao governo deve se estender � CPI da Petrobr�s, sob controle de um deputado da "tropa de choque" de Cunha, Hugo Motta (PMDB-PB). Aliados do presidente da C�mara querem aprovar a convoca��o do ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante. Aguardam a divulga��o oficial da dela��o do dono da UTC, Ricardo Pessoa, que disse que o ministro recebeu R$ 250 mil para sua campanha ao governo de S�o Paulo em 2010 e que o dinheiro teria origem no esquema na Petrobr�s. Mercadante nega irregularidades.
Ao longo do dia, o governo tentou amenizar a virul�ncia das declara��es de Cunha. Nos bastidores, por�m, n�o escondeu a tens�o com as falas do peemedebista. Petistas apontaram sinais de enfraquecimento de Cunha como a aus�ncia de aliados, como os l�deres do PMDB, Leonardo Picciani (RJ), e do DEM, Mendon�a Filho (PE), no an�ncio do rompimento com o governo. Apenas cinco parlamentares do "baixo clero" acompanharam Cunha.
Para a oposi��o, o rompimento agrava a crise institucional. "A guerra fria virou guerra total. Haver� destrui��o de parte a parte", disse um l�der oposicionista. Para ele, o vice-l�der do governo, S�lvio Costa (PSC-PE), tentou "apagar inc�ndio jogando gasolina" ao defender o afastamento de Cunha. O governo desautorizou Costa.
Partido
O PMDB deu sinais de divis�o. Para alguns, Cunha furou o sinal ao declarar o rompimento e deu um tiro no p� ao criticar o juiz S�rgio Moro, que comanda a Lava Jato, tido como "paladino da �tica". Para outros, o deputado reagiu na medida e no momento certos, dividindo o notici�rio com as acusa��es contra ele. No PMDB, h� quem argumente que, ao ir para o confronto direto com Dilma e o PT, Cunha mant�m apoio da opini�o p�blica, insatisfeita com a presidente e seu partido.
Tamb�m h� divis�o na bancada quanto ao rompimento. H� quem diga que Cunha ter� a maioria a seu favor, j� que o governo ainda n�o liberou cargos e emendas para os parlamentares. Mas o temor de desgaste pode isolar o parlamentar, sujeito a novas acusa��es e a eventual formaliza��o da den�ncia ao Supremo Tribunal Federal.
Em nota, o PMDB ressaltou que o rompimento � posi��o pessoal de Cunha. Para alguns, o comunicado indica isolamento do presidente da C�mara. Para outros, foi apenas uma nota burocr�tica, j� que o presidente da legenda, Michel Temer, � vice-presidente da Rep�blica e articulador pol�tico do governo. (Daniel Carvalho e Victor Martins)