Bras�lia - O pre�o da crise pol�tica aberta depois que o presidente da C�mara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), anunciou o rompimento com o governo amea�a jogar por terra toda a segunda fase do ajuste fiscal planejado pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, o grande fiador do Planalto diante dos investidores internacionais e das ag�ncias de rating.
Em jogo estavam medidas que restringiam o acesso a benef�cios p�blicos, como o seguro-desemprego e as pens�es por morte, al�m de negocia��es para atenuar medidas explosivas para os cofres p�blicos, como o fim do fator previdenci�rio. Ao final, Levy conseguiu o que queria, apesar de suaviza��es aplicadas pelos parlamentares.
A primeira fase do ajuste seria conclu�da com a aprova��o do projeto de lei que praticamente acaba com a desonera��o da folha de pagamento de 56 setores que, at� aqui, continuam com o benef�cio. A expectativa de Levy era ter o projeto aprovado at� o fim de junho. O Congresso n�o colaborou, num press�gio do cen�rio que, agora, est� instalado em definitivo.
A segunda etapa � mais complexa. Consiste no projeto de repatria��o de dinheiro de brasileiros que foi enviado ilegalmente ao exterior, e na aguardada reforma do ICMS, o principal imposto que financia os governadores. Al�m disso, Levy prepara a unifica��o e simplifica��o de dois dos principais tributos federais, PIS e Cofins, algo que agrada � ind�stria, mas � alvo de cr�ticas do setor de servi�os e da constru��o civil.
Ciente dos riscos, na sexta-feira, no Rio, Levy fez um aceno e afirmou que Cunha "sempre mostrou muita imparcialidade" na condu��o das propostas do ajuste fiscal.
O Congresso tamb�m ter�, entre agosto e setembro, a prerrogativa de decidir o que fazer com as contas de 2014 do governo. Por causa das "pedaladas fiscais", o Tribunal de Contas da Uni�o (TCU) est� diante de uma in�dita reprova��o das contas, que precisa ser avalizada pelo Congresso. Como uma reprova��o nunca ocorreu, as implica��es sobre a pol�tica econ�mica s�o consideradas incertas pela equipe de Levy.
Os obst�culos do atual cen�rio pol�tico se somam a outros passivos do governo Dilma, como a perda de credibilidade entre agentes econ�micos. Aprovar o ajuste, al�m de aposta para retomar o crescimento do PIB, � fundamental para manter o grau de investimento obtido em 2008.
No mercado nacional e estrangeiro, � grande a desconfian�a ap�s as "interven��es", como chamam os economistas de bancos e fundos de investimento, que o governo fez no setor el�trico, no mercado de c�mbio e na taxa de juros, entre outros. O mercado e as ag�ncias t�m avaliado o "Plano Levy" em relat�rios oficiais como a chance de o governo evitar quedas em sua nota de cr�dito. Resta ver como ser� definido o "fator Cunha".