Bras�lia, 19 - A crise em torno de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) preocupa o PSDB e obriga seus principais l�deres a rever os estrategemas montados at� agora com objetivo de substituir Dilma Rousseff na Presid�ncia. Se, de um lado, a instala��o - determinada pelo presidente da C�mara - de mais duas CPIs para investigar o governo federal ajuda a oposi��o, de outro, um eventual enfraquecimento do peemedebista pode tirar dos tucanos seu maior ardil institucional contra a presidente da Rep�blica.
No comando da C�mara dos Deputados, Cunha sempre funcionou para os tucanos como um posto avan�ado de desgaste para a presidente e, agindo dessa forma, se tornou pe�a essencial da muni��o da oposi��o contra Dilma e o PT. Se ele deixar o cargo ou permanecer nele com um poder esqu�lido, os tucanos e seus aliados na oposi��o ter�o de redesenhar os projetos de voltar ao Planalto.
Segundo l�deres do PSDB consultados pelo jornal O Estado de S. Paulo, todos os interesses do partido passam, de alguma maneira, por Eduardo Cunha. Por isso, os tucanos v�o aguardar os desdobramentos da crise desencada na �ltima quinta-feira com o depoimento do lobista Julio Camargo, que acusa Cunha de ter cobrado US$ 5 milh�es de propina. O efeito imediato foi uma aproxima��o dele com a oposi��o, o que resultou na cria��o das CPIs do BNDES e dos Fundos de Pens�o, duas antigas bandeiras dos tucanos.
"O caminho da oposi��o depende muito do que Eduardo Cunha far�. Ser�o tr�s CPIs funcionando (com a da Petrobras) contra Dilma e mais uma frente no Tribunal de Contas da Uni�o. Neste momento, Cunha d� for�a para a oposi��o", afirma o deputado federal Silivo Torres (SP), secret�rio-geral do PSDB nacional.
No longo prazo, no entanto, o desfecho da crise deve influenciar na divis�o de for�as dentro do PSDB. Se Cunha cair ou permenecer no poder sem for�a para levar adiante o �mpechment de Dilma, o grupo na legenda comandado pelo senador A�cio Neves (MG) ganhar� argumentos para sua tese que defende a cassa��o da candidatura da presidente no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), encampada na conven��o nacional do partido. Por essa via, o vice-presidente da Rep�blica Michel Temer (PMDB) tamb�m poderia ser atingido, o que acarretaria na convoca��o de novas elei��es. Conforme o Ibope, A�cio � o l�der da mais recente pesquisa de inten��o de voto para presidente.
Para o grupo do PSDB reunido em torno do governador de S�o Paulo, Geraldo Alckmin, Cunha funcionou at� agora como o maior entrave para que o segundo mandato de Dilma tenha alguma chance de decolar, e os entusiastas da candidatura Alckmin a presidente em 2018 esperam que Dilma permane�a desgastada no poder at� l�.
H� tamb�m uma esp�cie de "terceira via" em curso dentro da oposi��o e ela passa diretamente pelo poder de Cunha e de Temer. No PSDB, aliados do senador Jos� Serra (SP) se movimentam para que o vice-presidente assuma o lugar de Dilma Rousseff e contemple a oposi��o na forma��o de uma nova coaliz�o governista, nos moldes da que sustentou Itamar Franco (morto em 2011) quando Fernando Collor sofreu impeachment. Serra teria papel fundamental nesse cen�rio, seja como ministro e candidato de Temer em 2018, ou at� mesmo como primeiro-ministro, caso avance, com apoio de um novo governo, o projeto que reestabelece o parlamentarismo.
Nesse estratagema, Cunha tem de levar adiante a subtitui��o de Dilma na C�mara ap�s uma poss�vel rejei��o das contas da gest�o da presidente no Tribunal de Contas da Uni�o (TCU) e no Congresso. Anteontem, Cunha tamb�m deu sinal verde para que avancem na C�mara pedidos de impeachment da presidente. Se ela for deposta por uma dessas vias, Temer estaria desimpedido para assumir. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.