Bras�lia, 24 - Representantes da dire��o nacional do PSDB e lideran�as do partido no Congresso recha�aram a proposta de aproxima��o feita por integrantes da c�pula do PT e do Pal�cio do Planalto neste momento de aprofundamento das crises econ�mica e pol�tica. Na avalia��o de diferentes setores do PSDB, n�o h� raz�o pol�tica para os tucanos iniciarem um dialogo com os petistas, diante do hist�rico de embates eleitorais.
Pessoas pr�ximas ao ex-presidente Lula procuraram o antecessor, Fernando Henrique Cardoso, para propor uma conversa sobre a atual crise pol�tica. Entre os temas do encontro estaria a discuss�o em torno de um poss�vel processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff. A tentativa de aproxima��o foi revelada pela "Folha de S.Paulo".
"Esse tipo de iniciativa � consequ�ncia do momento que eles est�o vivendo, de fase terminal. � absoluto desespero. Na quest�o pol�tica, n�o temos nenhuma raz�o para esticarmos a m�o", ressaltou o vice-presidente do PSDB, Alberto Goldman. O presidente estadual do PSDB em Minas Gerais, deputado Marcus Pestana, um dos principais aliados do presidente nacional da legenda, senador A�cio Neves (MG), considerou as investidas dos advers�rios com um "teatro".
"Neste momento, falar em di�logo, algo que nunca houve? � um teatro, um factoide para tentar sair das cordas", disparou Pestana. "Esse tipo de iniciativa � uma mistura de desespero e cinismo. Lula se acha esperto e est� tentando socializar a crise, mas ela � totalmente deles. Nos 'inclua' fora dessa", acrescentou o mineiro.
Para o dirigente, a rea��o de FHC de ter informado que o ex-presidente Lula n�o precisaria de interlocutores para marcar um encontro foi apenas um "gesto educado". "Ele � um estadista, mas na verdade o sentimento � de que quem pariu Mateus, que o embale", disse. As rea��es dos tucanos tamb�m foram expressas num artigo publicado hoje pelo Instituto Teot�nio Vilela, �rg�o de estudos e forma��o pol�tica do PSDB. "Foram anos em que o PT reiteradamente provocou o embate, estimulou a divis�o, recusou a opini�o cr�tica (qualquer uma), atacou institui��es e transformou advers�rios em inimigos. Agora, quando o calo aperta de vez, a postura muda num passe de m�gica. Ser�?", questiona trecho do texto.
Embora uma primeira ofensiva da aproxima��o entre Lula e FHC tenha sido frustrada, o ministro-chefe da Secretaria de Comunica��o Social, Edinho Silva, o advogado Sigmaringa Seixas, os ex-ministros Nelson Jobim e Antonio Palocci e o l�der do governo no Senado, Delc�dio Amaral (PT-MS), s�o os "patronos" da nova tentativa. "O momento � de trazer para a mesa de di�logo pessoas com experi�ncia, sabedoria e equil�brio", afirmou Delc�dio. "Temos de deixar os enfrentamentos pol�ticos de lado e cuidar do Brasil".
As primeiras conversas para p�r de p� o "pacto pela governabilidade" ocorreram no in�cio de mar�o, pouco antes dos protestos contra a presidente Dilma, que v� com simpatia a tentativa de aproxima��o com Fernando Henrique, at� mesmo pelo simbolismo do encontro. � �poca, o ministro da Justi�a, Jos� Eduardo Cardozo, apelidado no PT de "pelicano" -- o mais petista dos tucanos --, conversou com o ex-presidente.
Diante do ass�dio de outros governistas, por�m, Fernando Henrique divulgou uma nota. "O momento n�o � para a busca de aproxima��es com o governo, mas sim com o povo. (...) Qualquer conversa n�o p�blica com o governo pareceria conchavo na tentativa de salvar o que n�o deve ser salvo", escreveu ele. Dias depois, em entrevista ao Estado, Fernando Henrique disse n�o ter nada a tratar com Lula. "Ele quer � acusar. Ele � o bom, n�s somos os maus. Ent�o, n�o h� como dialogar com quem n�o quer dialogar", argumentou o tucano.