Rio de Janeiro - A ex-ministra do Supremo Tribunal Federal Ellen Gracie foi convocada pela Eletrobras para integrar a comiss�o independente que acompanhar� as investiga��es do escrit�rio internacional Hogan Lovells sobre poss�veis irregularidades em obras das quais a estatal � acionista.
A jurista j� faz parte de um comit� semelhante instaurado na Petrobras em dezembro para tentar reverter a crise de reputa��o da companhia e monitorar a apura��o conduzida por dois escrit�rios de advocacia contratados para avaliar o tamanho do rombo causado � petroleira pelo superfaturamento de projetos.
O outro convidado a compor a comiss�o foi o advogado e ex-diretor da Comiss�o de Valores Mobili�rios (CVM), Durval Soledade, que dever� olhar com lupa quest�es ligadas ao cumprimento da legisla��o societ�ria pela empresa. O terceiro nome da Comiss�o Independente para Gest�o da Investiga��o ser� um conselheiro representante dos acionistas minorit�rios. As indica��es devem ser referendadas amanh� pelo conselho de administra��o.
O grupo buscar� atender as exig�ncias da auditoria externa das contas do grupo, a KPMG. Segundo fontes, a empresa foi quem pediu o afastamento do presidente licenciado da Eletronuclear, Othon Pinheiro da Silva, preso na ter�a-feira na 16ª fase da Opera��o Lava Jato. H� rumores de que a auditoria pretende afastar outros dois executivos do grupo citados em dela��es na Lava Jato: o diretor de gera��o da Eletrobras, Valter Luiz Cardeal de Souza, e o diretor de Planejamento e Engenharia da Eletronorte, Adhemar Palocci, irm�o do ex-ministro da Fazenda, Antonio Palocci.
Em nota a KPMG no Brasil informou que, por motivos de cl�usulas de confidencialidade que regem a profiss�o de auditor, est� impedida de se manifestar. A comiss�o independente ter� cerca de 60 dias para informar suas conclus�es de maneira que a Eletrobras consiga apresentar seu balan�o auditado e arquivar o relat�rio 20-F - que traz um raio X das opera��es das companhias abertas - na Securities and Exchange Comission (SEC), o �rg�o regulador do mercado de capitais dos EUA, onde a Eletrobras tem a��es negociadas. O prazo, entretanto, seria considerado ex�guo pelos indicados.
O documento n�o p�de ser arquivado porque a auditora independente KPMG se recusou a assinar o balan�o financeiro de 2014 da Eletrobras, em decorr�ncia das den�ncias de poss�veis irregularidades em Angra 3.
Em abril, surgiram as primeiras not�cias sobre o depoimento do ex-dirigente da Camargo Corr�a, Dalton Avancini, em dela��o premiada.
Ele mencionava um poss�vel envolvimento de Othon Pinheiro da Silva em esquema de propinas na usina. O epis�dio levou a KPMG a exigir o afastamento do presidente da Eletronuclear, que pediu licen�a do cargo. O procedimento foi o mesmo adotado pela PricewaterhouseCoopers, auditora da Petrobras, em rela��o ao ent�o presidente da Transpetro, S�rgio Machado. Citado em dela��o premiada pelo ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, ele se licenciou em novembro.