Bras�lia, 03 - Com o objetivo de atender a apelos pelo enxugamento da m�quina e redu��o de gastos p�blicos, a presidente Dilma Rousseff decidiu dar aval a um corte no n�mero de minist�rios - atualmente, o governo conta com 38 ministros. Conforme o jornal "O Estado de S. Paulo" revelou em mar�o, Dilma encomendou um estudo sobre a redu��o de pastas. Desde ent�o, a discuss�o ganhou corpo no Pal�cio do Planalto, que pretende poupar do novo desenho os minist�rios da �rea social, ligados a movimentos identificados com o PT.
Pesca e Aquicultura e Gabinete de Seguran�a Institucional (GSI), al�m das secretarias de Assuntos Estrat�gicos, Portos e da Micro e Pequena Empresa, podem ser extintos ou fundidos com outras pastas, segundo integrantes do governo ouvidos pela reportagem. Por outro lado, as secretarias de Igualdade Racial, Mulheres e Direitos Humanos ser�o preservadas para n�o irritar a milit�ncia de movimentos sociais que ainda apoiam o governo. O novo organograma ainda est� em discuss�o.
Auxiliares palacianos, no entanto, divergem sobre o "timing" do an�ncio da reforma, em um momento em que o governo tenta pacificar a base, reduzir as tens�es no Congresso e garantir a aprova��o das medidas do ajuste fiscal. Partidos da base aliada perderiam cargos e influ�ncia nas decis�es do governo com o enxugamento da m�quina.
Na �poca em que Gleisi Hoffmann (PT-PR) comandava a Casa Civil (2011 a 2014), o Planalto j� havia encomendado um estudo de redu��o de minist�rios, mas com receios da repercuss�o entre movimentos sociais, a proposta n�o foi levada adiante. Prevaleceu a percep��o de que secretarias como Direitos Humanos e Igualdade Racial carregavam uma import�ncia simb�lica, al�m de terem um impacto irris�rio na redu��o de custos.
"O principal sinal, agora, � o de modernizar a gest�o. Um governo desse tamanho, com muita gente e muita coisa para lidar, n�o est� funcionando", disse um ministro do governo.
Mudan�a
O corte de minist�rios marca uma mudan�a de posi��o da presidente, que criticava a proposta, defendida pelo candidato tucano A�cio Neves (MG), na campanha presidencial do ano passado. Em entrevista ao Programa do J�, em junho, Dilma sinalizou a inten��o de ter um primeiro escal�o mais enxuto. "Cada ministro tem um papel. Criticam muito porque n�s temos muitos minist�rios. Acho que teremos de ter menos minist�rios no futuro", reconheceu, ao ser questionada se sabia de cor o nome de todos os ministros do governo.
A redu��o de pastas � cobrada publicamente pelos presidentes da C�mara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), como gesto do governo num contexto em que tenta aprovar uma s�rie de propostas impopulares no Congresso, que aumentam impostos e restringem o acesso a benef�cios. Os dois foram os principais articuladores de derrotas do Planalto no primeiro semestre.
Dilma se re�ne nesta segunda-feira, 3, no Pal�cio da Alvorada, com l�deres e presidentes dos partidos da base aliada, o chamado conselho pol�tico, em mais um esfor�o para alinhar sua base no Congresso e garantir a governabilidade. Pedir� compromisso com a responsabilidade fiscal, apoio para aprovar medidas de interesse do governo e desarmar bombas fiscais, num movimento similar ao feito na semana passada durante reuni�o com governadores de todo o Pa�s.
Retorno
Ap�s duas semanas de recesso, o Congresso volta �s atividades nesta segunda-feira, 3, com a previs�o de votar uma "pauta-bomba" recheada de projetos que aumentam despesas e causam constrangimentos ao Planalto. Infernal, catastr�fico e desastroso s�o alguns dos adjetivos utilizados por l�deres partid�rios para definir o semestre legislativo que se inicia.
Sob o comando de Cunha, rec�m-rompido com o Planalto, a C�mara avaliar� pedidos de impeachment da presidente, iniciar� CPIs e promete convocar integrantes do alto escal�o do governo a dar explica��es sobre o esc�ndalo de corrup��o na Petrobr�s. Agora advers�rio assumido, Cunha � a principal fonte de preocupa��o do governo. O Planalto tenta negociar com os l�deres partid�rios para minimizar a crise entre os Poderes e aposta, nos bastidores, num enfraquecimento do presidente da C�mara ante � perspectiva de que a Procuradoria-Geral da Rep�blica apresente den�ncia contra ele no �mbito da Lava Jato.
"N�o tem essa de criar um monstro na rela��o entre Cunha e o Pal�cio. Vamos ter um clima de di�logo. N�o vamos fomentar a crise com Eduardo Cunha", disse o l�der do governo, Jos� Guimar�es (PT-CE). (Rafael Moraes Moura, Daniel Carvalho, Murilo Rodrigues Alves, Daiene Cardoso, Rachel Gamarski e Sandra Manfrin) As informa��es s�o do jornal
O Estado de S. Paulo.