
Bras�lia - O governo avalia que a pris�o do ex-ministro da Casa Civil Jos� Dirceu acirra mais os �nimos contra o PT e a presidente Dilma Rousseff e aumenta o clima de beliger�ncia no Pa�s num momento crucial, em que ela precisa de apoio para enfrentar a press�o dos que querem o impeachment. Auxiliares de Dilma temem que a investiga��o atinja o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva, mesmo sem provas concretas.
O assunto foi tratado em conversas reservadas entre ministros, na segunda-feira, 3, antes da reuni�o de coordena��o pol�tica. A ordem no Planalto � proteger Dilma do novo esc�ndalo, que tem potencial para dar muni��o aos protestos marcados para o dia 16, em todo o Pa�s, contra o governo e a corrup��o.
A pris�o de Dirceu na 17.ª fase da Opera��o Lava Jato, batizada de Pixuleco, tamb�m provocou preocupa��o na c�pula do PT. Dirigentes da corrente majorit�ria Construindo um Novo Brasil, de Lula e Dirceu, discutiram os desdobramentos da crise na segunda-feira, em Bras�lia, e nesta ter�a-feira, 4, haver� reuni�o da Executiva Nacional. Petistas receberam informa��es de que integrantes da Pol�cia Federal e do Minist�rio P�blico estariam dizendo aos presos: "Se voc� entregar o Lula, sair� rapidinho."
Em nota, o presidente do PT, Rui Falc�o, refutou as acusa��es de que o partido teria realizado opera��es financeiras ilegais ou participado do esquema de corrup��o na Petrobras, conforme relato no acordo de dela��o premiada feito pelo lobista Milton Pascowitch. A nota n�o cita Dirceu. Pascowitch acusou o ex-ministro de comandar o desvio de recursos na estatal e disse ter entregue R$ 10,5 milh�es na sede do PT, em S�o Paulo.
Berlinda
A investiga��o da PF joga novamente os holofotes sobre o PT, dez anos depois do esc�ndalo do mensal�o. Agora, o receio do Planalto e do partido � de que novas dela��es compliquem mais o cen�rio pol�tico. Dirceu foi homem forte do PT e do governo Lula e ainda tem influ�ncia sobre a legenda. "A Pol�cia Federal e o juiz S�rgio Moro n�o deixam a gente entrar na agenda positiva", disse um ministro ao Estado.
Na semana passada, o governo achava que o rein�cio dos trabalhos do Congresso seria dif�cil, principalmente por causa do presidente da C�mara, Eduardo Cunha (PMDB), que rompeu com Dilma e tem o nome envolvido na Lava Jato. Assessores da presidente acreditavam, por�m, que a den�ncia contra Cunha - acusado pelo lobista J�lio Camargo de cobrar propina de US$ 5 milh�es - poderia desviar o foco da press�o sobre Dilma.
Agora, o diagn�stico � de que tudo vai piorar. Amigos de Dirceu disseram ao jornal "O Estado de S. Paulo" que ele esperava a pris�o e, por isso, est� "tranquilo". Apesar de magoado com Dilma e com Lula, sob alega��o de que n�o o teriam defendido, o ex-ministro n�o pretende apontar o dedo para ningu�m.
O ministro da Defesa, Jaques Wagner, disse que o esfor�o do governo � evitar que os problemas na pol�tica contaminem a economia. "A gente dorme e acorda com uma not�cia dessas. Do ponto de vista do ambiente de neg�cios, essa � a preocupa��o, porque precisamos ter estabilidade. As investiga��es seguem e o Pa�s tamb�m segue, com suas empresas e a economia funcionando."
Irritado com acusa��es da oposi��o, que tentaram associar Dirceu a Lula e Dilma, o senador Jorge Viana (PT-AC) partiu para o ataque. "A oposi��o est� num papel muito apequenado e n�o aguenta nem meia Lava Jato", reagiu. "Por que se apura a a��o de algumas figuras e de alguns partidos e n�o se apura de outros? � um jogo de cartas marcadas?"