
Ant�nio Dias – Os motoristas que passam por Ant�nio Dias, na Regi�o Leste de Minas Gerais, podem ver a poucos metros da BR-381 a �nica etapa conclu�da at� agora da duplica��o da rodovia: dois t�neis de 1,2 quil�metros de extens�o que v�o alterar o tra�ado sinuoso da estrada. A melhoria que garantir� mais seguran�a para quem passa pelo local, no entanto, vai demorar a ser liberada. O motivo � que os novos t�neis fazem parte do lote 3 da duplica��o da rodovia e, para serem usados, dependem das obras nos lotes 2 e 4, que n�o sa�ram do papel. Esses dois lotes, que s�o a continuidade da rodovia nos dois lados dos t�neis, s�o de responsabilidade do cons�rcio Isolux/Engevix. As empreiteiras j� desistiram das a��es no lote 2 e ainda n�o come�aram a mexer no lote 4. Se as obras n�o forem retomadas, os t�neis correm o risco de se tornar mais um s�mbolo de desperd�cio do dinheiro p�blico.
Moradores da �rea rural vizinhos aos t�neis de Ant�nio Dias alertaram que ap�s a conclus�o das obras o local se tornou um ponto de usu�rios de drogas e motoristas que usavam o lugar escuro para fazer sexo. A construtora respons�vel, JDantas, instalou cercas com arames farpados para evitar que ocorram invas�es nas duas entradas dos t�neis. “Ainda bem que j� fecharam, porque ir�amos come�ar a ter confus�es no local. Resta saber por quanto tempo essa obra ficar� inutilizada”, questiona o produtor rural Wilson Assis, que tem s�tio na regi�o. Ele afirma que as explos�es para as perfura��es nas montanhas fizeram com que uma nascente em seu s�tio desaparecesse.
O abandono das obras j� conclu�das � uma das preocupa��es da ju�za federal Dayse Starling Motta, coordenadora do Programa de Concilia��o da BR-381/Norte, que espera uma solu��o r�pida do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) para as a��es no lote 2, entre Jaguara�u e Belo Oriente – trecho abandonado pela Isolux. “Uma obra paralisada, sem manuten��o, acaba se deteriorando. Por isso h� uma preocupa��o da Justi�a para que ela tenha continuidade e a execu��o siga um cronograma real”, explica a magistrada. Na quinta-feira, a Justi�a Federal receber� representantes do cons�rcio Isolux/Engevix e do Dnit para discutir os pr�ximos passos a serem tomados nos lotes devolvidos pelo cons�rcio ao �rg�o federal.

Cemit�rio de obras
A retomada da duplica��o na BR-381 impedir� um cen�rio comum em v�rias regi�es de Minas, em que obras iniciadas s�o abandonadas e representam um claro desperd�cio de dinheiro p�blico. Em Minas Novas, no Vale do Jequitinhonha, uma ponte constru�da em 2004 pelo DER-MG escancara o descaso com o dinheiro de contribuintes. Constru�da sobre o Rio Fanado, ela seria alternativa para retirar o tr�fego pesado de caminh�es e carretas da �rea urbana do munic�pio. No entanto, um aterro que deveria ter sido feito no entorno da ponte n�o foi conclu�do e a obra que custou R$ 3,5 milh�es segue abandonada h� mais de uma d�cada.
Na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte, os motoristas que passam pela divisa com Sabar� tamb�m podem ver um caso de desperd�cio. Os t�neis e pilares de viadutos constru�dos na d�cada de 1970 para a Ferrovia do A�o nunca foram usados e permanecem abandonados h� quatro d�cadas. A obra foi parte de um projeto anunciado no regime militar, que ligaria a Regi�o Central de Minas ao Rio de Janeiro e S�o Paulo. A falta de um projeto definitivo e de recursos para a execu��o do empreendimento fizeram com que o ritmo das obras ca�sse ano a ano, at� que no in�cio dos anos 1980 a ferrovia foi completamente abandonada. Esses s�o apenas dois, entre os mais de 160 casos de obras totalmente abandonadas no estado, segundo levantamento feito em 2013 pelo Tribunal de Contas da Uni�o (TCU).
