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Estado de Minas

Jarbas Vasconcelos: Eduardo Cunha "n�o tem mais condi��es �ticas e morais"

Deputado Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) considera que presidente Dilma Rousseff n�o tem mais "cr�dito" para permanecer no cargo


postado em 10/08/2015 10:17 / atualizado em 10/08/2015 10:29

Deputado federal Jarbas Vasconcelos (PMDB) viveu de perto os últimos 45 anos da cena política nacional(foto: Câmara dos Deputados/Divulgação)
Deputado federal Jarbas Vasconcelos (PMDB) viveu de perto os �ltimos 45 anos da cena pol�tica nacional (foto: C�mara dos Deputados/Divulga��o)
Do alto da experi�ncia de quem presidiu o PMDB na primeira elei��o direta p�s-ditadura, governou Pernambuco, um dos estados mais politizados do pa�s, e viveu de perto os �ltimos 45 anos da cena pol�tica nacional, o deputado Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) considera que a presidente Dilma Rousseff n�o tem mais “cr�dito” para permanecer no cargo, mas tamb�m n�o v� condi��es de o presidente da C�mara, Eduardo Cunha, levar adiante qualquer processo contra a presidente. “Ele n�o tem mais condi��es �ticas, morais, pol�ticas, sobretudo, pol�ticas, de negociar coisa nenhuma. Nem a pauta da Casa, quanto mais o impeachment”, diz. A seguir, os principais trechos da entrevista.

Que avalia��o o senhor faz do momento pol�tico que vive o pa�s?
Muito grave. J� era no primeiro semestre. A gente retorna agora e encontra mais grave ainda. Crise pol�tica, crise econ�mica, crise social. Pris�o de Jos� Dirceu pela segunda vez. No direito penal, isso tem uma tipifica��o, crime continuado. Tudo isso se junta a um per�odo de desgaste que houve aqui na C�mara. A impress�o que ficou (no primeiro semestre) � que foi muito produtiva. N�o � verdade. Aqui, se voltou a trabalhar, mas de forma atabalhoada, a�odada, apressada, se discutindo mat�rias como terceiriza��o, maioridade penal, reforma pol�tica de afogadilho.

Como assim?
Voc� n�o pode discutir maioridade penal, por exemplo, que qualquer um dos lados tem elementos suficientes para levar o debate a s�rio, e votar isso numa tarde, numa noite. O debate aqui desapareceu. Ficamos sujeitos � vontade, � determina��o e ao autoritarismo do presidente da Casa. Agora, surge o presidente da Casa com den�ncias grav�ssimas, um empres�rio, num depoimento televisionado, diz que ele (Cunha) pediu 5 milh�es de d�lares. H� informa��es de que o Minist�rio P�blico, atrav�s do Janot, vai incrimin�-lo com outras coisas. E a�, como a C�mara vai ficar em agosto e em setembro? Ele n�o tem mais condi��es �ticas, morais, pol�ticas, sobretudo, pol�ticas, de negociar coisa nenhuma. Nem a pauta da Casa, quanto mais o impeachment.

Mas ele recebeu o apoio de quase todos os l�deres…
Ele � muito arguto, est� atr�s desse apoio. A pris�o de Jos� Dirceu o tirou o Cunha de foco. Ele acredita que ficar� fora de foco permanentemente. Isso � moment�neo. Daqui a pouco, tudo volta � tona. Portanto, essa coisa do col�gio de l�deres, para mim, n�o tem significado maior. Isso pode mudar hoje � noite, amanh� de manh�. Foi epis�dico. Venho de uma cidade que considero a mais politizada do pa�s, Recife, onde se respira pol�tica de manh�, de tarde e de noite. Fui questionado em todos os lugares sobre impeachment, Eduardo Cunha, maioridade. Do Rio Grande Sul ao Acre, quem chegou aqui trouxe o clamor das bases, que vir� dia 16.

Qual era o clamor maior?

O volume contra o governo e contra o PT � bem maior. O processo de desgaste (do governo) � maior, mais longo e mais profundo. Ele (Eduardo Cunha) passou uma mensagem de trabalho. A C�mara voltou realmente a trabalhar, � indiscut�vel, mas da forma atabalhoada como j� mencionei. Que necessidade se tem de votar aqui at� meia-noite? Estou parado agora (15h) porque a Ordem do Dia come�a �s 16h, mas n�o come�a. Ocorre bem mais tarde para passar uma falsa imagem � opini�o p�blica de que est� trabalhando.

O senhor acha que falta qualidade no debate?
Muita! A reforma pol�tica que foi aprovada aqui � uma piada de mau gosto. Como aprova hoje uma reforma pol�tica sem dois dados fundamentais? Duas coisas simples: impedir a coliga��o em elei��o proporcional e estabelecer uma cl�usula de desempenho, tirar o nome de cl�usula de barreira. O povo n�o entende de voto isso, aquilo, mas entende que tem que acabar com essa hist�ria de votar em Jos� e eleger Manoel. Isso n�o d� mais para continuar, e n�o existe em quase lugar nenhum do mundo. Existe coliga��o para elei��o majorit�ria, Executivo, mas n�o para elei��o proporcional. Todos os pa�ses s�rios t�m uma cl�usula de desempenho que vai de 2% a 5%. Aqui, basta eleger um parlamentar. Era melhor nem ter, � uma engana��o. Deveriam ser, pelo menos, 5%, sen�o vai continuar com essas legendas aqui vendendo tempo de televis�o, barganhando, pressionando o governo.

O senhor vive a pol�tica h� 45 anos, j� foi aliado da esquerda, do PFL, certa vez disse que havia perdido a utopia, era advers�rio de Miguel Arraes…
Aprendi com ele a fazer alian�a com a direita. Ele se elegeu tr�s vezes governador fazendo alian�a com a direita. Eu fiz uma, com o DEM (PFL). Ele fez tr�s vezes, e, quando eu fiz, ele disse que eu estava no caminho da perdi��o.

O senhor j� foi aliado do PT?
N�o, n�o fa�a isso comigo! Nunca fui PT. Votei em Lula para n�o votar em Collor, em 1989. Votei em Dr. Ulysses. Perdemos a elei��o. (Orestes) Qu�rcia queria levar o partido a apoiar Collor, fiquei divergente e apoiei Lula. Lula foi para o palanque no Recife conduzido por mim e por Arraes. Foi apoio por exclus�o.

Por que o senhor, sendo de esquerda, n�o teve o per�odo de apoio ao PT como a maioria?
Sempre tive ojeriza, na pol�tica e fora dela, a pessoas donas da verdade. O PT foi fundado e viveu a vida inteira, menos agora nesse per�odo turbulento, dono da verdade. S� quem tinha cora��o era o PT, s� quem tinha �tica era o PT, s� quem fazia as coisas certas era o PT. Deu no que deu. Nunca quis alian�a com o PT, porque um dia ia dar errado. Cheguei ao Senado, para tomar posse, em 1º de fevereiro de 2007 e sempre enfrentei isso. Como governador, nunca me aliei com Lula. Ele me convocou v�rias vezes para ajudar na coordena��o do PMDB, eu disse que n�o entrava nessa porque era dissidente da c�pula do partido. Nunca tive alinhamento com o PT.

O senhor se arrependeu de vir para a C�mara? Ou do voto em Eduardo Cunha?

N�o, me arrependeria se estivesse em casa, por pior que seja. Na elei��o aqui, se formou o quadro de que o candidato do PSB n�o ganhava, decidi votar em Eduardo Cunha. Sabia quem era, n�o sabia que o grau de degenera��o chegasse a esse ponto. N�o me arrependo do que fiz. Eu me arrependo do que deixei de fazer.

Por exemplo?

Deixar de disputar a reelei��o para governador, que eu n�o queria. Deveria ter insistido em n�o ser candidato. Tinha feito um bom mandato. Votei a favor da extin��o da reelei��o por causa disso. N�o se faz a regulamenta��o da reelei��o e voc� fica dentro do pal�cio, prefeito, governador ou presidente da Rep�blica, manipulando as coisas. No epis�dio da minha reelei��o, em 2002, descia para ir ao interior e o chefe da Casa Militar, que tinha dois carros, perguntava qual era o da campanha. � uma promiscuidade ser candidato no exerc�cio. Se mantiver a reelei��o, a pessoa tem que se afastar 60 dias antes e voltar imediatamente depois, ganhando ou perdendo.

Mas a reelei��o n�o fez bem para o Brasil?

Fez, o mandato de 4 anos � pequeno. Mas houve muita podrid�o, sobretudo na �rea municipal. Deveria ter vindo gradual, primeiro para presidente da Rep�blica, e, numa outra elei��o, para governador, e, depois para prefeito. A experi�ncia � positiva, mas ningu�m quer regulamentar. Vi Dilma dando entrevistas. Entrei com um projeto depois, proibindo presidente, governador e prefeito de dar entrevista em pr�dio p�blico, para n�o fazer o que Dilma fez no Pal�cio do Planalto e no Alvorada. Coletivas, receber imprensa. Por que ela n�o vai � bancada do Jornal Nacional? Por que s� Eduardo e A�cio tiveram que ir e ela n�o? Tem que ser condi��es iguais.

O senhor v� algum paralelo entre o que Dilma vive agora e o que Collor viveu?
N�o, n�o tem paralelo. O pa�s n�o chegou �quele n�vel l� de tr�s, a coisa do PC Farias, a corrup��o do Collor. Mas Collor tinha uma agenda, bem ou mal, fez a abertura da economia. Foi um passo importante. Mas Collor era um aventureiro, Dilma n�o �. Collor n�o tinha um partido. Dilma tem. No fundo do po�o, mas tem um partido. S�o situa��es diferentes. Mas, na �poca de Collor, n�o chegou ao ponto de que se chegou agora, de uma economia completamente exaurida. Passar a imagem que Dilma �s vezes passa de que a crise � passageira, que a gente vai sair com brevidade, � mentira. Ela est� mentindo mais uma vez.

J� tem peemedebista propondo que Michel Temer promova um pacto de transi��o para 2016 e 2017, mantendo a presidente Dilma Rousseff no cargo…
Tem que saber o que � isso, mas com ela? N�o. Ela (Dilma) n�o tem mais nenhum cr�dito. � malhar em ferro frio. Ela chegou ao fundo do po�o, n�o vai tomar atitude. Ela n�o toma atitude de deixar, de chamar para negociar, ela n�o tem forma��o para isso, a forma��o dela n�o permite isso. Michel tamb�m n�o pode mais assumir miss�es como assumiu a �ltima, de ser coordenador pol�tico. Vivemos um momento de muita gravidade e � preciso saber o que vai acontecer no Brasil. Nem o empresariado vai aguentar, sobretudo o paulista, que � o carro-chefe, nem as donas de casa, o trabalhador.

Tendo um afastamento de Dilma e um governo Michel Temer, como o senhor avalia?
Temer tem credenciais que ajudam. � uma pessoa que n�o h� nada contra ele, � do di�logo, � do ramo. Se ser� bom ou ruim n�o sei. Mas ele tem credenciais que o ajudam neste momento de crise. Estou � vontade para dizer isso porque n�o sou aliado dele, n�o queria que fosse vice. Estamos diante de um portal e um processo muito rico pela frente. O pa�s sair� bem. N�o ser� passageiro. Todo o processo tem seu tempo.


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