
Alvo de pelos menos duas opera��es policiais, que o levaram � pris�o, o ex-prefeito profissional v� agora o cerco se fechar sobre o seu patrim�nio milion�rio. O juiz da 2ª Vara C�vel de Pirapora, Anderson F�bio Nogueira, determinou o confisco e o bloqueio de parte dos bens que Warmillon tentou ocultar em nome de laranjas, A mordida da Justi�a � para garantir o pagamento de multa de mais de R$ 9 milh�es caso ele seja condenado em mais esse processo de improbidade administrativa, o que significa tr�s vezes um patrim�nio de R$ 3,3 milh�es que ele deixou de declarar � Justi�a Eleitoral e ao fisco.
O sequestro e bloqueio dos bens inclui um posto de gasolina, restaurante, duas contas banc�rias no Banco do Brasil, casas e um apartamento e ainda a interven��o judicial em uma de suas r�dios. A multa inclui ainda colaboradores de Warmillon na oculta��o do patrim�nio e lavagem de dinheiro, como a mulher dele, Marcella Machado Ribas Fonseca, a irm�, Veronice Fonseca Braga de Carvalho, a sobrinha Anne Fonseca Braga de Carvalho e o empres�rio Victor de S� Motta Pinheiro. Veronice e a filha Anne seriam as donas de parte significativa dos bens confiscados. Al�m deles, foram inclu�dos como r�us a emissora Sistema Bel Rio de Radiodifus�o Ltda. (102 FM) e o Posto Vila Pirapora Ltda.. A multa total, portanto, pode passar de R$ 18,43 milh�es.
Rastros Apesar das reiteradas movimenta��es para o desvio dos cofres p�blicos, os “arranjos” de Warmillon para blindagem de seu patrim�nio deixaram “rastros” que foram perseguidos pelo Minist�rio P�blico (MP) estadual. Segundo a a��o, em 2004, quando candidato a prefeito de Pirapora, ele declarou � Justi�a Eleitoral bens no valor total de R$ 38,6 milh�es. No entanto, no mesmo ano, � Receita Federal, os n�meros foram mais m�dicos: R$ 295,4 mil. A discrep�ncia chama a aten��o, mas o erro no esquema de lavagem montado pelo pol�tico foi a aus�ncia de declara��o de sua sobrinha, � Receita, dos bens que estavam em seu nome, assim como os valores em suas duas contas do Banco do Brasil, movimentadas, na verdade, por Warmillon.
“Relat�rio fiscal, enviado pela Receita Federal ao Minist�rio P�blico por ordem judicial, cont�m informa��es que demonstram a confus�o patrimonial entre os investigados Warmillon, Anne e Veronice. Veronice foi autuada pela Receita por movimenta��o financeira incompat�vel com seus rendimentos e Anne por evolu��o patrimonial incompat�vel”, relata trecho da a��o. Segundo o MP, � �poca, os rendimentos da irm� e sobrinha eram provenientes da atividade rural da fazenda do pol�tico, que teria sido arrendada por Anne e era administrada por Veronice. E n�o fica s� nisso. Chamou a aten��o dos investigadores tamb�m a grande remessa de valores de Anne para Marcella, mulher do ex-prefeito. Somente em 2009, os cr�ditos atingiram 12,5 vezes o valor declarado. E mais. Os dep�sitos na conta eram sacados, �s vezes no mesmo dia e nos mesmos valores.
Lava-Jato N�o s�o somente os vultosos valores movimentados por Warmillon que fazem lembrar os desvios dos cofres da Petrobras, revelados na Lava-Jato. O esquema de pagamento de propina e lavagem de dinheiro obedece � mesma l�gica, apenas numa dimens�o menor, apesar de repetidas vezes. Nas administra��es municipais, empresas vencedoras das licita��es depositavam propinas, muitas delas em esp�cie, nas contas de colaboradores do pol�tico. Os recursos depois eram sacados e investidos em bens para dar uma fachada legal. Na Petrobras, executivos e gerentes investiam em artes. Warmillon, em im�veis e empresas.
Um dos casos citados na a��o � o do Posto Vila Pirapora, no entroncamento das rodovias BR-365 e BR-496, de grande movimenta��o, registrado em nome de Veronice, irm� de Warmillon. Na an�lise de documentos apreendidos na Opera��o Waterloo em agosto de 2012, que tinha o pol�tico como alvo, “constatou-se que prestadores de servi�os e empreiteira com contratos com a Prefeitura de Pirapora, em grande parte, realizaram pagamento para o Posto Vila Pirapora”.
“Ao cabo do trabalho, identificou-se que a empresa Via Nova Construtora Ltda. fez pagamentos ao Posto Vila Pirapora que n�o correspondiam � venda de combust�vel, situa��o esta que n�o foi explicada por Victor de S� Motta Pinheiro ao Minist�rio P�blico. Esses pagamentos, no total, superaram a soma de R$ 900 mil”, concluem os promotores.
De acordo com a a��o, a suposta compra de combust�vel funcionava como fachada para o pagamento de propina ao prefeito. “Na verdade, o que se constata � que o Posto Vila Pirapora n�o s� foi um empreendimento instalado com recursos de origem il�cita, como tamb�m servia para recebimento de valores indevidos e para ‘lav�-los’, dando-lhes apar�ncia de licitude”, atestam os promotores Marcelo Valadares Lopes Rocha Maciel, Luciano Moreira de Oliveira, Paulo Ayres Lima Damasceno, Raul Lino da Rocha Lopes e William Garcia Pinto Coelho.
A reportagem tentou falar com o ex-prefeito e seus familiares, por meio de suas empresas, mas n�o obteve retorno.