Depois de dar in�cio aos protestos de rua, Movimento Passe Livre se recolhe

S�o Paulo, 16 - Embora esteja ausente das ruas hoje, o Movimento Passe Livre (MPL), grupo que deu in�cio aos protestos que surpreenderam o Pa�s em junho de 2013 e abriram caminho para as manifesta��es contra a presidente Dilma Rousseff e o PT, tem plena consci�ncia de sua import�ncia na sucess�o de fatos que levaram ao turbulento cen�rio pol�tico atual.

“Junho de 2013 mostrou que organizar a popula��o � poss�vel. Estas manifesta��es de agora s�o reflexo disso”, disse a historiadora Carol Oliveira, militante do MPL. “Na pol�tica o legado de junho de 2013 � tudo isso que est� surgindo agora. Para o bem e para o mal.”

Indagada sobre o crescimento dos movimentos conservadores tanto nas ruas quanto no meio pol�tico, a historiadora diz sentir “vergonha alheia”, mas isenta o MPL de responsabilidade. “O conservadorismo nunca deixou de existir. A diferen�a � que agora ele se manifesta de maneira espetaculosa, com dan�as e coreografias. Mas n�o nos sentimos respons�veis, at� porque n�o fomos os �nicos autores daquilo que aconteceu em 2013. O m�rito � de todo mundo que foi para a rua com a gente e de toda a exposi��o midi�tica. Aquilo n�o estava na nossa m�o desde o primeiro dia”, afirmou.

Foco

O movimento, que sempre fez quest�o de ressaltar seu car�ter apartid�rio e independente de qualquer governo, trata a crise pol�tica e econ�mica de forma lateral e, apesar de toda exposi��o conquistada em 2013, mant�m-se focado na defesa da melhoria do transporte p�blico - motivo de exist�ncia do coletivo h� mais de 10 anos, principalmente na periferia de S�o Paulo. “Nossa luta n�o passa pela Avenida Paulista. N�o � que n�o se discuta o impeachment na periferia, mas nossa maior preocupa��o hoje � com as licita��es e a opera��o dos �nibus.”

Segundo Carol, o MPL ainda n�o se debru�ou nem sequer sobre os efeitos do ajuste fiscal promovido pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, ou a Agenda Brasil proposta pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). “Essas coisas aconteceram faz pouco tempo, ainda n�o deu tempo”, tentou justificar, embora o pacote fiscal seja tema de debates desde o in�cio do ano.

De acordo com ela, apesar da postura discreta nos �ltimos anos, o MPL teve um aumento de 30% no n�mero de militantes ativos desde as jornadas de junho de 2013.