Porto Alegre, 18 - Em uma assembleia unificada na tarde desta ter�a, 18, servidores aprovaram uma greve de tr�s dias, a come�ar nesta quarta-feira, 19, que ter� ades�o generalizada entre as diferentes categorias do funcionalismo estadual no Rio Grande do Sul. Os trabalhadores protestam contra o parcelamento dos sal�rios e os projetos de ajuste fiscal encaminhados pelo governo ga�cho � Assembleia Legislativa para combater a crise financeira do Estado.
A paralisa��o vai afetar �reas como educa��o, sa�de e seguran�a p�blica, nas quais os servi�os ser�o reduzidos. Ap�s os tr�s dias, os servidores estaduais manter�o o estado de greve. O funcionalismo definiu que, se no 31 de agosto o Executivo n�o pagar os vencimentos de forma integral, a paralisa��o ser� retomada automaticamente at� o dia 3 de setembro, quando haver� outro chamamento p�blico unificado em Porto Alegre para deliberar sobre a continuidade do movimento por mais tempo.
A assembleia desta tarde, no Largo Gl�nio Peres, no centro da capital ga�cha, foi um ato simb�lico que serviu principalmente para demonstrar a insatisfa��o do funcionalismo com a administra��o estadual, uma vez que as categorias j� haviam decidido internamente pela greve. A mobiliza��o � considerada hist�rica, j� que nunca antes no RS tantas categorias haviam se unido em uma assembleia deste tipo.
Mais de 40 entidades representativas dos servidores estavam presentes. Conforme a Brigada Militar, o ato reuniu 30 mil pessoas."Aqui n�o vai ser como no Paran�, aqui a pol�cia vai estar junto dos professores", disse um dos l�deres em cima de um dos carros de som que estavam no local, em refer�ncia aos confrontos ocorridos em Curitiba no m�s de abril.
A reuni�o teve uma enxurrada de xingamentos ao governador Jos� Ivo Sartori (PMDB), tanto nos cartazes carregados pelos manifestantes como nos discursos das lideran�as sindicais. "Oh Sartori, preste aten��o, no meu direito tu n�o mete a m�o", dizia um cartaz. O presidente do Sindicato dos Escriv�es e Inspetores de Pol�cia do RS (UGEIRM), Isaac Ortiz, afirmou que, se o governo n�o pagar os sal�rios de agosto, haver� mais press�o. "P� na porta dele (do governador)", falou.
J� o presidente do Sindicato dos Servidores Penitenci�rios (Amapergs), Fl�vio Berneira Junior, disse que, se Sartori n�o tem compet�ncia, deveria "retirar o chap�u" e voltar para Caxias do Sul - cidade que governou por oito anos. Ap�s a assembleia, os servidores seguiram em passeata at� a Pra�a Marechal Deodoro, onde fica o Pal�cio Piratini e a Assembleia Legislativa.
O objetivo era entregar um documento com presidente do Legislativo, Edson Brum (PMDB), com as reivindica��es das categorias. As principais cr�ticas dizem respeito a projetos apresentados recentemente pelo Executivo, que incluem mudan�as no sistema previdenci�rio dos futuros servidores, altera��es no tempo de aposentadoria dos policiais militares e extin��o de funda��es p�blicas. Eles tamb�m protestam contra o aumento da carga tribut�ria, que deve constar em novo pacote que ser� anunciado por Sartori esta semana.
Na chegada � AL, houve um princ�pio de tumulto quando agentes do Pelot�o de Opera��es Especiais do 9.� Batalh�o da Pol�cia Militar bloqueou a entrada dos manifestantes. Na sequencia, ap�s uma breve negocia��o, eles conseguiram chegar ao plen�rio onde havia sess�o ordin�ria, com a presen�a dos deputados. Os servidores protestaram nas galerias pedindo a n�o aprova��o dos projetos de austeridade fiscal.
Consequ�ncias da greve
A expectativa � que as escolas estaduais fechem as portas at� sexta-feira. Os policiais civis s� v�o atender casos de crimes considerados graves, como homic�dios, latroc�nios e aqueles envolvendo crian�as. A Brigada Militar, por sua vez, vai executar uma "opera��o padr�o", que consiste em sair para a rua apenas com viaturas em perfeitas condi��es e armamentos que n�o estejam vencidos. Na pr�tica, isso significa a redu��o de policiamento. A paralisa��o deve abranger quase a totalidade dos cerca de 150 mil servidores estaduais da ativa.
No m�s de julho, o Executivo parcelou o sal�rio dos servidores com uma linha de corte de R$ 2,150 mil. Quitou os vencimentos 12 dias depois e, para isso, atrasou outras obriga��es, como a parcela da d�vida com a Uni�o. Por causa da inadimpl�ncia com o governo federal, as contas do Estado est�o bloqueadas desde a �ltima ter�a-feira, at� atingirem o montante devido � Uni�o, de R$ 265 milh�es. Com o agravamento da crise, � dado como certo um novo parcelamento dos vencimentos em agosto, e possivelmente com uma linha de corte menor, j� que no dia 31 haver� pouqu�ssimo dinheiro em caixa. A situa��o, se confirmada, resultar� no prosseguimento da greve.