
O texto final das den�ncias estava sendo preparado nessa quarta-feira (19) pela equipe do procurador-geral, Rodrigo Janot. A pe�a deve atribuir a Collor envolvimento em crimes de corrup��o e lavagem de dinheiro. Ele � suspeito de receber ao menos R$ 26 milh�es em propinas, entre 2010 e 2014, no esquema na Petrobras.
Desde que foi inclu�do no rol de pol�ticos investigados na Opera��o Lava-Jato, Collor tem travado uma batalha p�blica contra Janot. Nessa quarta-feira, 19, ele questionou a recondu��o do procurador-geral na Comiss�o de Constitui��o e Justi�a (CCJ) do Senado, que vai sabatin�-lo na semana que vem.
As den�ncias contra Collor se baseiam em documentos apreendidos na Lava-Jato e em depoimentos de delatores, entre eles o doleiro Alberto Youssef. Ele relatou ter feito diversos pagamentos ao senador. Parte dos recursos teria sido entregue, em esp�cie, a emiss�rios do congressista ou levada por Rafael �ngulo Lopez, tido como um dos "carregadores de malas" do doleiro. A Pol�cia Federal tamb�m encontrou oito comprovantes de transfer�ncias banc�rias de Youssef para Collor, totalizando R$ 50 mil.
O senador atuaria no esquema de corrup��o na Petrobras viabilizando contratos na BR Distribuidora, dirigida por indicados seus. Por um dos contratos, de R$ 300 milh�es, Collor teria recebido R$ 3 milh�es de suborno, conforme Youssef. O neg�cio teria sido intermediado por Pedro Paulo Leoni Ramos, empres�rio que foi ministro da Secretaria de Assuntos Estrat�gicos no governo do ex-presidente (1990-1992).
Em despachos j� tornados p�blicos, Janot deu detalhes do suposto enriquecimento il�cito do senador. Na Opera��o Politeia, um dos bra�os da Lava-Jato, a PF apreendeu em julho cinco carros de luxo em im�veis de Collor. Quatro est�o em nome de uma empresa que seria de fachada.
A pessoas pr�ximas, Collor afirma que a den�ncia � esperada. Publicamente, ele nega envolvimento no esquema e se diz perseguido por Janot.
'Vetusto'
O senador apresentou nessa quarta-feira na CCJ um voto em separado, pelo qual tenta evitar a recondu��o de Janot ao cargo. O documento foi um contraponto ao parecer do relator, Ricardo Ferra�o (PMDB-ES), para quem o procurador-geral cumpre todos os requisitos e pode, portanto, ser sabatinado.
Segundo Collor, que ao ler seu voto usou express�es como "vetusto procurador" e "simp�tica PGR", Janot omitiu dados sobre o fato de sua gest�o estar sob an�lise de �rg�os como o Tribunal de Contas da Uni�o (TCU). O pedido para que dois contratos da Procuradoria-Geral fossem investigados partiu do pr�prio Collor, depois que vieram � tona ind�cios de seu envolvimento no esquema de corrup��o na Petrobr�s.
O ex-presidente � autor de outros cinco pedidos contra Janot no Senado visando o afastamento do chefe do Minist�rio P�blico. "Al�m de todas essas a��es, pass�veis de julgamento e condena��o, h� uma infind�vel lista de condutas il�citas, reprov�veis e abusivas, praticadas pela PGR", disse o senador.
Em tom de ironia, Collor afirmou que n�o tinha interesse em se manifestar contra ou a favor de Janot, e sim em trazer "novas informa��es" para os senadores decidirem seu voto. Ferra�o defendeu seu parecer sobre o procurador-geral. Segundo ele, a sabatina ser� o momento para os senadores colocarem questionamentos a Janot.