Bras�lia - O governo avalia que a den�ncia apresentada pela Procuradoria-Geral da Rep�blica contra o presidente da C�mara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), enfraquecer� a tese do impeachment da presidente Dilma Rousseff. Mesmo assim, a percep��o do Pal�cio do Planalto � a de que o peemedebista j� se movimenta para dar o troco e deve aceitar a tramita��o de qualquer pedido para abreviar o mandato da petista.
Embora o governo enxergue o calv�rio de Cunha com al�vio, por jogar o principal advers�rio na berlinda, o coment�rio de petistas, nos bastidores, � que ser� preciso "sangue frio e nervos de a�o", daqui para a frente.
Dilma seguiu na quinta-feira, 20, o roteiro de deixar o esc�ndalo de corrup��o envolvendo Cunha e o senador Fernando Collor (PTB-AL) - tamb�m denunciado na investiga��o da Opera��o Lava Jato - bem longe do Planalto. "A Presid�ncia da Rep�blica e o Executivo n�o fazem an�lise a respeito de investiga��es, de maneira alguma, nem a respeito de outros poderes", afirmou Dilma, ap�s almo�o com a chanceler alem� Angela Merkel, no Itamaraty.
No Rio, o ministro da Defesa, Jaques Wagner, disse que a C�mara viver� dias dif�ceis, admitiu problemas para unir a base, mas evitou comentar o impacto da den�ncia contra Cunha sobre o Planalto. "Esse � um problema que complica para a C�mara. O fato de estar denunciado n�o implica uma obriga��o de afastamento. Mas, seguramente, vai ter uma guerra pol�tica", comentou.
Recado
Cunha avisou a ministros, ao vice-presidente Michel Temer e a l�deres do governo nesta semana que n�o cair� sozinho. O recado foi entendido como uma amea�a de retalia��o de quem v� o Planalto por tr�s da dela��o premiada de J�lio Camargo. O lobista acusou Cunha de cobrar propina de US$ 5 milh�es num contrato da Petrobras, mas a Pol�cia Federal tamb�m investiga a participa��o de petistas no propinoduto da estatal.
Ap�s ser denunciado, Cunha disse em nota que a s�rie de esc�ndalos na Petrobras foi patrocinada pelo PT e pelo governo. Afirmou que n�o seria poss�vel "retirar do colo deles e tampouco colocar no colo de quem sempre contestou o PT" as den�ncias de corrup��o. "O governo da presidenta Dilma acredita na isen��o das institui��es que apuram as den�ncias", disse o ministro Edinho Silva (Comunica��o Social), em nota de tr�s linhas.
A ordem no Planalto � n�o comprar mais briga com Cunha. Apesar do perigo � vista, auxiliares de Dilma afirmam que ele n�o pode mais emparedar o governo. Recentemente, no entanto, Cunha acelerou a an�lise de quatro contas de governos anteriores, na tentativa de abrir caminho para a poss�vel vota��o de um processo de impeachment contra Dilma no caso das pedaladas fiscais, sob exame no Tribunal de Contas da Uni�o (TCU), ou de pedidos feitos por deputados da oposi��o.
Para um ministro pr�ximo de Dilma, a den�ncia da Procuradoria-Geral, que atribui a Cunha os crimes de corrup��o e lavagem de dinheiro, "tira a legitimidade" do peemedebista para levar adiante um pedido de impeachment da presidente da Rep�blica.
No Senado, o governo conta com o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), para barrar qualquer tentativa de aprovar o afastamento de Dilma. Nos �ltimos dias, o presidente do Senado ganhou protagonismo no Congresso com a divulga��o da Agenda Brasil, que prega uma s�rie de reformas para retomar o crescimento econ�mico.