Para ministra do STF, hora � de reivindicar

Rio de Janeiro – Os brasileiros de bem precisam ter a mesma ousadia dos “canalhas” para ajudar a tirar o pa�s da crise pol�tico-econ�mica, afirmou ontem a vice-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra C�rmen L�cia. A ministra, que fez uma palestra na Associa��o Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ), n�o esclareceu a quem se referia ao falar de canalhas e preferiu focar o discurso sobre os homens de bem. “N�s, brasileiros, precisamos assumir a ousadia que os canalhas t�m”, afirmou ela, acrescentando que “essa ousadia n�o pode ser de pessoas que n�o cumprem as leis, que usam o espa�o p�blico para interesses particulares. Essa ousadia n�o pode ser exclusiva”. C�rmen L�cia acredita que tinha chegado a hora de a popula��o mudar de postura, “reivindicar, e n�o apenas reclamar”, e ajudar o pa�s a superar a fase dif�cil. “Reclama��o nunca levou a lugar nenhum”, disse.

A insatisfa��o popular com esc�ndalos de corrup��o e o governo federal levou centenas de milhares de pessoas �s ruas em todo o pa�s no fim de semana para pedir o impeachment da presidente Dilma Rousseff na terceira manifesta��o nacional neste ano contra a gest�o da petista. C�rmen L�cia afirmou, no entanto, que “o impeachment � um instituto que est� previsto na Constitui��o, s� que se aplica em casos de processo de crime de responsabilidade e n�o tem nada disso em andamento”.

A ministra disse que a palavra que mais esteve presente na vida dos brasileiros at� agora neste ano foi crise e defendeu que todos se unam para construir e oferecer propostas aos governantes para tirar o pa�s do que ela chamou de “estado de perplexidade”. “N�s, brasileiros, sabemos o que n�s n�o queremos: corrup��o, servi�os de m� qualidade. Mas n�o sabemos propor como superar tudo isso. A minha ideia � que, como a Constitui��o permite iniciativa popular de leis e participa��o dos cidad�os, n�s tamb�m ofere�amos propostas de pol�ticas p�blicas. N�o h� bons ventos para marinheiro que n�o sabe onde quer chegar”, disse.

FICHA LIMPA

C�rmen L�cia lembrou que a lei da Ficha Limpa, que inviabiliza a candidatura de pol�ticos condenados pela Justi�a, nasceu da iniciativa popular. “Por sermos uma democracia partid�ria e, por ser partid�ria, n�s sempre pensamos que com os partidos que temos, 33 partidos, n�o podemos fazer nada, mas iniciativa popular de leis n�o depende de partidos e o Congresso tem obriga��o de vot�-las, basta que fa�amos as propostas”, afirmou. “Acho que as pessoas de bem em geral no Brasil se recolhem; n�o querem participar e demonizam a pol�tica. A pol�tica � uma alternativa para a guerra”, completou.

C�rmen L�cia elogiou o juiz federal S�rgio Moro, respons�vel pelas a��es penais da Opera��o Lava-Jato, que investiga um esquema de corrup��o envolvendo empresas estatais, �rg�os p�blicos, empreiteiras e pol�ticos. “Ele � uma pessoa extremamente s�ria”, disse ela a jornalistas.