Porto Alegre, 23 - Em passagem pela capital ga�cha na semana passada, o procurador da Rep�blica Deltan Dallagnol, um dos principais integrantes da for�a-tarefa da Opera��o Lava Jato, fez quest�o de destacar que o Minist�rio P�blico Federal (MPF) n�o tem nenhuma liga��o com as manifesta��es populares ocorridas em 16 de agosto, que pediram o impeachment da presidente Dilma Rousseff em todo o Brasil. Ele preferiu n�o comentar as mostras de apoio tanto � Lava Jato como � atua��o do juiz S�rgio Moro, ocorridas durante os protestos.
"N�o tivemos uma rela��o com essas manifesta��es como Minist�rio P�blico Federal, porque n�s n�o queremos correr um risco de m� interpreta��o do nosso trabalho, de que o nosso trabalho seja (considerado) pol�tico-partid�rio", disse a jornalistas. "� claro que a nossa posi��o do MPF e da sociedade � contra a corrup��o. Mas digo novamente, n�s n�o temos rela��o, o Minist�rio, com essas manifesta��es do dia 16."
Dallagnol esteve em Porto Alegre para promover uma a��o do MPF que pretende recolher 1,5 milh�o de assinaturas para levar ao Congresso Nacional um projeto de lei de iniciativa popular com 10 medidas contra a corrup��o. Na p�gina oficial do projeto, onde os cidad�os podem entender melhor as ideias propostas e imprimir uma ficha de assinatura, tamb�m consta um aviso dizendo que o MPF n�o tem qualquer envolvimento com os movimentos populares de 16 de agosto. De acordo com o texto, a campanha objetiva incentivar a sociedade civil para que as medidas apresentadas se tornem projeto de lei e "promovam as mudan�as necess�rias ao aperfei�oamento do sistema penal brasileiro".
Na entrevista concedida em Porto Alegre, Dallagnol avisou que s� trataria do projeto "Dez Medidas contra a Corrup��o" e, portanto, n�o falaria de assuntos relativos � Lava Jato. Ele se limitou a dizer que a opera��o revelou uma "corrup��o bilion�ria" envolvendo a elite econ�mica e pol�tica do Pa�s. "Por isso ela nos tornou sens�veis ao problema da corrup��o. Esta sensibilidade nos traz uma janela de oportunidade para mudan�as", falou.
Seguindo o tom de declara��es recentes, ele defendeu os acordos de colabora��o premiada. "(Os acordos) n�o s�o o ponto de chegada, mas sim o ponto de partida das investiga��es, a partir do que conseguimos desenvolver investiga��es mais profundas e produzir provas materiais dos crimes", avaliou. Segundo ele, o alto �ndice de impunidade no Brasil tradicionalmente diminui o interesse por esse tipo de colabora��o dos investigados. "A Lava Jato, que tem uma s�rie de caracter�sticas pr�prias, como o Mensal�o, � um ponto fora da curva em que n�s, a popula��o e essas pessoas que est�o sendo processadas acreditam numa perspectiva de efetiva puni��o. Isso faz com que (os suspeitos) busquem uma solu��o negociada, que � a colabora��o premiada, e isso permite a alavancagem das investiga��es."
Sistema
De acordo com procurador, se o Brasil tivesse uma "legisla��o melhor", haveria no momento outras Lava Jato pelo Pa�s, da� a import�ncia de trabalhar pela proposi��o e aprova��o das medidas contra a corrup��o. Uma das propostas, por exemplo, � responsabilizar partidos pol�ticos em casos de atos il�citos, bem como criminalizar o caixa 2. Outra prev� o aumento das penas para a corrup��o de altos valores.
Na apresenta��o do projeto na capital ga�cha, Dallagnol disse que a corrup��o n�o � um problema "de partido A ou B". Para combater o problema, segundo ele, � preciso mudar as condi��es do sistema. "A Lava Jato traz esperan�a, mas a not�cia ruim � que n�o muda o nosso Pa�s. Tem o cond�o, se for um caso de sucesso, de produzir puni��o em rela��o �s pessoas que praticaram determinados crimes, e eventualmente recuperar parte dos valores desviados. Mas n�o tem o cond�o m�gico de mudar a realidade ao redor dela. Ela trata de um tumor, mas o nosso problema � que o sistema � cancer�geno", falou. "N�o tenho d�vida de que existem outros sistemas de corrup��o surgindo a cada momento em nosso Pa�s." As informa��es s�o do jornal
O Estado de S. Paulo.
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Dallagnol: n�o tivemos uma rela��o com essas manifesta��es
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