Bras�lia, 07 - A investiga��o de dois ministros diretamente ligados � presidente Dilma Rousseff, ambos com gabinete no Pal�cio do Planalto, � mais um fator de desgaste para a petista, na avalia��o de assessores com assento no Pal�cio do Planalto, e mais um ingrediente pesado ao clima pol�tico j� ruim de Bras�lia. A apura��o contra os ministros da Comunica��o Social, Edinho Silva, e da Casa Civil, Aloizio Mercadante, foi autorizada por Teori Zavascki, relator da Opera��o Lava Jato no Supremo Tribunal.
A decis�o do Supremo movimentou o domingo em Bras�lia. A presidente Dilma Rousseff, que depois de pedalar pela manh�, passou o resto do dia no Alvorada, conversou com v�rios ministros ao longo do dia, entre eles Mercadante e Edinho. Os dois fizeram quest�o de soltar notas ao longo do dia se defendendo das acusa��es. O ministro Jos� Eduardo Cardozo, da Justi�a tamb�m falou com a presidente. Hoje, todos estar�o juntos com Dilma no palanque, durante as comemora��es do Dia da Independ�ncia.
A preocupa��o � grande com a investiga��o baseada na dela��o do empreiteiro Ricardo Pessoa, da UTC, porque, em �ltima inst�ncia, Dilma poderia ser atingida diretamente, corroborando com a tese do impeachment. Pessoa afirmou em dela��o premiada que doou R$ 7,5 milh�es � campanha de Dilma em 2014, pressionado por Edinho Silva, segundo a revista Veja. Ele tamb�m apresentou � Procuradoria Geral da Rep�blica documento no qual lista suposto repasse de recursos que teriam sido desviados de contratos com a Petrobr�s a Mercadante e ao senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP). Os tr�s negam as acusa��es.
Arquivamento
A expectativa do Pal�cio do Planalto � de que as investiga��es contra os dois ministros sejam arquivadas sem que se transformem em inqu�rito. Interlocutores diretos da presidente lembram, por exemplo que, no fim do m�s passado, a Procuradoria-Geral da Rep�blica, respons�vel pelas investiga��es da Lava Jato no STF, pediu o arquivamento do inqu�rito contra o ex-governador de Minas Gerais senador Antonio Anastasia (PSDB-MG).
No caso de Anastasia, a Procuradoria entendeu que n�o havia "elementos m�nimos" para prosseguir a apura��o. Antes de uma decis�o, por�m, a Pol�cia Federal encaminhou ao STF mais elementos com pedido para que a investiga��o continue.
At� agora, salientam esses assessores, s�o apenas acusa��es do delator, sem qualquer comprova��o e n�o se pode ter isso como verdade porque certamente n�o haver� elementos para incriminar os dois auxiliares de Dilma.
Ministros consultados pelo Estado tamb�m tentaram minimizar o problema alegando que "investiga��o n�o � den�ncia", que "o delator tem de provar o que est� dizendo" e que j� desmentiram as acusa��es. Nesse clima, pelo menos por enquanto, n�o se fala em afastamento de Mercadante e de Edinho Silva de seus cargos.
J� o l�der do DEM na C�mara, Mendon�a Filho (PE), avaliou como "grave" serem instauradas investiga��es contra dois ministros muito pr�ximos � presidente Dilma Rousseff. "Eles s�o pe�as-chave no governo e, ao serem denunciados, pioram as condi��es de o governo lidar com a crise", afirmou Mendon�a Filho, ressaltando que todos t�m o direito � defesa.
Na quarta-feira passada, Pessoa falou � Justi�a Federal em Curitiba em a��o sobre a Odebrecht. Ele disse depositar oficialmente na conta do PT dinheiro que seria de propina.
Procuradoria
Com base na dela��o premiada do empreiteiro Ricardo Pessoa, dono da UTC e apontado como "chefe" do cartel que atuou na Petrobr�s, o procurador-geral da Rep�blica, Rodrigo Janot, pediu ao Supremo Tribunal Federal a abertura de investiga��o sobre eventuais pagamentos de propina por meio de doa��es eleitorais oficiais para a obten��o de contratos da estatal petrol�fera.
Reelei��o
O Supremo autorizou, a pedido do Minist�rio P�blico Federal, a abertura de investiga��o contra o tesoureiro da campanha da presidente Dilma Rousseff � reelei��o, Edinho Silva, atual ministro de Comunica��o Social.
A UTC doou R$ 7,5 milh�es � campanha de Dilma em 2014 - segundo a revista Veja, Edinho teria pressionado Pessoa pelas doa��es em troca da "manuten��o" de contratos da empreiteira com a Petrobr�s. O ex-tesoureiro afirma que todas as doa��es recebidas em 2014 foram registradas e declaradas � Justi�a, e que
as contas da campanha � reelei��o de Dilma Rousseff foram aprovadas no Tribunal Superior Eleitoral.
Outras campanhas
O STF autorizou ainda a investiga��o do ministro Aloizio Mercadante, que recebeu R$ 500 mil da UTC em 2010, quando disputou o governo de S�o Paulo, e do senador Aloysio Nunes (PSDB-SP), cuja campanha em 2010 recebeu da UTC R$ 300 mil de forma oficial e R$ 200 mil via caixa 2, segundo Ricardo Pessoa. Mercadante afirma que todas as doa��es recebidas em 2010 foram declaradas � Justi�a.
Aloysio Nunes disse, em junho, ap�s a dela��o de Pessoa ser revelada, que a doa��o da UTC � sua campanha em 2010 "foi legalmente arrecadada".