S�o Paulo, 11 - R�u da Opera��o Jato por corrup��o e lavagem de dinheiro, o ex-deputado Luiz Arg�lo (ex-PP e atualmente afastado do Solidariedade - BA) declarou � Justi�a Federal no Paran� que "na C�mara se elegem deputados com v�rios perfis, tem deputado que est� l� para defender as bandeiras das igrejas, que est� l� para defender as entidades de classe, e tem deputado que est� l� para defender empresas, construtoras e bancos".
Arg�lo, que est� preso em Curitiba, foi interrogado pelo juiz federal S�rgio Moro. Praticamente todo o depoimento do ex-deputado se concentrou sobre uma figura emblem�tica do esquema de corrup��o e propinas que se instalou na Petrobras entre 2004 e 2014, o doleiro Alberto Youssef.
Em dela��o premiada, Youssef relatou pagamentos de valores il�citos para muitos deputados, entre eles Arg�lo. O doleiro chamava Argolo de 'beb� johnson' porque o ent�o deputado lhe pedia dinheiro insistentemente e 'chorava o tempo todo'.
A for�a-tarefa da Opera��o Lava Jato constatou que o ent�o deputado esteve 52 vezes em um escrit�rio do doleiro, na Avenida S�o Gabriel, em S�o Paulo, entre fevereiro de 2011 e outubro de 2012. E mais 26 vezes em outros escrit�rio de Youssef, na rua Renato Paes de Barros, entre mar�o de 2013 e fevereiro de 2014.
Os investigadores constataram ainda que o ent�o deputado recebeu R$ 1,24 milh�o do doleiro entre setembro de 2012 e janeiro de 2014, em 17 pagamentos.
Ao juiz Moro, Arg�lo afirmou que teve dois neg�cios com o doleiro, um envolvendo a venda de um terreno por R$ 900 mil em Cama�ari (BA) e outro a compra de um helic�ptero.
Para a intensa troca de contatos com o doleiro, o ex-deputado apresentou a seguinte vers�o. Ele disse que o doleiro nunca pagou o que lhe devia, por isso cobrava Youssef com frequ�ncia.
"Ele tinha consci�ncia de que as coisas n�o eram acertadas pontualmente. Eu tinha que chorar. Excel�ncia, Alberto Youssef tem algo, uma facilidade como comerciante muito grande, se vende muito bem do ponto de vista empresarial. Mas todas as tratativas financeiras dificilmente ele conseguia cumprir, sempre tinha dificuldade, dizia 'passa a conta que eu deposito' e n�o depositava, 'aguarde que vou sacar e lhe levo em dinheiro, vou mandar lhe entregar' e n�o entregava, 'vou mandar um pagamento �nico na conta de seu irm�o' e n�o fazia. Ele n�o cumpriu as diversas negocia��es, n�o formalizou, n�o concretizou o que se falava. Da� a insist�ncia."
Ele disse que conheceu Youssef no apartamento em Bras�lia do deputado M�rio Negromonte (PP/BA), conselheiro do Tribunal de Contas dos Munic�pios da Bahia, no final do ano de 2011, quando se preparava para tomar posse no seu mandato de parlamentar. "Ele (Youssef) se apresentava como um investidor."
Segundo Arg�lo, o doleiro o apresentou ao empreiteiro Ricardo Pessoa, dono da UTC Engenharia. "Ele (Youssef) dizia que era s�cio do Ricardo Pessoa, depois eu soube que na verdade o Ricardo Pessoa tinha um hotel e o Alberto Youssef tinha uma cota no hotel."
Arg�lo confirmou que recebeu dinheiro em esp�cie que lhe foi entregue por Rafael �ngulo Lopez, apontado como carregador malas do doleiro.
A for�a-tarefa descobriu que foram entregues R$ 600 mil em dinheiro vivo para o ent�o deputado, em 27 de setembro de 2012. "N�o me recordo o valor, excel�ncia", esquivou-se o ex-deputado. Ele declarou que o dinheiro foi usado para 'pagar contas do irm�o Manoelito'. "Eu n�o conheci Alberto Youssef nesse contexto de Petrobras. Uma vez ele disse que ajudava alguns parlamentares na elei��o atrav�s de doa��o na campanha."
O juiz perguntou. "Ele ajudou o sr.?"
"N�o, n�o, nunca recebi at� porque quando eu o conheci eu j� estava eleito. Os �nicos neg�cios que fizemos foi o do terreno e o do helic�ptero. Mas nunca chegava a finalizar, tinha dificuldade em amarrar esse tipo de conversa (com Youssef), eu insistia, insistia, era um verdadeiro banho. Ele protelava."
Em sua dela��o premiada, o doleiro afirmou que o PP mantinha o dom�nio dos neg�cios da Diretoria de Abastecimento da Petrobras, ent�o sob comando do engenheiro Paulo Roberto Costa. Ele apontou parlamentares da sigla que recebiam propinas. Afirmou que Arg�lo reclamava sempre que o PP o deixava de fora.
"Eu sempre relatava a ele (Youssef) a falta de oportunidade que o partido n�o me dava, eu era o mais jovem do PP, nunca me davam inser��o na TV, n�o participava das emendas dentro do partido, um sistema muito conservador. Eu me queixava nesse sentido. Nunca recebi propina de Alberto Youssef, nunca vi d�lar na m�o dele. N�o fiz campanha custeada por empresa contratada pela Petrobras.