S�o Paulo, 23 - O ex-gerente da �rea Internacional da Petrobras Eduardo Musa, novo delator da Opera��o Lava Jato, disse ao Minist�rio P�blico Federal que "por volta de 2008/2009" conheceu o doleiro Bernardo Freiburghaus, apontado como operador de propinas da empreiteira Odebrecht no exterior. Ele disse que "acredita ter sido apresentado a Bernardo por Rog�rio Ara�jo, da Odebrecht".
Ara�jo, ex-diretor da empreiteira, est� preso em Curitiba desde 19 de junho, alvo da Opera��o Erge Omnes, a etapa da miss�o Lava Jato que alcan�ou a c�pula da maior empreiteira do Pa�s, inclusive seu presidente, Marcelo Bahia Odebrecht.
Freiburghaus � su��o e, segundo os investigadores, voltou para seu Pa�s quando seu nome foi mencionado na opera��o. Antes de sair do Brasil, ele mantinha no Leblon, no Rio, a ag�ncia Diagonal, onde atendia a clientela interessada em remessas de valores para o exterior, segundo a Lava Jato.
"Algu�m havia falado para o declarante que Rog�rio Ara�jo conhecia um bom operador de contas no exterior e este indicou Bernardo", disse Musa, conforme seu termo de declara��o n�mero 4 perante a for�a-tarefa da Opera��o Lava Jato que versa especificamente sobre contas no exterior.
Ele disse que foi ao escrit�rio da Diagonal no Leblon, sede da ag�ncia de Freiburghaus. "Ent�o o declarante resolveu abrir uma conta no HSBC na Su��a por volta de 2009 por indica��o de Bernardo; quem, em 2010, tamb�m por indica��o de Bernardo, abriu uma conta no Banco Julius Bar na Su��a."
Eduardo Musa relatou que "toda vez que abria uma nova conta transferia todos os recursos das contas antigas, salvo o das contas do HSBC, que foram transferidos para o Banco PICTET". Os investigadores destacam que a estrat�gia de migrar valores de conta em conta � muito usada nos esquemas de corrup��o para dificultar o rastreamento dos �rg�os de fiscaliza��o.
Musa afirma que a conta no Julius Bar "tinha por objetivo receber propina da Schahin e da Vantage". Ele contou que em 2012 a conta do Julius Bar foi fechada, "migrando os valores para o banco Cramer, por sugest�o de Pierino, gerente do banco Cramer, que esporadicamente vinha ao Brasil".
Segundo o ex-gerente da Petrobras, Bernardo Freiburghaus continuou gerenciando a conta no banco Cramer. "Que, atualmente, o declarante tem dinheiro no Cramer, offshore Nebraska, tendo aproximadamente US$ 2,5 milh�es, e no banco PICTET, numa offshore que n�o se lembra o nome e nem o saldo, mas est� buscando informa��es e se compromete a entreg�-las o mais breve poss�vel."
Admitiu que recebeu recursos no exterior de "servi�os privados", segundo ele, prestados na �poca em que trabalhava na OSX. "Que recebeu comiss�es da SBM, Julio Faermann, Zwi, estaleiro Keppel Fells."
Musa narrou, ainda, que quando necessitava internalizar recursos em reais, por indica��o de Bernardo Freiburghaus procurava o doleiro Miguel, na Ad Valor, "uma esp�cie de escrit�rio de neg�cios, localizado na Rua do Carmo, Centro do Rio". "Os contatos com Miguel, normalmente, eram via Skype", disse o ex-gerente. "Miguel mantinha v�rios neg�cios com Bernardo."
Musa foi ouvido pelos procuradores da Rep�blica Diogo Castor de Mattos, Orlando Martello e Laura Tessler. Ele disse que "para o recebimento das vantagens indevidas dos contratos da �rea Internacional foi orientado por Lu�s Moreira a abrir contas no exterior, por volta de 2006".
Segundo o ex-gerente da Petrobras, "Moreira chegou a oferecer os servi�os de um doleiro uruguaio que gerenciava as contas dele". Musa disse que "optou por abrir contas na Su��a, utilizando-se dos servi�os do Banco Credit Su�sse porque era o mesmo esquema utilizado pelo seu amigo Abdala, outro funcion�rio da Petrobras, j� falecido, que recebia propinas por interm�dio de contas no Credit Su�sse".
O ex-gerente esclareceu que foi ao escrit�rio do banco su��o no Brasil, "ent�o situado na Avenida Rio Branco, Centro do Rio de Janeiro, onde foi atendido pelo gerente IENS, indicado por Abdala, que cuidou de toda a parte de abertura da offshore no Panam� e abertura da conta da conte corrente na Su��a".
A empreiteira Schahin, por meio de seu advogado, o criminalista Guilherme San Juan, disse que n�o vai se manifestar.