O pecuarista Jos� Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva, foi acusado por dois delatores da Opera��o Lava Jato de ter acertado o pagamento de US$ 5 milh�es em propina para o ex-diretor da �rea Internacional da Petrobras Nestor Cerver� e outros dois ex-gerentes da estatal. Os valores foram pagos pelo Grupo Schahin, em troca de contrato de opera��o do navio-sonda Vit�ria 10.000, segundo os delatores.
O nome de Bumlai aparece na dela��o de Fernando Soares, o Fernando Baiano, condenado a 16 anos de pris�o por crimes de corrup��o e lavagem de dinheiro desviado de esquema il�cito instalado na Petrobras. Ele � apontado como o bra�o do PMDB no arranjo montado na estatal. A outra cita��o foi feita por Eduardo Musa, ex-gerente da �rea Internacional da petroleira. Cerver� foi condenado a 12 anos de pris�o tamb�m pelos crimes de corrup��o e lavagem de dinheiro.
Segundo as investiga��es, h� registro de reuni�o entre Bumlai, Fernando Baiano, Cerver�, Eduardo Musa e o ex-gerente executivo da �rea Luis Carlos Moreira no escrit�rio do operador do PMDB, no Rio de Janeiro.
Baiano est� preso desde dezembro do ano passado, em Curitiba. Sua dela��o foi fechada no Supremo Tribunal Federal (STF) e permanece em sigilo.
O pagamento dos US$ 5 milh�es teria sido tratado diretamente por Fernando Schahin, filho de um dos fundadores do grupo, e dividido entre os tr�s ex-executivos da Petrobras da Diretoria Internacional, da cota do PMDB no esquema de corrup��o na estatal. Dois deles indicaram contas bancarias no Uruguai para receber suas partes e um, na Su��a.
Conselheiro
Apontado como "o pecuarista" em conversas de executivos investigados em Curitiba, Bumlai seria uma esp�cie de avalista dos neg�cios com a Schahin, segundo suspeita da Pol�cia Federal. Seu nome ainda n�o havia sido citado diretamente nos neg�cios de propina alvos da for�a-tarefa da Lava Jato.
Lula e Bumlai estreitaram rela��es na campanha eleitoral de 2002. Desde ent�o, o pecuarista passou a ser um dos conselheiros com acesso direto ao ex-presidente. E-mails apreendidos na sede da empreiteira Odebrecht, em S�o Paulo, indicam que Bumlai, que gozava de acesso irrestrito ao gabinete da Presid�ncia na gest�o Lula, tentou, inclusive, agendar reuni�o com Marcelo Odebrecht, presidente da empresa, para tratar de assuntos relativos ao governo da presidente Dilma Rousseff, como as privatiza��es de rodovias.
Cunha
O navio-sonda Vit�ria 10.000 fez parte de um pacote de constru��o de dois equipamentos do tipo, usados para explora��o de petr�leo em �guas profundas. Contratados pela Diretoria Internacional, com negocia��es iniciadas em 2005, por Cerver�, o pacote incluiu os termos de constru��o e depois de opera��o. Ambos, segundo a Lava Jato, envolvendo propina.
O estaleiro Samsung Heavey Industries, em parceria com o Grupo Mitsui, foi o respons�vel pela constru��o dos dois navios-sonda (Vit�ria 10.000 e Petrobras 10.000). Processo j� julgado procedente pelo juiz respons�vel pelas a��es penais da Lava Jato, S�rgio Moro, concluiu que a empresa pagou pelo menos US$ 30 milh�es de propina, via lobista J�lio Camargo, representante do estaleiro no Brasil, e Fernando Baiano nessa primeira etapa. Um dos beneficiados, segundo Camargo, foi o presidente da C�mara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que recebeu pelo menos US$ 5 milh�es.
As novas revela��es de Fernando Baiano e do ex-gerente da �rea Internacional Eduardo Musa confirmam que a segunda fase de contrato do Vit�ria 10.000, para opera��o do equipamento, tamb�m envolveu propina e a interfer�ncia direta de Bumlai.
A Schahin foi contratada, por meio da Deep Black Drilling LLP, para opera��o do Vitoria 10.000 durante 10 anos (2010-2020) pelo valor US$ 1,5 bilh�o. Apura��es internas da Petrobras anexadas aos autos da Lava Jato indicaram problemas no contrato com a Schahin. "A demora em concretizar negocia��o com a Schahin para a vinda do Vitoria 10.000 para o Brasil implicou custo de aproximadamente US$ 126 milh�es", informa documento da estatal. "A escolha da Schahin como parceira foi discricion�ria." O contrato foi rescindido pela Petrobras, em maio, ap�s o nome da empresa ser citado como uma das participantes do cartel alvo da Lava Jato. O grupo entrou esse ano em concordata.
As informa��es s�o do jornal
O Estado de S. Paulo.