
A nova investiga��o foi aberta pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki, que, levou as mais de 700 p�ginas para casa a fim de analisar pedido do deputado para colocar o inqu�rito em sigilo. Cunha negou de novo a posse de contas no exterior, mas alega que a fam�lia est� exposta publicamente pelo notici�rio. No inqu�rito mais antigo, a PGR anexou a dela��o premiada do lobista Fernando Baiano, na qual ele afirma que o presidente da C�mara recebeu pagamentos de propina at� setembro do ano passado, em forma de aluguel de jatos particulares. O dinheiro foi pago com recursos desviados de contrato de constru��o de navios para a Petrobras.
De acordo com as declara��es de bens apresentadas por Cunha � Justi�a Eleitoral, o patrim�nio dele saltou 214% entre 2002 e o ano passado, elevando-se de R$ 525 mil para R$ 1,6 milh�o. Mas o valor pode ser bem maior. Um documento datado de 2011 usado para fazer a an�lise de risco do cliente do banco Julius Baer, na Su��a, mostra que o patrim�nio do deputado era de US$ 16 milh�es. O texto � assinado pela corretora Elisa Mailhos, da consultoria Posadas y Vecino, do Uruguai, empresa que abre offshore no exterior e recebeu mais de meio milh�o de d�lares do parlamentar.
Ela diz que Cunha tinha contas tamb�m no banco Merril Lynch, nos EUA — e h� 20 anos. O deputado tinha “perfil agressivo e com interesse em crescimento patrimonial”, de acordo com tradu��o constante no pedido de investiga��o, assinada pelo procurador-geral em exerc�cio, Eug�nio Arag�o. “Sua fortuna seria oriunda de aplica��es no mercado financeiro local (Brasil) e do investimento no mercado imobili�rio carioca”, narra. Para Arag�o, essa informa��o “contradiz frontalmente suas declara��es (do deputado) perante a Justi�a Eleitoral”.
Segundo o procurador, h� provas fortes de que as contas s�o de Cunha. “H� c�pias de passaportes — inclusive diplom�ticos — do casal, endere�o residencial, n�meros de telefones do Congresso Nacional e do Pal�cio do Planalto”, disse ao STF. Tamb�m h� assinaturas, fotos do deputado. Arag�o entende que as contas n�o foram declaradas e, ao menos em rela��o a Eduardo Cunha, s�o produto de crime. O deputado � suspeito de corrup��o, lavagem de dinheiro e evas�o de divisas.
QUEBRA DE SIGILO
Em 2011, a Petrobras pagou US$ 34,5 milh�es pelos direitos de explora��o de metade de um campo de petr�leo em Benin, na �frica. Quebras de sigilo banc�rio do mostram que a empresa que fechou o neg�cio repassou US$ 10 milh�es ao lobista Jo�o Augusto Henriques, que, por sua vez, depositou 1,3 milh�o de francos su��os em uma conta de Cunha na Su��a. Em depoimento, Henriques disse que eram comiss�es l�citas pelo neg�cio em Benin.
Em sua dela��o premiada, Baiano detalhou outro esquema, em que Cunha � acusado de embolsar US$ 5 milh�es em propinas para viabilizar a venda de dois navios produzidos pelo estaleiro Samsung para a Petrobras. Segundo ele, como o lobista do fabricante das sondas, J�lio Camargo, n�o lhe pagava o restante das propinas, pediu ajuda do deputado. Para isso, lhe ofereceu US$ 5 milh�es.
Ap�s reuni�o em que Cunha, Baiano e Camargo acertaram o encerramento das pend�ncias, uma parte dos valores foi paga ao deputado em esp�cie — entre R$ 1 milh�o e R$ 1,5 milh�o. De acordo com Baiano, o operador da Samsung tamb�m ofereceu sua conta em empresa de t�xi-a�reo para abater a d�vida. Cunha e pessoas ligadas a ele, como o doleiro L�cio Funaro e Altair Alves Pinto, fornecedor das campanhas do deputado.
Diante das novas den�ncias, Cunha n�o explicou as movimenta��es financeiras, voltou a negar ter recebido vantagem de qualquer natureza e refor�ou as cr�ticas ao procurador-geral da Rep�blica, Rodrigo Janot. Em nota, o deputado classificou como “estrat�gia ardilosa” a conduta do Minist�rio P�blico, a quem acusa de “vazar maci�amente supostos trechos de investiga��o” a fim apenas de desestabilizar sua gest�o e sua “imagem de homem p�blico”.