S�o Paulo, 23 - O ex-presidente da Camargo Corr�a e delator da Lava Jato, Dalton dos Santos Avancini, afirmou aos investigadores da opera��o ter se encontrado em 2010 com o empres�rio Aldo Guedes �lvaro, e ex-s�cio de Eduardo Campos, no shopping Iguatemi, em S�o Paulo. No encontro, teria acertado suposto pagamento de propina de R$ 20 milh�es da empreiteira para abastecer o caixa 2 da campanha � reelei��o do ent�o governador de Pernambuco.
Eduardo Campos morreu em um acidente a�reo em Santos, no litoral paulista, em agosto de 2014, durante a campanha � Presid�ncia da Rep�blica.
A primeira cita��o aos R$ 20 milh�es havia sido feita pelo ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, primeiro delator da Lava Jato - ele citou deputados, senadores, governadores e ex-parlamentares que teriam sido benefici�rios por recursos il�citos tirados de contratos de empreiteiras com a estatal petrol�fera.
Aldo Guedes �lvaro � investigado pela Pol�cia Federal por suspeita de ser o verdadeiro dono do jatinho usado na campanha de Campos no ano passado e tamb�m foi alvo de buscas durante a Opera��o Politeia, desdobramento da Lava Jato que investiga pol�ticos no Supremo Tribunal Federal.
Ap�s a opera��o, em julho, o empres�rio deixou o cargo de presidente da Companhia Pernambucana de G�s, Coperg�s, estatal de Pernambuco, Estado atualmente administrado por Paulo C�mara (PSB), herdeiro pol�tico de Campos.
Homem de confian�a de Campos, Guedes era seu s�cio na Fazenda Esperan�a, �rea de 210 hectares, e na Agropecu�ria Nossa Senhora de Nazar�, em Brej�o (PE). Ele tamb�m � casado com uma integrante da fam�lia Campos.
'Contribui��o'
No encontro, relatou Avancini, Aldo teria cobrado a "contribui��o" de R$ 20 milh�es e afirmado que ela havia sido prometida pelo ex-diretor Paulo Roberto Costa. O valor deveria ser pago pelas empresas que tinham conseguido contratos nas obras da Refinaria de Abreu e Lima, megaempreendimento da estatal no Estado de Pernambuco, dentro do esquema de corrup��o instalado na Petrobras.
Na �poca diretor de �leo e G�s da Camargo, Avancini afirmou a Aldo que a empresa n�o teria condi��es de arcar com este valor, o que teria deixado o empres�rio contrariado. Ele teria dito "que isso n�o era o combinado", mas acabou aceitando a proposta e mencionou que o "valor deveria ser disponibilizado rapidamente", relatou Avancini aos investigadores.
O ex-executivo respondeu que n�o poderia fazer a transfer�ncia t�o r�pido pois "iria ser estudada uma forma de realizar o repasse". Apesar de contrariado, Aldo Guedes acabou aceitando.
Posteriormente, segundo o delator, a tarefa de viabilizar o repasse da propina foi encaminhada ao ent�o gerente de contrato da Camargo Corr�a para a RNEST, Paulo Augusto Santos da Silva. O valor repassado para o caixa dois teria sido, ent�o de R$ 8,7 milh�es por meio de um contrato de fachada da empreiteira com a empresa Master Terraplenagem.
Defesas
A Camargo Corr�a afirma que vem colaborando com as investiga��es da Lava Jato e tem evitado comentar as dela��es de seus executivos. O PSB disse, por meio de nota, "que todos os recursos que financiaram as campanhas de Eduardo Campos para o governo de Pernambuco foram arrecadados legalmente. Inclusive, a conta referente a 2010 foi aprovada pelo Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco."
A reportagem tentou contato por telefone com Aldo Guedes �lvaro, mas o empres�rio n�o atendeu as liga��es e nem retornou as mensagens. A reportagem tamb�m entrou em contato com o escrit�rio do advogado de Aldo, mas n�o conseguiu falar com ele.