Os principais l�deres do PMDB assumiram ontem, mais uma vez, uma postura de espectadores da crise pol�tica e econ�mica, como se n�o integrassem o governo federal e v�rios de seus nomes, como o presidente da C�mara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB), n�o contribu�ssem para aprofund�-la. Depois de reiterar que o PMDB lan�ar� em novembro “um programa escrito” para que “guie” e “reunifique” o pa�s, o vice-presidente da Rep�blica e presidente nacional do partido, Michel Temer, declarou ontem, durante conven��o estadual da legenda, na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, em Belo Horizonte, que o PMDB � fundamental na solu��o de crises porque representa o que chamou de “um certo equil�brio e modera��o”.
“O que nos falta � exatamente essa ideia de que temos de reunificar o pa�s, temos de pacificar o pa�s, temos de ter harmonia para o pa�s. Temos de acabar com eventuais diverg�ncias entre brasileiros, temos de unir todos, pois, entre o partido pol�tico, o governo e o pa�s, o maior valor � o pa�s. O PMDB est� atento a isso”, assinalou Temer em seu discurso. Pela manh�, ele havia participado, em S�o Paulo, da conven��o estadual do PMDB, onde foi diversas vezes enaltecido como o nome que vai conduzir a reunifica��o do pa�s. “Nos �ltimos 50 anos, vivenciamos muitas crises. Mas, em todas elas, o PMDB foi fundamental para tirar o pa�s dessas crises”, afirmou.
No mesmo tom, e enfatizando o que considerou a capacidade hist�rica do PMDB de trilhar o caminho que seria da “unidade”, o presidente da Funda��o Ulysses Guimar�es, Moreira Franco, ex-ministro da Secretaria da Avia��o Civil, afirmou, em Belo Horizonte, que o PMDB jamais faltou ao pa�s nos momentos dif�ceis. “Neste momento, nosso partido � obrigado, mais uma vez, a responder aos anseios, esperan�as e inquieta��es do povo brasileiro. Vamos fazer 50 anos e nunca faltamos nos momentos dif�ceis. O PMDB sempre encontrou o caminho da unidade para definir a meta”, disse.
Segundo Moreira Franco, o PMDB tem milit�ncia independente, que, em v�rios momentos, abre dissid�ncia, critica. “O PMDB n�o tem dono, tem voz”, destacou, acrescentando que neste momento em que conquistas brasileiras est�o sendo “amea�adas”, a legenda buscou na milit�ncia debater um plano para tirar o Brasil da crise, que ser� apresentado em 17 de novembro, em Bras�lia, durante o Congresso da Funda��o Ulysses Guimar�es. “Vamos aprovar o programa para tirar o Brasil da crise e apresentar � sociedade um caminho que fa�a o pa�s crescer, gerar renda, garantir um ambiente de neg�cios. Vamos oferecer, como no passado, alternativas que nos levem ao crescimento”, declarou o ex-ministro.
RECADO
Michel Temer participou em Belo Horizonte da conven��o estadual do PMDB, que reconduziu para um mandato de mais dois anos o vice-governador de Minas, Ant�nio Andrade, ao comando da legenda no estado. Sem fazer cr�ticas diretas ao distanciamento do partido na rela��o com o Planalto, o governador Fernando Pimentel (PT) ressaltou, em seu discurso, a unidade do PMDB de Minas, constru�da a partir de 2013 por articula��o pessoal com o apoio de Temer. E deu o recado: o PMDB, ao lado do PT, � governo em Minas. “Agora estamos governando juntos. O PMDB � governo com o nosso partido”, disse o governador mineiro, afirmando esperar que o “exemplo” de Minas se reproduza no pa�s. Pimentel disse contar com Temer, a quem considera “leal” e “grande companheiro”, para levar a experi�ncia mineira ao Brasil.
OPOSI��O
N�o � a primeira vez que o PMDB tenta se distanciar do governo federal publicamente, embora tenha sido agraciado com sete minist�rios pela presidente Dilma Rousseff no novo desenho da Esplanada – o partido est� � frente das pastas da Sa�de, Minas e Energia, Agricultura, Turismo, Avia��o Civil, Ci�ncia e Tecnologia e dos Portos. Em programa em cadeia de r�dio e TV, que foi ao ar em 26 de setembro, o PMDB adotou um discurso de oposi��o ao governo e, sob o mote da “reunifica��o dos sonhos”, procurou se apresentar como uma alternativa de poder.
Parte da c�pula do PMDB tinha como prazo para definir o desembarque, ou n�o, do governo o m�s de novembro, quando est� previsto um encontro da legenda em Bras�lia. Com o novo arranjo da Esplanada, por�m, o calend�rio para uma poss�vel debandada foi empurrado para mar�o, quando haver� a conven��o nacional do PMDB. Na ocasi�o, ser�o eleitos os integrantes da dire��o e da Executiva Nacional respons�veis por conduzir a legenda nas pr�ximas elei��es municipais, em 2016, e presidencial, em 2018.
Integrantes de diversos setores do PMDB n�o descartam que o encontro de novembro sirva de palanque para ataques contra o governo Dilma. “Vai ter gente que vai defender o rompimento, mas � natural”, declarou Moreira Franco.
(Com ag�ncias)