S�o Paulo, 25 - Exatamente um ano ap�s uma das mais duras elei��es presidenciais da pol�tica brasileira, as campanhas que municiaram o confronto entre Dilma Rousseff (PT), A�cio Neves (PSDB) e Marina Silva (ent�o no PSB) ainda provocam debates intensos e permanecem no epicentro da atual crise pol�tica.
Na avalia��o de alguns dos mais requisitados profissionais do mercado de marketing pol�tico do Pa�s, a dif�cil situa��o econ�mica de 2015 - o d�ficit das contas p�blicas pode chegar a R$ 70 bilh�es - e a aplica��o de um ajuste fiscal deixaram claro que os protagonistas da disputa �jogaram para baixo do tapete� os sinais do que viria pela frente.
Em maior ou em menor grau, a avalia��o � de que os tr�s concorrentes adotaram estrat�gias descoladas da realidade para n�o assustar o eleitor. �As campanhas varreram para debaixo do tapete os problemas. Quando acenderam as luzes do sal�o, o quadro era completamente diferente daquilo que foi discutido nos palanques em 2014�, afirma o publicit�rio Paulo Vasconcelos, que comandou a campanha de A�cio no ano passado.
Procurado pelo Estado, Jo�o Santana, respons�vel pelo marketing de Dilma Rousseff, n�o respondeu ao pedido de entrevista. Um ministro do governo que participou ativamente da campanha petista, no entanto, reconheceu que a ent�o candidata errou na abordagem do cen�rio econ�mico. Segundo ele, a presidente poderia ter vencido a elei��o com uma �campanha mais realista�, o que teria evitado a sensa��o de que Dilma �mentiu� ao Pa�s.
Um dos respons�veis pelas primeiras campanhas majorit�rias do PT, o publicit�rio Chico Malfitani, que em 2014 comandou a campanha ao Senado de Eduardo Suplicy (derrotado por Jos� Serra), faz an�lise dura sobre a estrat�gia de Dilma. �Se analisarmos o que est� acontecendo com o ajuste fiscal, sim, o PT mentiu na campanha. N�o sei se na cabe�a do Jo�o Santana passava a ideia de que o futuro ministro da Fazenda seria o Joaquim Levy e que ter�amos o ajuste fiscal. Fica f�cil culpar o marqueteiro agora�, diz.
Na campanha, A�cio falava sobre a necessidade de aplicar �rem�dios amargos� na economia, mas em eventos fechados com empres�rios. �Poderia parecer alarmismo ou irresponsabilidade dizer que o Brasil caminhava para uma situa��o t�o cr�tica. De qualquer forma, essa informa��o n�o estava dispon�vel para a oposi��o. Faz um m�s que o Tribunal de Contas da Uni�o determinou que os n�meros do ano passado n�o eram corretos�, diz Vasconcelos.
�Voc� erra por a��o e omiss�o. Imagino que o pessoal do A�cio, da �rea econ�mica, pudesse imaginar que o cen�rio n�o estava bom. Mas, se voc� fala isso numa campanha, pode parecer impopular. Ent�o, n�o fala nada�, diz Nelson Biondi, respons�vel pela campanha vitoriosa do governador Geraldo Alckmin (PSDB) em 2014.
Para Felipe Soutello, um dos estrategistas da campanha presidencial de Jos� Serra em 2010, Dilma fez no ano passado a �nega��o� do que era evidenciado nos laudos t�cnicos, mas A�cio n�o soube capitalizar isso. �As campanhas levaram ao extremo, em 2014, a tentativa de dourar a p�lula�.
Autor do livro �De como A�cio & Marina ajudaram a eleger Dilma�, que assinou em parceria Fernanda Zucaro, o marqueteiro Chico Santa Rita compartilha do mesmo racioc�nio. �As outras campanhas foram incapazes de ver as inverdades da campanha da Dilma e atacar isso corretamente.� As informa��es s�o do jornal
O Estado de S. Paulo.