A ex-presidenci�vel do PSOL, Luciano Genro, disse nesta quarta-feira em Belo Horizonte que as pedaladas fiscais da presidente Dilma Rousseff n�o s�o motivo para seu afastamento do cargo. Para ela, os motivos poderiam ser a corrup��o e a pol�tica econ�mica do governo, contr�ria ao que foi pregado no segundo turno das elei��es, mas segundo Luciana, um processo de afastamento conduzido pelo presidente da C�mara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e apoiado pelo PSDB “nunca ter� o apoio do PSOL”
“Eu acho que as pedaladas n�o s�o raz�o para o impeachment. Se fala muito das pedaladas, mas ningu�m explica o que �. E elas nada mais s�o do que uma d�vida que o governo empurrou com a barriga. Isso n�o � um crime. Crime � a corrup��o, crime � a pol�tica econ�mica do governo que est� destruindo a economia do pa�s, com aumento do desemprego, juros nas alturas, arrocho salarial e corte em �reas sociais. Isso sim seria motivo para o impeachment, pela falta de credibilidade e coer�ncia do governo, mas um impeachment conduzido pelo Cunha e incentivado pelo PSDB nunca vai ter apoio do PSOL”.
Para a ex-presidenci�vel, Cunha � um “criminoso de alto calibre” e esse � o pior Congresso Nacional que o pa�s j� teve. “Esse � o pior Congresso que a gente j� teve, mas ele vem piorando a cada legislatura. Eu lembro que a presid�ncia do Severino Cavalcanti foi um esc�ndalo, hoje a gente olha para ele at� com simpatia, pois agora temos um criminoso de alto calibre na presid�ncia da C�mara e, pior, respaldado pelos principais partidos pol�ticos do Brasil”, afirma Luciana, que est� em Belo Horizonte para a posse na nova presidente do PSOL mineiro, Sara Azevedo.
Apesar de considerar esse o pior momento j� vivido pela pol�tica brasileira, inclusive com a ascens�o de “for�as conservadoras”, Luciana Genro diz que ela � uma rea��o aos avan�os que as minorias conquistaram nos �ltimos tempos e tamb�m em parte culpa do papel desempenhado pelo PT ao chegar no poder. O partido, segundo ela, deu “oxig�nio para setores mais conservadores ao suspender, por exemplo, o kit homofobia das escolas por press�o da bancada evang�lica ou quando deu sobrevida a figuras pol�ticas do conservadorismo como Jos� Sarney (PMDB-AP), Fernando Collor (PTB-AL) e Renan Calheiros (PMDB-AL)”.
Dissidente do PT, Luciana Genro disse ver com tristeza o atual momento do partido. “Porque o surgimento do PT foi uma conquista da classe trabalhadora, uma express�o muito importante das greves, do movimento estudantil e dos setores mais organizados da sociedade. E a chegada de um oper�rio na presid�ncia tem um fator simb�lico muito grande. Por outro lado, esse processo de degenera��o do PT n�o come�ou no governo Lula, come�ou com a chegada do partido no comando das desde prefeituras e dos governos estaduais, quando come�aram a ser observados elementos dessa degenera��o. O caso do prefeito Celso Daniel (prefeito de Santo Andr�, no ABC paulista, assassinado em 2002) � uma das primeiras express�es disso, ele � muito elucidativo de um processo de corrup��o que come�ou na arrecada��o de dinheiro para campanha e que passou para o enriquecimento il�cito de certas figuras do partido”.
Sobre as estrat�gias do PSOL para as elei��es do ano que vem, Luciana Genro diz estar otimista. Ela acredita que o partido, mesmo estando impedido de participar dos debates televisivos – a reforma pol�tica aprovada pela C�mara garante a participa��o de candidatos que tenham pelo menos nove representantes no Congresso Nacional, n�mero que a legenda n�o possuiu – vai crescer nas elei��es e pode conquistar o comando de algumas capitais como Porto Alegre, onde ela � a candidata, Rio de Janeiro, cujo nome do partido vai ser o deputado estadual Marcelo Freixo.