Bras�lia - A c�pula do PT recuou nesta quinta-feira, 29, das cr�ticas mais �cidas ao ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e decidiu n�o mais cobrar a demiss�o do comandante da economia. A pedido do Pal�cio do Planalto e do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva, que tamb�m voltou atr�s no bombardeio contra Levy, o Diret�rio Nacional do PT aprovou, por 47 votos a 26, uma resolu��o pol�tica que poupa o ministro e d� apenas leves estocadas na pol�tica econ�mica.
Oito horas ap�s abrir a reuni�o do PT, Lula jantou com Dilma e com os ministros Jaques Wagner (Casa Civil), Ricardo Berzoini (Secretaria de Governo), al�m do presidente do partido, Rui Falc�o, no Pal�cio da Alvorada. Contou a ela que havia feito um discurso "para cima", na abertura do encontro, e pedido apoio para as medidas de ajuste fiscal.
"Vamos tocar em frente. As coisas est�o dif�ceis, mas v�o melhorar", disse ele, de acordo com relato de um dos participantes do encontro. H� dez dias, em conversas reservadas com Dilma e tamb�m com deputados do PT, Lula afirmou que Levy tinha "prazo de validade" e defendeu a sua substitui��o. A ret�rica de ontem, no entanto, foi bem diferente.
Diante da plateia petista, o ex-presidente admitiu que Dilma venceu a disputa do ano passado contra o senador A�cio Neves (PSDB-MG) com um discurso contr�rio ao ajuste fiscal, mas, depois, foi obrigada a rever tudo o que havia prometido.
"N�s tivemos um grande problema pol�tico, sobretudo na nossa base, quando tomamos a atitude de fazer o ajuste que era necess�rio fazer", reconheceu o ex-presidente. "Ganhamos as elei��es com um discurso e, depois, tivemos que mudar o discurso e fazer o que diz�amos que n�o �amos fazer."
Para Lula, a sociedade quer que Dilma d� um sinal de que est� governando o Pa�s porque "ningu�m aguenta" passar mais seis meses discutindo ajuste fiscal. "Voc�s agora falam 'Fora Levy' como j� falaram 'Fora Palocci'", lembrou o ex-presidente, numa refer�ncia a Ant�nio Palocci, que foi ministro da Fazenda entre 2003 e 2006. "Mas ningu�m quer arrumar a economia mais r�pido do que a Dilma. A �nica condi��o de a gente voltar a ter o prest�gio que o PT j� teve � recuperando a economia."
Com todos esses recados, a resolu��o aprovada pelo Diret�rio do PT desbastou ainda mais as cr�ticas � pol�tica econ�mica feitas no 5.º Congresso do partido, em junho. Na ocasi�o, o coro "fora Levy" tamb�m havia sido abafado, por ordem do Pal�cio do Planalto, mas o PT conseguiu expressar na Carta de Salvador suas principais diverg�ncias em rela��o �s medidas propostas pelo ministro.
Governabilidade
O documento que passou ontem pelo crivo dos petistas, por�m, diz apenas que o movimento para recuperar as condi��es de governabilidade tem mais chances de �xito "se acompanhado por mudan�as na pol�tica econ�mica que o PT vem sugerindo desde a realiza��o do 5.º Congresso, em Salvador".
Em outras seis linhas, o partido tamb�m condenou os cortes nos gastos sociais, nos investimentos p�blicos e considerou "extremamente positiva" a proposta de recria��o da Contribui��o Provis�ria sobre Movimenta��o Financeira (CPMF). Os petistas pediram, ainda, medidas que aumentem a tributa��o sobre a renda e a propriedade dos mais ricos, "ao mesmo tempo em que o governo reduz seus gastos financeiros, atrav�s do rebaixamento paulatino da taxa de juros".
Na �ltima hora, a dire��o do PT retirou da resolu��o final um par�grafo dizendo que o ajuste fiscal e a reforma ministerial com maior peso conferido aos partidos de centro provocavam "tens�es e divis�es". Embora n�o citasse o PMDB, o texto n�o deixava d�vidas sobre a quem os petistas se referiam.
Questionado por que motivo o par�grafo foi retirado da resolu��o, Falc�o afirmou que o partido achou melhor evitar mais ru�dos. "A gente n�o quer que isso seja mal interpretado", argumentou Falc�o. O presidente do PT, que j� chegou a pedir a sa�da do ministro da Fazenda, disse ontem que nunca pregou o "Fora Levy". "Eu n�o 'fulanizo' esse debate", comentou.
Seis correntes do PT mais � esquerda apresentaram uma proposta de resolu��o cobrando mudan�as radicais nos rumos da economia, "para gerar empregos e recompor sal�rios", mas foram derrotadas.