Em entrevista ao SBT, Lula afirma que n�o tem medo de ser preso

S�o Paulo, 05 - O ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva disse n�o temer ser investigado e at� preso em consequ�ncia da Opera��o Lava Jato ou da Zelotes, da Pol�cia Federal. "N�o temo ser preso porque eu duvido que algu�m nesse Pa�s, do pior inimigo meu ao melhor amigo, do empres�rio pequeno ao grande, que diga que teve uma conversa comigo il�cita", disse em entrevista ao jornalista Kennedy Alencar, do SBT Brasil.

Lula chamou as investiga��es de pessoas pr�ximas a ele, como seu ex-chefe de gabinete Gilberto Carvalho e seu filho, Lu�s Cl�udio, de "coisas normais de um Pa�s democr�tico" e que s�o poss�veis gra�as � independ�ncia dada pelo seu governo para institui��es como Pol�cia Federal e Minist�rio P�blico Federal. O ex-presidente repetiu ainda o discurso de ser filho de m�e que morreu analfabeta e que lhe deixou o patrim�nio de "poder andar de cabe�a erguida".

"Combater a corrup��o � obriga��o, n�o � m�rito", afirmou ao lembrar que desde o auge da crise do mensal�o adotou o discurso de se investigar e punir quem quer que seja. Apesar da fala favor�vel aos trabalhos de investiga��o, Lula argumentou que o Pa�s vive na "Rep�blica da suspei��o", em que pessoas s�o condenadas pela opini�o p�blica pelo simples levantamento de suspeitas.

"As institui��es, que s�o fortes e poderosas, t�m que ter responsabilidade, cuidar para n�o criar uma imagem negativa de uma pessoa sem ter provas", afirmou. "Nem tudo que o delator fala tem veracidade. � preciso que n�o se d� um voto de confian�a ao bandido e um voto de desconfian�a ao inocente", completou.

O ex-presidente refor�ou que, ao longo de seu governo, desconhecia o esquema de corrup��o na Petrobras. "N�o fui alertado pela gloriosa imprensa brasileira, pela Pol�cia Federal, pelo Minist�rio P�blico, e olha que sou o presidente que mais visitou a Petrobras. Nunca ningu�m me disse que tinha corrupto na Petrobras, essas coisas voc� s� descobre quando a quadrilha cai."

Lula falou rapidamente de seu amigo pecuarista Jos� Carlos Bumlai. "Se ele teve situa��o indevida vai ficar provado ou n�o", disse. Bumlai � acusado pelo delator Fernando Baiano de receber propina para intermediar neg�cios na �rea do petr�leo e repassar valores a uma nora de Lula.

Governo Dilma

O ex-presidente sustentou que Dilma Rousseff foi "v�tima do sucesso de seu primeiro mandato". Na entrevista ao SBT Brasil, Lula disse que, no primeiro governo, Dilma apostou em pol�ticas de desonera��o para assegurar o emprego no Pa�s em um momento de crise na economia global, mas refutou que a mudan�a na dire��o da pol�tica econ�mica tenha configurado um "estelionato eleitoral".

"De repente, depois da campanha, percebeu-se que estava saindo mais dinheiro que entrando", disse para justificar a mudan�a na dire��o do governo de sua sucessora. Lula minimizou os sinais que foram apresentados a Dilma desde 2013, de que sua pol�tica econ�mica estava equivocada, e negou tamb�m que tenha pedido a ela, nessa �poca, o afastamento de Guido Mantega do minist�rio da Fazenda.

"N�o recomendei. Disse apenas que pessoas que est�o h� muito tempo no governo deviam ter uma reflex�o para sair e para deixar que haja renova��o dentro do governo", disse Lula. Como em outras ocasi�es, Lula admitiu que houve erros no governo, mas os relativizou, dando a entender que foram m�nimos. Um exemplo que ele citou foi o represamento nos pre�os da gasolina que acabaram gerando uma infla��o acumulada quando os reajustes foram liberados.

O ex-presidente disse considerar tamb�m que foi um erro exagerar na dose na pol�tica de desonera��o, mas salientou n�o ver propaganda nenhuma "na TV" sobre a desonera��o promovida por Dilma.

Lula destacou que o problema agora � retomar o crescimento econ�mico. "A Dilma ainda tem tr�s anos de mandato pela frente, esse povo n�o pode continuar vivendo nessa onda de incerteza, de pessimismo maluco, sem nenhuma necessidade", disse em refer�ncia indireta �s press�es pelo impeachment da presidente e os reflexos disso sobre a economia. Lula disse que, se fosse presidente, apostaria em uma pol�tica de cr�dito em vez de aumentar impostos, com linhas para a ind�stria e cr�dito consignado. "As palavras do momento s�o desenvolvimento e esperan�a. A presidenta Dilma tem que saber que a roda-gigante da economia tem que voltar a girar."

2018

Como adiantado por Kennedy Alencar no twitter, Lula falou brevemente sobre seu futuro pol�tico. O petista admitiu que voltar a ser candidato apenas para evitar que a oposi��o ganhe � uma "bandeira pequena", mas que se for para defender o projeto de governo que "promoveu a inclus�o de milh�es de pobres neste Pa�s", ele est� disposto a concorrer. "Para defender esse projeto, eu posso ser candidato outra vez. N�o tenha d�vida que estou disposto a ser candidato".