S�o Paulo, 07 - O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa - primeiro delator da Opera��o Lava Jato - afirmou em depoimento nesta sexta-feira, 6, � Justi�a Federal, em Curitiba, que as empreiteiras do cartel que fatiava obras da estatal agia por interesse pr�prio, dentro de uma l�gica de "ganha ganha". Al�m das empresas, pol�ticos, partidos e agentes p�blicos tamb�m se beneficiavam do esquema de propinas. E voltou a alertar as autoridades que os desvios e a corrup��o do cartel funcionava de maneira conexa em outras �reas do governo: "mais cedo ou mais tarde vir�o � tona".
"Elas (empresas) ganhavam com isso, algumas pessoas da Petrobras ganhavam, os partidos ganhavam e elas olhava outros projetos, em Minist�rio dos Transportes, em portos e aeroportos e uma por��o de outras coisas que, mais cedo ou mais tarde, vir�o � tona com certeza", declarou o ex-delator, diante do juiz federal S�rgio Moro - que conduz os processos da Lava Jato, em Curitiba.
Questionado pela Procuradoria da Rep�blica se havia coa��o para que as empreiteiras pagassem a propina, ele negou. "N�o, porque era um ganha ganha."
O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras dep�s como testemunha arrolada pela acusa��o na a��o penal contra o ex-ministro-chefe da Casa Civil, Jos� Dirceu (Governo Lula), o ex-diretor de Servi�os da Petrobras Renato Duque e contra o ex-tesoureiro do PT, Jo�o Vaccari Neto, todos alvos da Pixuleco I, desdobramento da Opera��o Lava Jato.
Os tr�s r�us est�o presos em Curitiba. O Minist�rio P�blico Federal atribui a Dirceu, a Duque e a Vaccari crimes de corrup��o e lavagem de dinheiro.
Ele explicou o motivo que levava as empreiteiras a agir de forma ativa no esquema, por interesse pr�prio. "Elas tinham interesse em atender os diretores ou algu�m da Petrobras, que estava � frente desse processo, porque era para atender tamb�m os partidos pol�ticos. E os partidos tinham gente importante em minist�rios e v�rios outros �rg�os de governo em que essas empresas tamb�m tinham interesses", afirmou Costa.
"Esse processo que eu mencionei (de desvios e corrup��o) da Petrobras n�o aconteceu s� na Petrobras, aconteceu em v�rios outros lugares como grupo Eletrobr�s e agora j� se chegou alguns pontos mais detalhados na Eletronuclear e como v�o chegar a v�rios outros minist�rios e �rg�os de governo como falei l� mais de um ano atr�s."
Costa fez dela��o premiada em agosto de 2014 - foi o primeiro delator da Lava Jato. Como delator � obrigado a depor em todas as a��es penais da Lava Jato.
Partidos
O ex-diretor de Abastecimento, que era cota do PP e depois tamb�m do PMDB, no esquema, afirmou que partidos e agentes p�blicos da estatal eram benefici�rios de propinas em decorr�ncia da divis�o de obras da estatal por parte do cartel, formado pelas maiores empreiteiras do Pa�s.
"Fui procurado por algumas empresas e fiquei sabendo do detalhamento de um processo de escolha de obra que essas empresas tinham interesse, um processo de carteliza��o e que isso resultava tamb�m em benef�cios para partidos pol�ticos e para algumas pessoas dentro da pr�pria Petrobras na �rea de Abastecimento isso ocorreu mais intensamente a partir de 2006 e 2007",
Costa detalhou que a Diretoria de Servi�os, que era cota do PT no esquema de fatiamento partid�rio da estatal, controlava todas as grandes obras, arrecadando propina de 1% em todos os grandes contratos das demais diretorias.
"Todas as obras, quer seja para Diretoria de Abastecimento, de G�s e Energia ou pela Explora��o e Produ��o, eram conduzidas pela Diretoria de Servi�os", explicou.
O delator foi questionado se a diretoria que era cota do PT, controlada na �poca pelo ex-diretor Renato Duque - apadrinhado do ex-ministro Jos� Dirceu -, tinha conhecimento do processo de carteliza��o, ele foi afirmativo. Costa aponta a participa��o de Duque e tamb�m do ex-tesoureiro do PT Jo�o Vaccari Neto
"Ele (Vaccari) era a pessoa que tinha um porcentual dentro da �rea de Servi�os de arrecada��o de recursos il�citos", disse Costa. Questionado se o porcentual arrecadado por Vaccari era para proveito pr�prio, o ex-diretor afirmou que os recursos eram dirigidos ao PT.