S�o Paulo - O filho de Nestor Cerver�, o ex-diretor de Internacional da Petrobras preso pela Opera��o Lava Jato e novo delator dos processos, Bernardo Cerver� afirmou em seu depoimento � Procuradoria Geral da Rep�blica que em uma reuni�o em que participou o senador Delc�dio Amaral (PT-MS), no Rio, em que era tratada da "movimenta��o pol�tica para obten��o de habeas corpus" foi discutida a nomea��o do ministro do Superior Tribunal de Justi�a (STJ) de sobrenome "Navarro". Marcelo Navarro Ribeiro Dantas � o relator dos processos da Lava Jato no STJ, nomeado em setembro para o cargo pela presidente Dilma Rousseff.
"Uma das nomea��es discutidas era de algu�m de Natal/RN, lembrando-se o depoente do sobrenome Navarro", diz trecho do depoimento. "O tom da conversa era o de que o nomeado 'iria resolver monocraticamente', 'foi indicado por n�o sei quem', '� um legalista'.”
O encontro teria ocorrido em uma seguradora, no centro do Rio de Janeiro. "Essa reuni�o foi marcada por Edson Ribeiro", afirma Bernardo. Ele era o advogado de Cerver� na Lava Jato, que tentava junto com Delc�dio impedir o ex-diretor de fazer dela��o. O advogado tamb�m foi preso pela Pol�cia Federal, no plano de tentar obstruir as investiga��es e oferecer uma rota de fuga para Cerver�.
Bernardo conta que nesta reuni�o estavam ainda advogados, como Felipe Caldeira e N�lio Machado - que foi defensor do lobista Fernando Baiano, que era o respons�vel pelas contas secretas de Cerver� e tamb�m fez acordo de dela��o. "Bem como o senador Delc�dio Amaral e seu assessor Diogo (Ferreira, chefe de gabinete tamb�m preso)."
"Ao final da reuni�o, j� com o clima mais descontra�do, o senador Delc�dio Amaral chamou o depoente e Edson Ribeiro para um canto e disse, em tom s�rio, 'olha, j� est� tudo certo, o pessoal de S�o Paulo est� viajando, mas, quando voltar, vai resolver os seus honor�rios (dirigindo-se a Edson Ribeiro) e garantir ajuda para a fam�lia (dirigindo-se ao depoente)'".
Escuta ambiental
Na grava��o feita por Bernardo no dia 4 de novembro em um hotel de luxo em Bras�lia, Delc�dio, seu chefe de gabinete e o advogado Edson Ribeiro foram flagrados tentando comprar o sil�ncio de Cerver� e patrocinar a fuga do ex-diretor do Pa�s, o nome de Ribeiro Dantas tamb�m foi citado pelo senador.
"O STJ, ontem eu conversei com o Z� Eduardo muito possivelmente o Marcelo na Turma vai sair”, afirma o senador, ao tratarem de um habeas corpus que teria sido apresentado pela defesa de Cerver�.
O senador afirmou em seu depoimento � Pol�cia Federal que a cita��o ao "STJ" feita por ele em reuni�o gravada pelo filho do ex-diretor da Petrobras era referente a uma "conversa que havia mantido com o ministro da Justi�a", Jos� Eduardo Cardozo.
"Houve coment�rio por parte dele (Cardozo) no sentido de que possivelmente haveria decis�o favor�vel a Marcelo Odebrecht, em habeas corpus que tramitava no STJ", afirmou Delc�dio, ouvido pela PF no dia 26. Questionado se "a entona��o com que deu a not�cia" sobre o STJ para Bernardo Cerver� e para o advogado da fam�lia Edson Ribeiro "era positiva", Delc�dio afirmou que "sim". "Considerava uma boa not�cia, no sentido de incentiv�-los", disse
O ministro da Justi�a negou que tenha tratado com Delc�dio "sobre casos ou r�us espec�ficos da Lava Jato". "Eu conversei muitas vezes com v�rias pessoas sobre a Lava Jato, mas nunca conversei sobre um caso ou uma situa��o espec�fica. Ele (Delc�dio) me perguntou, ap�s decis�o sobre executivo de uma empresa, se ela poderia repercutir em outras inst�ncias (do Judici�rio). Eu fiz uma an�lise da teoria da repercuss�o", afirmou Cardozo.
Defesa
Procurado nesta quinta-feira, 10, o ministro Ribeiro Dantas n�o foi encontrado. Em outra ocasi�o, ele informou que n�o daria entrevistas nem comentaria a cita��o ao seu nome nas conversas.
Um dia antes da pris�o de Delc�dio e Esteves, o relator da Lava Jato no STJ votou pela convers�o da pris�o preventiva em domiciliar do presidente da Andrade Gutierrez, Ot�vio Marques Azevedo. Na semana passada, ele votou tamb�m pelo benef�cio para o presidente da Odebrecht, Marcelo Bahia Odebrecht, e executivos do grupo.
As decis�es de liberdade ser� votadas ainda pelos demais ministros da 5ª Turma do STJ. Ribeiro Dantas � o mais novo ministro do STJ, nomeado em setembro, ap�s indica��o da presidente Dilma Rousseff, com apoio do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).
Como relator da Lava Jato, Ribeiro Dantas assuntou a decis�o para julgar os pedidos dos r�us e investigados da opera��o.