
A presidente Dilma Rousseff reagiu com ironia � decis�o do PSDB que, em reuni�o na quinta-feira, 10, em Bras�lia, decidiu adotar posi��o �nica a favor do seu impeachment. "N�o � nenhuma novidade", desabafou a presidente, sugerindo que toda esta opera��o faz parte ainda de um trabalho conjunto entre os tucanos e o presidente da C�mara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), seu principal desafeto e respons�vel pela deflagra��o do processo que poder� culminar com seu afastamento do cargo.
"Ali�s, a base do pedido e das propostas do presidente da C�mara, Eduardo Cunha, � o PSDB, sempre foi. Ou algu�m aqui desconhece esse fato? Porque sen�o fica uma coisa um pouco hip�crita da nossa parte, n�s fingirmos que n�o sabemos disso", declarou Dilma, em entrevista, ap�s cerim�nia de entrega do Pr�mio de Direitos Humanos, no Planalto, onde v�rios dos presentes em seus discursos defenderam a perman�ncia de Dilma no cargo e gritavam, em coro: "N�o vai ter golpe".
Dilma n�o se estendeu nas respostas sobre a decis�o do PSDB, mas, no Planalto, este fechamento de posi��o pelo partido, com apoio do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, j� era esperado. "N�o � poss�vel que os jornalistas aqui presentes tenham ficado surpreendidos", afirmou Dilma, ao ser questionada como o governo recebia esta postura do PSDB. A tese do governo � que os tucanos est�o agindo de forma alinhada com Eduardo Cunha, para tir�-la do poder.
Temer
A presidente Dilma Rousseff, na entrevista, negou ainda que ela ou o seu governo estejam trabalhando para interferir no PMDB, para devolver � lideran�a do partido o deputado Leonardo Picciani, contra as recomenda��es do vice-presidente Michel Temer, justificando que o que est� fazendo � se defender contra o processo de impeachment. "O governo n�o tem o menor interesse em interferir nem no PT, nem no PMDB, nem no PR", afirmou. Dilma admitiu, no entanto, que todo o trabalho que est� sendo feito � para garantir a sua perman�ncia no cargo. "Agora, o governo lutar� contra o impeachment. S�o coisas completamente distintas."
Na entrevista, ao ser questionada sobre o encontro de quarta-feira com Temer, Dilma evitou polemizar. "Logo depois da reuni�o com Temer, declaramos, tivemos uma conversa pessoal e institucionalmente, do meu ponto de vista, muito rica e colocamos a import�ncia de todos os nossos esfor�os em dire��o � melhoria da situa��o econ�mica e pol�tica do pa�s", comentou a presidente. Ao ser lembrada que Temer pediu para que ela n�o interferisse nas quest�es internas do PMDB, Dilma reagiu alegando que estava trabalhando para defender seu mandato. "Minha conversa com o presidente, vice-presidente Temer, presidente do PMDB, eu entendo que ele tenha considera��es a respeito do PMDB, ele � presidente do partido, ent�o o governo n�o tem o menor interesse em interferir nem no PT, nem no PMDB, nem no PR. Agora, o governo lutar� contra o impeachment."
Toda esta pol�mica surgiu porque, ao mesmo tempo em que Dilma e Temer posavam para fotos e trocavam declara��es de amizade institucional, cada um, pelo seu lado, continuava trabalhando contra o outro. Dilma e os integrantes do governo est�o trabalhando para cooptar deputados de v�rios partidos, como o PR, para traz�-los para o PMDB. Esses novos deputados chegariam ao partido com dois compromissos: votar para que Leonardo Picciani, que � contra o impeachment, volte para a lideran�a do partido, destituindo o novo l�der, Leonardo Quint�o, e, em um segundo momento, votar contra o impeachment de Dilma, seja na comiss�o, seja no plen�rio.
Por outro lado, paralelamente, Michel Temer, que � presidente do PMDB, tamb�m est� operando. Insatisfeito porque Dilma n�o seguiu sua recomenda��o de n�o interferir em quest�es internas do PMDB, o vice-presidente, em uma a��o para barrar a articula��o do Planalto para tentar reconduzir Leonardo Picciani (RJ) � lideran�a do PMDB na C�mara, interveio na quinta-feira e determinou que todas as novas filia��es de deputados dever�o passar pela Executiva Nacional. Com isso ele conseguiria barrar a entrada dos novos deputados. Ao mesmo tempo, a ala pr�-impeachment do partido tamb�m se movimenta para precipitar o rompimento do PMDB com o governo, antecipando a conven��o do partido, de mar�o para janeiro.
Na quarta-feira, 9, Dilma e Temer se reuniram por cerca de 50 minutos, depois de o vice-presidente ter encaminhado a ela uma carta com uma s�rie de criticas, como desconfian�a que ele estivesse tramando para assumir o Planalto e que ela o transformou em pe�a decorativa. Na conversa, Temer pediu a Dilma que n�o interferisse nas quest�es internas do PMDB e a advertiu que, se ela entrasse em disputas do partido na C�mara, os deputados peemedebistas poderiam antecipar a conven��o de mar�o para janeiro e, assim, anunciar, de imediato, o rompimento com o governo.