
Bras�lia – Os ataques do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), ao vice-presidente da Rep�blica, Michel Temer, deflagraram nessa quarta-feira (16) uma troca de acusa��es no partido. Em resposta ao senador, o PMDB, que � presidido por Temer, divulgou nota na qual afirma que o partido, de fato, n�o tem dono, mas tamb�m n�o tem “coron�is”. A fala � uma resposta a cr�tica feita por Renan � decis�o da executiva nacional da sigla de barrar filia��es tempor�rias para frear articula��o alimentada pelo Planalto para favorecer o retorno do deputado Leonardo Picciani (PMDB-RJ) � lideran�a da legenda.
“� correta a afirma��o de que o PMDB n�o tem donos. Nem coron�is”, diz a nota da dire��o da legenda. Logo em seguida, o texto afirma que o partido tomou suas decis�es baseadas no voto e ressalta o placar de 15 a 2 pelo filtro nas novas filia��es. O texto diz que a estrat�gia de filiar deputados federais ligados a outras legendas visava agregar � bancada do PMDB parlamentares “transit�rios” com a inten��o de “fragilizar” o partido. A opera��o para barrar a filia��o de deputados alinhados a Picciani no PMDB contou com o aval de Temer. Aliados do vice trataram a decis�o como uma forma de “impedir uma interven��o do governo Dilma no PMDB”.
Tido como um dos principais e, ao mesmo tempo, um dos �ltimos aliados do governo, Renan atacou a posi��o tomada pelo partido. “Um partido democr�tico, que n�o tem dono, que se caracteriza por isso, fazer reuni�o para proibir a entrada de deputado � um retrocesso que deve estar fazendo o doutor Ulysses tremer na cova”, disse Renan. Em um recado direto a ele, o texto divulgado pelo PMDB ironizou o trecho da fala do senador. O texto diz que qualquer peemedebista sabe que Ulysses morreu em um acidente a�reo e que seu “corpo repousa no fundo do mar”. A nota ainda pede “respeito � hist�ria e mem�ria” de Ulysses e afirma que seria melhor evitar envolver seu nome em discuss�es que “em nada enobrecem seu exemplo de retid�o e nobreza”.
MAIS CR�TICAS Tamb�m nessa quarta-feira, Renan afirmou que o partido perdeu uma oportunidade de “qualificar sua participa��o no governo”, porque, quando Temer assumiu a coordena��o pol�tica do Planalto, no in�cio do ano, ele se preocupou “apenas com o RH” – uma alus�o direta � negocia��o de cargos feita pelo vice. “Quando foi chamado para coordenar o processo pol�tico, do governo, da coaliz�o, o PMDB se preocupou apenas com o RH. Eu adverti sobre isso na oportunidade”, declarou. Questionado sobre a responsabilidade pela crise que o pa�s atravessa, Renan foi expl�cito: “O presidente Michel � o presidente do partido. Se algu�m tem responsabilidade com rela��o a isso, � o presidente Michel”.
Desde que o processo de impeachment foi de deflagrado, no in�cio de dezembro, Temer iniciou um processo de afastamento da presidente Dilma Rousseff. Na semana passada, o peemedebista enviou uma carta para a mandat�ria em que reclamou da falta de confian�a dela e do seu entorno em rela��o a ele e ao PMDB. Ele chegou a dizer que passou os quatro anos do governo como um “vice decorativo”. “Aquela carta do presidente Michel, que muitos criticaram, a maior cr�tica que cabe a ela � que, em nenhum momento, ela demonstra preocupa��o com o Brasil”, disse Renan.
O ministro Marcelo Castro (Sa�de), que � do PMDB, tamb�m criticou a atitude de Temer pela derrubada de Picciani ao afirmar que foi gerado um “um conflito desnecess�rio” na legenda. “Com rela��o � lideran�a do PMDB na C�mara dos Deputados, ele (Michel Temer) tomou partido. Ele e o presidente (da C�mara) Eduardo Cunha est�o juntos para tirar a lideran�a do Leonardo Picciani”, criticou. “Acho que um presidente de partido tem o dever e obriga��o de ser isento e neutro dentro das disputas internas.”
Castro tamb�m criticou resolu��o da Executiva Nacional do PMDB que determinou a aprova��o pr�via de deputados que queiram integrar a legenda. “Isso dar� um arb�trio muito grande para a Executiva Nacional do PMDB, o que gera conflito. Nunca vi nenhuma legenda fazer isso e � uma surpresa que o PMDB tenha feito”, disse. “A quem interessa destituir um l�der de bancada a um m�s do final do mandato? � algo que interessa ao partido?”, questionou.