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Estado de Minas

Ap�s pris�o na Lava-Jato, Delc�dio v� imp�rio "esfarelar"

De pol�tico influente a preso, acusado de envolvimento no esc�ndalo da Petrobras, senador petista viu ruir sua base eleitoral em Mato Grosso do Sul e est� prestes a perder o mandato


postado em 27/12/2015 06:00 / atualizado em 27/12/2015 07:53


Campo Grande – Considerado o pol�tico mais promissor de sua gera��o em Mato Grosso do Sul, o senador Delc�dio do Amaral (PT) viu esfarelar a sua base eleitoral ap�s ser preso em um desdobramento cinematogr�fico da Opera��o Lava-Jato. Logo depois de o Supremo Tribunal Federal (STF) ter decretado a pris�o, o escrit�rio pol�tico do senador em Campo Grande foi fechado e a maior parte dos funcion�rios, dispensada. Seu �nico irm�o, Ram�o do Amaral, esteve na cidade e levou a mulher e as duas filhas de Delc�dio para o apartamento dele em Florian�polis, como forma de proteger a fam�lia do ass�dio que vinham sofrendo.

Ouvidos pela reportagem, operadores pol�ticos do PT e do PSDB, principal antagonista dos petistas desde os anos 1990, acreditam que a grava��o em que o senador aparece tramando um plano para comprar o sil�ncio do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerver� (incluindo providenciar fuga para a Espanha) n�o apenas tornou a cassa��o do mandato uma quest�o de tempo, como precipitou sua carreira pol�tica a um beco sem sa�da.

Na sua defesa, Delc�dio alegou que a promessa de pagar para que Cerver� n�o o delatasse e ao banqueiro Andr� Esteves era um “blefe”. Cerver� e Delc�dio trabalharam juntos entre 1999 e 2001, quando este �ltimo foi diretor de g�s da Petrobras e o primeiro, seu principal subordinado. A tese do blefe n�o colou no STF, que manteve a pris�o do senador.

Em Bras�lia, uma dela��o de Delc�dio passou a ser vista como cada vez mais plaus�vel diante da falta de perspectiva de ele deixar a pris�o e do tom inusitadamente duro usado pelo presidente nacional do PT, Rui Falc�o. Em Campo Grande, a hip�tese ganha for�a: com o fim da carreira pol�tica, Delc�dio passou a ser considerado um homem sem nada a perder. A colabora��o com a Justi�a do pol�tico mais gra�do preso pela Lava-Jato voltou a ser especulada ap�s Delc�dio contratar neste m�s o advogado Figueiredo Basto, um dos principais especialistas em dela��o. O advogado, por�m, negou a inten��o de realizar o acordo.

Delc�dio j� foi citado por tr�s delatores como destinat�rio de propina da Petrobras. Cerver� diz que acertou pagamento de US$ 2 milh�es de propina de contratos de navios-sonda para a campanha do petista em 2006. N�o teria sido o primeiro suborno: o delator tamb�m implica o petista no pagamento de US$ 19 milh�es da Alstom durante o governo Fernando Henrique Cardoso. O senador nega as acusa��es.

FERIDA ABERTA Em Campo Grande, a pris�o fez aflorarem antigos ressentimentos com o senador dentro do PT, partido ao qual se filiou em 2001. A elei��o de 2014 deixou feridas ainda abertas. Favorito para o governo, Delc�dio costurou, por mais de um ano, uma alian�a branca com o tucano Reinaldo Azambuja.

A equa��o visava que Delc�dio sa�sse para o governo e o PT n�o lan�asse candidato forte ao Senado para favorecer a elei��o do tucano. O arranjo micou porque a dire��o nacional do PT vetou a manobra que poderia dar ao PSDB um pouco mais de musculatura no Senado.

Delc�dio, que come�ou como favorito segundo as primeiras pesquisas eleitorais, foi definhando na campanha e, no segundo turno, foi derrotado justamente por Azambuja, que acabou disputando o governo na condi��o de azar�o.

Ex-padrinho pol�tico e principal advers�rio interno, o ex-governador Zeca do PT bombardeou o acordo com o tucano, mas n�o conseguiu ser candidato ao Senado. Elegeu-se deputado. Pr�ximo de Lula, Zeca hoje � uma das principais vozes do PT a propalar que Delc�dio “nunca foi de esquerda”. Foi justamente o ent�o governador de MS o avalista da migra��o de Delc�dio do PSDB ao PT. Num dos com�cios da campanha de 2002, com a presen�a de Lula, Zeca chegou a pedir aos eleitores que n�o o reelegessem para o governo se n�o votassem tamb�m em Delc�dio para o Senado.

Bancos e empreiteiras


Engenheiro de forma��o, Delc�dio sempre foi pr�ximo das empreiteiras e do mundo do petr�leo. Trabalhou na Shell na Holanda e atuou na constru��o da hidrel�trica de Tucuru�. Sob o governo de Itamar Franco (1992-1994), chegou a ser diretor da Eletrosul, secret�rio-executivo e ministro interino das Minas e Energia.

Na gest�o de FHC, foi indicado diretor de g�s da Petrobras como cota dos senadores Jader Barbalho (PMDB-PA) e Jorge Bornhausen (ex-PFL-SC, atualmente no PSD). Um dos coordenadores de campanha de Delc�dio relatou que a proximidade com as empreiteiras era tanta que, ao vencer a elei��o de 2002, foi comemorar a vit�ria na ilha do empres�rio Carlos Suares, um dos fundadores da OAS, na Bahia. Ele tamb�m recrutou executivo da Camargo Corr�a para o seu gabinete em Bras�lia.

No Senado, rapidamente se aproximou do setor financeiro. Segundo ex-banqueiros e operadores do mercado financeiro ouvidos pela reportagem, Delc�dio passou a ser um interlocutor frequente de Andr� Esteves e de executivos do Bradesco.

A rela��o com os bancos deixou marcas no mandato e na ascens�o do petista no Senado. H� mais de uma d�cada, ele suava a camisa por um projeto que permitisse a repatria��o de recursos de brasileiros no exterior – o que era do interesse da banca local.

Neste ano, al�m de l�der do governo, Delc�dio foi eleito presidente da Comiss�o de Assuntos Econ�micos (CAE) do Senado. Ao lado do PT e do governo, s�o estes dois setores privados – bancos e empreiteiras – potencialmente os maiores prejudicados com a ades�o do senador ao time dos delatores.


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