
Ao mesmo tempo em que o governo v� sua base na C�mara dos Deputados se diluir, o total de projetos votados pelos parlamentares aumenta de forma igualmente in�dita. Sob a presid�ncia do oposicionista Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a C�mara bateu em 2015 o recorde de vota��es nominais levadas a cabo desde 1991. Foram 300 propostas votadas desde o in�cio da atual legislatura, n�mero 39% maior que o recorde anterior, de 2007.
O que h� de comum entre a queda no governismo e o ritmo recorde de vota��es est� justamente a batuta do presidente da Casa, a quem cabe a defini��o da pauta do que ser� analisado pelos deputados. Cunha se elegeu presidente sob a promessa de resgatar a “independ�ncia” em rela��o ao Executivo e imp�s derrotas importantes ao governo, como na vota��o do reajuste dos sal�rios do Judici�rio em pleno ajuste fiscal, na diminui��o da maioridade penal e nas mudan�as das regras de financiamento de campanhas.
Outra hip�tese para explicar o recorde de vota��es � a grande dispers�o entre as bancadas partid�rias. Normalmente, quando as bancadas est�o coesas e o governo consegue pautar as principais decis�es que s�o tomadas pelos deputados, � comum que projetos importantes sejam aprovados sem que tenham que passar por vota��o nomina em plen�rio. � o caso, por exemplo, de medidas que s�o aprovadas em car�ter conclusivo dentro das comiss�es ou quando h� vota��o simb�lica ap�s acordo entre os l�deres das bancadas.
Fidelidade Mas a fidelidade dos deputados aos seus l�deres partid�rios tamb�m caiu de maneira in�dita. Mesmo apresentando �ndice ainda alto, como � comum na C�mara, alguns partidos como PTB e o supracitado PP atingiram �ndices menores que 80%. Assim, � esperado que mais decis�es sobre os projetos tenham que passar por vota��o nominal para medir o exato apoio de cada proposta.
Isso fica ainda mais claro quando se analisa a predisposi��o de Cunha em colocar pautas pol�micas em vota��o, como a pr�pria reforma pol�tica. Medidas assim normalmente s�o Propostas de Emenda � Constitui��o (PECs), e, por isso, devem ser votados obrigatoriamente de maneira nominal. Em 2015 houve 99 vota��es desse tipo, mais de 30% de tudo que foi votado na C�mara no per�odo.
No ranking de “ativismo legislativo”, o segundo lugar em n�mero de vota��es foi 2007, durante presid�ncia de Arlindo Chinaglia, com pouco mais de 200 vota��es.