Bras�lia, 06 - O ministro da Justi�a, Jos� Eduardo Cardozo, cobrou nesta quarta-feira, 6, esclarecimentos sobre os motivos que levaram a superintend�ncia da Pol�cia Federal no Paran� a solicitar ao juiz S�rgio Moro a libera��o de R$ 172 mil para pagar contas se a corpora��o devolveu R$ 3 milh�es do or�amento, no fim de 2015. Cardozo pediu explica��es ao diretor-geral da Pol�cia Federal, Leandro Daiello.
"Se devolveram R$ 3 milh�es e pediram para usar uma outra sobra, n�o � porque estava faltando dinheiro. Ou ent�o h� um problema de gest�o. Eu quero entender o que est� acontecendo", disse Cardozo � reportagem. "Agora, n�o me venham dizer que n�o havia dinheiro para pagar a conta de luz e nem que a Pol�cia Federal est� sendo sucateada."
Irritado com cr�ticas de delegados federais, que reclamaram da previs�o de corte de R$ 133 milh�es no or�amento da categoria, Cardozo disse j� ter assegurado, desde o fim do ano passado, que tudo ser� recomposto com remanejamento de verbas. "Ningu�m vai parar a Pol�cia Federal por causa de R$ 100 milh�es ou um pouco mais", comentou o ministro. "Agora, � preciso entender que a Pol�cia Federal n�o � uma ilha, assim como o Minist�rio da Justi�a tamb�m n�o �. Precisamos conviver com a realidade or�ament�ria que temos."
Na ter�a-feira, delegados ouvidos pelo jornal O Estado de S.Paulo disseram acreditar que a Pol�cia Federal � alvo de retalia��o dos pol�ticos por causa da Opera��o Lava Jato, que, ao investigar um esquema de corrup��o na Petrobras, alvejou empres�rios, deputados e senadores, incluindo pesos-pesados do PT.
"Chega a ser um absurdo isso. Retalia��o do qu�?", perguntou Cardozo. "� s� olhar o que temos tirado do or�amento de outras unidades do Minist�rio da Justi�a, para dar � Pol�cia Federal, e perguntar se isso � retalia��o."
A pol�mica relativa ao dinheiro devolvido pela Superintend�ncia da Pol�cia Federal no Paran�, respons�vel pela Lava Jato, come�ou em mar�o de 2014, uma semana antes do in�cio daquelas investiga��es. Na �poca, a PF pediu ao juiz Moro autoriza��o para usar R$ 1 milh�o apreendido em outra opera��o. Com a verba liberada, a corpora��o comprou equipamentos para circuito interno de c�meras. Segundo dados obtidos no Minist�rio da Justi�a, sobraram R$ 172 mil.
A PF no Paran� solicitou ent�o a Moro a libera��o dessa sobra para o pagamento de despesas de custeio, no ano passado, como luz, �gua, telefone e gasolina. O Minist�rio da Justi�a observou, por�m, que dos R$ 21,9 milh�es dispon�veis para esses gastos, a Superintend�ncia no Paran� - a segunda no Pa�s a receber mais recursos, s� perdendo para a de S�o Paulo - usou apenas R$ 18,9 milh�es. No fim do ano passado, devolveu R$ 3 milh�es.
"Tinha esse dinheiro dispon�vel e a Superintend�ncia no Paran� devolveu para a dire��o da PF poder gastar em outras coisas. Ent�o qual � a l�gica? Por que fizeram isso? � curioso que, no momento em que se discute um acordo salarial com a categoria, apare�a essa cr�tica de sucateamento da Pol�cia Federal", argumentou Cardozo.
Munido de gr�ficos e tabelas com a evolu��o do or�amento e dos sal�rios dos delegados federais - que come�am em R$ 16.830,85 e v�o a R$ 22.805,00 -, o titular da Justi�a afirmou que cortou cargos de confian�a de todas as unidades do Minist�rio, mas n�o mexeu na Pol�cia Federal nem na Pol�cia Rodovi�ria Federal. "Os outros est�o pagando �nus maior porque acho fundamental fortalecer as pol�cias por causa da realidade da seguran�a p�blica. Fiquei espantado ao ver as cr�ticas de entidades sindicais de que h� sucateamento da Pol�cia Federal", reagiu o ministro.