Bras�lia - Os investigadores da for�a-tarefa Opera��o Lava-Jato suspeitam que parte das conversas do empreiteiro L�o Pinheiro que envolvem o ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, trate de doa��es para a campanha petista na disputa pela prefeitura de Salvador, em 2012.
As intercepta��es s�o de mensagens de texto trocadas entre agosto de 2012 e outubro de 2014. Nelas, h� negocia��o de apoio financeiro ao candidato petista � prefeitura de Salvador em 2012, Nelson Pellegrino, como tamb�m pedidos de intermedia��o de Wagner com o governo federal a favor dos empres�rios.
Investigadores colocam sob suspeita trechos cifrados de conversas que utilizam c�digos, apelidos e supostos endere�os que, na verdade, indicam valores pagos, de acordo com as apura��es. Jaques Wagner � identificado como "JW". Os respons�veis pela investiga��o acreditam que ele tamb�m � o "Compositor", uma refer�ncia ao maestro e compositor alem�o Richard Wagner.
Nelson Pellegrino � citado como "NP" ou "Andarilho", em alus�o a "peregrino", trocadilho com seu sobrenome. No 1.º turno daquela elei��o, ele disputou o comando da capital baiana com ACM Neto (DEM) e com M�rio Kert�sz (ent�o PMDB), identificados nas conversas como "Grampinho" e "MK", respectivamente.
Intermediador
No 2.º turno, Kert�sz decide deixar o partido, que aderiu � campanha de ACM Neto, e apoiar Pellegrino. As conversas interceptadas revelam negocia��es envolvendo apoio pol�tico de Kert�sz ao candidato petista no 2.º turno e o pagamento das campanhas. Wagner aparece como intermediador das conversas.
Mensagem trocada entre L�o Pinheiro, condenado a 16 anos de pris�o por corrup��o, lavagem de dinheiro e organiza��o criminosa na Lava-Jato, e um celular identificado pelos investigadores como pertencente a Jaques Wagner em 10 de outubro de 2012 mostra suposta conversa com o ent�o governador sobre a negocia��o de apoio do PMDB ao candidato petista.
No dia seguinte, quando Kert�sz marcou coletiva para anunciar sua sa�da do PMDB, Pinheiro enviou mensagem a Wagner. "Assunto MK, preciso lhe falar." Um pouco mais cedo, Pinheiro havia enviado mensagem a Manuel Ribeiro Filho. Investigadores suspeitam se tratar de poss�vel c�digo para efetuar um pagamento. No texto, o executivo escreveu: "O endere�o que filho me forneceu foi M.K. Street 3.600". A suspeita dos investigadores � de que o n�mero se refira a um valor pago e a sigla "MK" ao destinat�rio do dinheiro.
Depois, os executivos da OAS comentam: "O valor � muito alto", em refer�ncia ao n�mero 3.600. Troca de mensagens entre L�o Pinheiro e Cesar Mata Pires Filho, executivo da empreiteira, mostra que "JW" estaria ciente do apoio a ser intermediado ao candidato petista.
Lobby
Os di�logos interceptados d�o ideia de proximidade entre o ex-presidente da OAS e o ent�o governador da Bahia mesmo ap�s as elei��es municipais. O executivo relata encontros com "JW". Em uma das mensagens, L�o Pinheiro escreve "Governador, desculpe a 'invas�o'", antes de enviar seu texto. Wagner responde: "Voc� � sempre bem vindo JW". Em outra conversa, Pinheiro chama o governador de "nosso JW".
Em 2014, L�o Pinheiro pede ajuda a Jaques Wagner para falar com o ent�o ministro dos Transportes para "liberar o recurso no valor de R$ 41.760 milh�es" referente a um conv�nio assinado em 2013. "Ok, vou faz�-lo abs domingo vamos ganhar com certeza", respondeu Jaques Wagner, cinco dias antes do 2.º turno da elei��o presidencial de 2014.
Defesas
O ministro Jaques Wagner n�o respondeu aos questionamentos feitos pela reportagem at� a conclus�o desta edi��o. O advogado Edward Carvalho, um dos respons�veis pela defesa de executivos da OAS na Opera��o Lava-Jato, disse que n�o iria comentar as informa��es.
J� M�rio Kert�sz afirmou que � amigo de L�o Pinheiro, mas que n�o participou de arrecada��o para campanha de Nelson Pelegrino no segundo turno da disputa municipal em Salvador, tendo oferecido apenas apoio pol�tico. Pelegrino foi procurado por meio de sua assessoria, mas n�o se pronunciou.