
Ao admitir que o pa�s est� perdendo a guerra contra o Aedes aegypti, a presidente Dilma Rousseff (PT) pediu ontem mobiliza��o nacional para eliminar focos de �gua parada e erradicar criadouros do mosquito causador da dengue, da febre chikungunya e do zika v�rus – este �ltimo apontado pelo governo como respons�vel pelos casos de microcefalia que t�m sido registrados no pa�s desde o ano passado. Para dar o exemplo, o Pal�cio do Planalto promoveu um dia de “faxina” dentro das unidades do governo e das For�as Armadas. Houve, tamb�m, reuni�o virtual – por teleconfer�ncia – da presidente com os governadores da Bahia, Para�ba, Pernambuco, Rio de Janeiro e S�o Paulo para discutir medidas de combate ao mosquito.
“Temos de nos mobilizar para ganhar a luta. N�o vamos ganhar a luta se ficarmos de bra�os cruzados. Se eu dissesse que n�s estamos ganhando a luta, n�s estar�amos em uma fase mais avan�ada. Vamos ganhar essa guerra. Vamos demonstrar que o povo brasileiro � capaz de ganhar essa guerra”, afirmou Dilma. A petista minimizou as declara��es do ministro da Sa�de, Marcelo Castro, que na ter�a-feira reconheceu a perda da batalha. “Por que criar um problema com a constata��o da realidade? Dizer que n�s estamos perdendo � porque n�s queremos ganhar”, disse Dilma, depois da conversa com os governadores

De acordo com a presidente, o governador Geraldo Alckmin disse que os testes para a vacina da dengue, que est� sendo desenvolvida no Instituto Butantan, come�am na segunda-feira que vem (leia abaixo). “Estaremos virando essa guerra quando descobrirmos a vacina. A dengue vai ter uma vacina brasileira que eu considero a melhor”, disse Dilma ao destacar a gravidade da situa��o. Mesmo diante da crise econ�mica e da necessidade do ajuste fiscal, a presidente assegurou verbas para o combate ao mosquito.
“Tenho certeza que n�o s� o governo federal considera que n�o pode (faltar dinheiro), mas o Congresso tamb�m. Esta despesa tem a ver com a sa�de p�blica no pa�s. N�o sofre contingenciamento nem limites. Vamos colocar todos os nossos recursos”, prometeu. Entre as a��es anunciadas pelo governo federal est�o campanhas de conscientiza��o da popula��o; atua��o de mais de 220 mil militares no combate direto a criadouros do mosquito com a visita a 3 milh�es de casas em 356 cidades; pagamento de bolsa de um sal�rio m�nimo �s fam�lias benefici�rias do programa Bolsa-Fam�lia que tiverem crian�as com microcefalia; e distribui��o de repelentes �s gestantes que sejam benefici�rias do programa Bolsa-Fam�lia (cerca de 400 mil mulheres). Ainda n�o h� data, no entanto, que esta �ltima medida seja implementada.
O ministro da Sa�de, Marcelo Castro, informou que na quinta-feira que vem haver� uma limpeza em todos os hospitais do Brasil (p�blicos, privados e filantr�picos), que recebem pacientes do Sistema �nico de Sa�de (SUS) para destruir os criadouros do mosquito – ontem, pr�dios do governo federal tamb�m passaram por esse tipo de limpeza.
Castro informou, ainda, que, atualmente, 23 pa�ses j� registraram o v�rus Zika e, por isso, a Organiza��o Mundial de Sa�de (OMS) estima que o n�mero de infectados no continente americano pode chegar a 4 milh�es – 1,5 milh�o no Brasil. Por causa disso, segundo o ministro, a entidade convocou uma reuni�o do comit� de emerg�ncia para segunda-feira, quando ser� discutida a possibilidade de declara��o de estado de emerg�ncia internacional.
Parceria com EUA No in�cio da noite de ontem, a presidente Dilma telefonou para o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e acertou com ele parceria para os dois pa�ses desenvolverem vacinas e produtos terap�uticos contra o zika v�rus, que est� associado � microcefalia em beb�s. Em nota oficial, a Secretaria de Comunica��o Social da Presid�ncia informou que a Secret�ria do Departamento de Sa�de dos Estados Unidos e o ministro da Sa�de do Brasil v�o se reunir para discutir os termos da coopera��o.
Na conversa, que durou cerca de 15 minutos, e foi realizada �s 19h10, hora de Bras�lia, Dilma e Obama discutiram “a coopera��o bilateral na �rea de sa�de, para o combate e desenvolvimento de uma vacina contra o zika v�rus”. Um grupo de alto n�vel do Brasil e dos Estados Unidos foi criado para desenvolver parceria na produ��o de vacinas e produtos terap�uticos. A base do trabalho ser� a j� existente coopera��o entre o Instituto Butantan e o National Institute of Health (NIH) para pesquisa e produ��o da vacina contra a dengue. Os dois presidentes determinaram a realiza��o de contatos entre a Departamento de Sa�de norte-americano e Minist�rio da Sa�de do Brasil, com o objetivo de aprofundar a coopera��o.
Na �ltima ter�a-feira, Obama cobrou o r�pido desenvolvimento de testes, vacinas e tratamentos para combater o v�rus. O presidente norte-americano se manifestou depois de a Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS) alertar que a doen�a vai se proliferar por todos os pa�ses das Am�ricas. Segundo a entidade, a presen�a do v�rus j� foi constatada em 23 pa�ses e o n�mero de casos pode chegar a 4 milh�es em 2016. (Com ag�ncias)
PECADO
Gubbio Soares, virologista da Universidade Federal da Bahia que isolou pela primeira vez o zika v�rus no Brasil em abril de 2015, disse que o erro do Brasil foi n�o combater o mosquito transmissor do zika a tempo de evitar um surto do v�rus. “Esse � o grande pecado do Brasil”, afirmou. Embora o cientista reconhe�a que ningu�m esperava um risco desse tamanho, considerou que “esse v�rus finalmente exp�e ao mundo a realidade do nosso pa�s”.