Em carta, lobista preso cita �liga��o� com Lula como facilitadora de neg�cio

S�o Paulo e Bras�lia, 31 - Uma carta apreendida pela Pol�cia Federal na Opera��o Zelotes indica que o lobista Mauro Marcondes Machado, preso em Bras�lia, usava de sua suposta proximidade com o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva para vender seus servi�os a potenciais clientes.

Em texto enviado ao ex-presidente da Scania para a Am�rica Latina Sven Harald Antonsson, Marcondes se colocou � disposi��o da companhia para ajud�-la em fun��o de sua "liga��o com o presidente da Rep�blica, v�rios ministros de Estado e institui��es ligadas � ind�stria". A mensagem n�o � datada, mas, segundo a investiga��o, coincide com a vinda do executivo ao Brasil, o que ocorreu em 2008, no segundo mandato de Lula.

Marcondes est� preso desde outubro do ano passado e responde a a��o penal por participa��o em esquema de lobby e corrup��o para viabilizar a edi��o, pelo governo, e a aprova��o, pelo Congresso, de medidas provis�rias de interesse do setor automotivo. Ele atuava como lobista de montadoras em diversas frentes, fazendo chegar pedidos a Lula e minist�rios.

A Zelotes apura se pagamentos de R$ 2,5 milh�es feitos pelo lobista a um dos filhos do ex-presidente, o empres�rio Lu�s Cl�udio Lula da Silva, t�m rela��o n�o s� com a edi��o de medidas provis�rias, mas com a aquisi��o dos jatos suecos, da Saab, para a Defesa brasileira.

Ajuda

- Ent�o representante da multinacional sueca em entidades do segmento veicular, Marcondes escreveu ao executivo que assumia o comando da Scania para avisar que tinha, naquele momento, interesse de se manter na fun��o ou passar a outros cargos de dire��o. "Com a sua vinda para o Brasil, assumindo a presid�ncia da Scania, com a atual situa��o de crise que estamos vivendo, n�o me sinto bem em deixar a cia. (companhia). Principalmente neste momento em que eu tenho convic��o que posso ajudar muito a empresa e o setor, em fun��o da minha liga��o com o presidente da Rep�blica, v�rios ministros de Estado e as institui��es ligadas � ind�stria".

Em 2008 o ent�o ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge, levou a Lula solicita��o do representante da Scania para que adiasse a entrada em vigor de uma norma ambiental mais rigorosa sobre emiss�o de poluentes por ve�culos a diesel. Depois disso, o governo fez um acordo com o Minist�rio P�blico Federal e outros �rg�os cancelando a medida, o que interessava � multinacional. Por�m, n�o se sabe se a decis�o foi, de fato, influenciada pela empresa. Uma nova regra s� entrou em vigor em 2012.

Num dos inqu�ritos da Zelotes, a PF destaca que, na carta, Marcondes fala da suposta aproxima��o com Lula como uma de suas "habilidades empresariais". A mensagem n�o descreve quais gest�es ele faria naqueles tempos de crise para ajudar a Scania. Apenas afirma que n�o gostaria de se sentir como "aquele que abandona o barco num momento de turbul�ncia". Em interrogat�rio no �ltimo dia 7, questionado a respeito, o lobista silenciou.

Sven Harald presidiu a Scania na Am�rica Latina de 2008 a 2011. N�o h� informa��o, nas investiga��es, sobre se o executivo recebeu a carta e sobre qual foi sua rea��o. Marcondes se desvinculou da companhia em 2010. A rela��o do lobista com Lula, citada na missiva, remonta � d�cada de 1970, quando Mauro Marcondes trabalhava no setor de Recursos Humanos da Volkswagen e o petista era l�der sindical no ABC.

Em depoimento � PF, Lula afirmou nunca ter atendido a pedido de Mauro Marcondes enquanto presidente e que, depois de deixar o cargo, n�o foi demandado por ele a intervir no governo federal. O petista disse n�o ter nenhuma rela��o com o lobista ou suas empresas. Procurada, a Scania no Brasil n�o se pronunciou, justificando que precisava consultar a matriz na Su�cia. O Instituto Lula, presidido por Paulo Okamotto, disse que n�o iria se manifestar. As informa��es s�o do jornal

O Estado de S. Paulo.