Candidato do governador Geraldo Alckmin nas pr�vias do PSDB que definir�o o nome da legenda na disputa pela Prefeitura da capital, o empres�rio Jo�o Doria Junior � filiado ao PSDB desde o ano 2000, mas pouca gente sabia disso at� junho do ano passado.
O modelo de neg�cio que Jo�o Doria trouxe ao Brasil no come�o de 2000 e que o deixou rico, o chamado "networking" n�o combina com engajamento. Embora n�o goste do r�tulo, o Lide prosperou ao reunir e aproximar CEOs, governadores, ministros, parlamentares e jornalistas em eventos sofisticados e reservados.
O principal deles, o F�rum de Comandatuba, realizado em uma paradis�aca ilha na Bahia, sempre foi frequentado por pol�ticos que v�o do PC do B ao DEM, passando, � claro, por PSDB e PT. Entre as figuras carimbadas dos encontros est�o os ministros Jos� Eduardo Cardozo (PT), da Justi�a, Jaques Wagner (PT), da Casa Civil, e o vice-presidente da Rep�blica Michel Temer (PMDB).
Em per�odos eleitorais, Doria costuma fazer doa��es para candidatos que s�o arquirrivais dos tucanos. Entre eles est�o Orlando Silva (PC do B-SP), vice-l�der do governo na C�mara dos Deputados, a deputada estadual ga�cha Manuela D’�vila (PC do B) e Paulo Skaf (PMDB), presidente da Federa��o das Ind�strias do Estado de S�o Paulo (Fiesp). "O Lide tem uma rela��o republicana com os pol�ticos, tanto que o presidente do Conselho de Administra��o � o ex-ministro do Lula Luiz Furlan. Tamb�m doei para candidatos do PT. Nunca discriminei", diz Doria.
Quando sua falta de familiaridade com o PSDB � lembrada por apoiadores de seus advers�rios nas pr�vias - o vereador Andrea Matarazzo e o deputado Ricardo Tripoli - Doria lembra que fez campanha para o tucano Franco Montoro para o Senado em 1978 e que, em 1982, foi um dos coordenadores de sua campanha ao governo de S�o Paulo. "Nunca escondi minha filia��o ao PSDB. Isso n�o tira nem aumenta a respeitabilidade. Onde est� escrito que precisa de ter vida partid�ria para ser filiado?", afirma o empres�rio.
Polariza��o
Quando Jo�o Doria comunicou a Geraldo Alckmin, em junho do ano passado, que estava interessado em disputar as pr�vias do PSDB a resposta do governador de S�o Paulo foi curta e objetiva: "Viabilize-se e siga em frente".
Em defer�ncia ao antigo amigo e aliado (os dois se conhecem h� 35 anos), Alckmin orientou um pequeno grupo de correligion�rios com tr�nsito na m�quina partid�ria a promover uma "imers�o" com o agora pr�-candidato do partido.
Foi ent�o que Jo�o Doria foi apresentado ao mapa dos 58 diret�rios zonais do PSDB na capital, suas principais lideran�as e �s �reas de influ�ncia dos "caciques" detentores de cargos eletivos ou de confian�a na imensa m�quina que o partido construiu nos 20 anos em que governa o Estado.
No entorno do governador e no partido, o gesto foi considerado apenas um agrado ao amigo que sempre lhe abriu as portas do empresariado paulista. Naquele momento, nem mesmo amigos e funcion�rios de Doria levaram a candidatura a s�rio. Mas o empres�rio levou e investiu pesado no projeto.
O crescimento vertiginoso de sua pr�-candidatura, que conta com uma estrutura que lembra as prim�rias norte-americanas, provocou um terremoto no PSDB.
At� ent�o considerado favorito, Andrea Matarazzo - que � apoiado por nomes como Fernando Henrique Cardoso, Jos� Serra, Aloysio Nunes Ferreira e Alberto Goldman - foi o primeiro a concluir que as digitais de Alckmin estavam por tr�s das ades�es de peso que come�aram a ser contabilizadas no time de Doria.
Secret�rios de Estado, militantes de base, vereadores, dirigentes de estatais, deputados e integrantes da dire��o partid�ria mergulharam de cabe�a no projeto. Embora o pr�prio governador procurasse manter dist�ncia do processo, foi ficando cada vez mais claro que o partido estava diante de um racha.
Em meados de janeiro, um terceiro concorrente, Ricardo Tripoli, se inscreveu na disputa. Ao concluir que o cen�rio estava consolidado, Geraldo Alckmin finalmente entrou em cena.
O governador considerou que a candidatura de Matarazzo, que foi constru�da � sua revelia, n�o est� afinada com seu projeto de disputar o Pal�cio do Planalto em 2018. Foi ent�o que, na semana passada, o governador decidiu posar em uma foto ao lado Doria em um posto de gasolina fazendo o sinal de sua campanha com os dedos.
"O governador tem o mesmo direito de outros militantes de se posicionar, como fizeram o ex-presidente (FHC) e dois ex- governadores (Goldman e Serra)", diz o deputado Silvio Torres, secret�rio-geral do PSDB. (Colaborou Ricardo Chapola)