Um esquema de desvios de recursos p�blicos que se repete em v�rios munic�pios do Leste mineiro, inclusive com a participa��o, em muitos casos, das mesmas empresas, vem sendo investigado pelo Minist�rio P�blico e deve resultar em diversas a��es ainda este ano.
O fio da meada das fraudes come�ou a ser desenrolado no ano passado depois da abertura de um inqu�rito para investigar festas que vinham sendo realizadas pelo prefeito de Guanh�es, cidade de 33,5 mil habitantes, Geraldo Jos� Pereira (PP), conhecido como Ladinho. Desde ent�o, j� foram abertos 63 inqu�ritos para investigar processos licitat�rios e contratos firmados pela prefeitura desde 2013, quando Ladinho assumiu novamente o comando do munic�pio – ele j� tinha sido prefeito anteriormente. Isso representa cerca de 85% de todas as contrata��es da atual administra��o.
De 2013 at� hoje, a prefeitura realizou 74 procedimentos de concorr�ncia, por meio de carta-convite, dispensa de licita��o, registro de pre�os e preg�o eletr�nico em valores que somam pelo menos R$ 12,5 milh�es, segundo informa��es disponibilizadas pelo portal da transpar�ncia de Guanh�es.
De acordo com Luciano Sotero Santiago, um dos promotores que investiga o caso, praticamente todos os contratos do munic�pio est�o sob suspeita, mas as investiga��es por enquanto apuram apenas fraude nas licita��es. A pr�xima etapa vai ser verificar se os servi�os e produtos comprados realmente foram prestados e entregues. O promotor afirma ainda que h� ind�cios e em alguns casos provas materiais de que as irregularidades est�o sendo cometidas da mesma maneira em outros munic�pios da regi�o. Investiga��es para apurar a atua��o do mesmo grupo que presta servi�os para Guanh�es em outras cidades da regi�o j� est�o em curso.
Pris�es Todos os envolvidos nas irregularidades em Guanh�es devem ser denunciados ainda este m�s. Ao todo, o pedido de abertura de a��o na Justi�a contra o grupo por fraude em licita��o, falsifica��o de documentos e falsidade ideol�gica deve envolver cerca de 20 pessoas. Algumas j� foram presas, entre elas o advogado Waltinho Edijan Alves e o procurador Lair Bueno, ambos servidores da prefeitura. O advogado que assessorava a prefeitura, Henrique Lage, que � apontado como um dos supostos envolvidos nas irregularidades, j� teve a pris�o decretada, mas est� foragido. Eles s�o acusados pelo MP de cobrar propina em troca de contratos de transporte na prefeitura e j� prestaram servi�os para outras prefeituras da regi�o.
Waltinho era o bra�o direito do prefeito, apontado pelo MP como o chefe do grupo que comandaria o esquema de fraudes, e atuava em todas as licita��es junto com Lage e Lair. Em outro inqu�rito, j� em fase de conclus�o, ser�o denunciados secret�rios, servidores do primeiro escal�o e donos das empresas que atuam tamb�m em outros munic�pios da regi�o. As investiga��es s�o feitas com base em documentos apreendidos na prefeitura. J� s�o cerca de 500 quilos de papel em poder do MP, e dela��es premiadas, nos mesmos moldes do que ocorre na Opera��o Lava-Jato. Procurado pela reportagem, o prefeito n�o retornou o pedido de entrevista deixado com o setor jur�dico.