Bras�lia, 25 - Membros do Conselho de �tica acreditam que o julgamento pelo plen�rio do Supremo Tribunal Federal (STF) na pr�xima semana da den�ncia envolvendo o presidente da C�mara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), pode tirar o colegiado da in�rcia. Sem conseguir votar sequer a admissibilidade do processo por quebra de decoro parlamentar contra o peemedebista, a ala contr�ria ao presidente da Casa acredita que se o STF torn�-lo r�u na Lava Jato, as chances de conseguirem finalmente votar o parecer pr�vio do relator Marcos Rog�rio (PDT-RO) aumentar�.
"Sem d�vida temos uma luz no fim do t�nel", resumiu o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ), um dos parlamentares do partido autor da representa��o contra o peemedebista. "Tendo um posicionamento do STF, vai ter uma repercuss�o direta nos trabalhos do conselho", concluiu o deputado Paulo Azi (DEM-BA).
O colegiado voltar� a reunir na ter�a-feira, 1�, na tentativa de retomar a discuss�o do parecer de Marcos Rog�rio que pede a continuidade da a��o disciplinar. A expectativa � que s� na quarta-feira, 2, mesmo dia em que o STF julgar� o caso Cunha, os conselheiros tenham condi��es de votar o relat�rio pr�vio.
Nesta quinta-feira, 25, o colegiado completou o 51� dia �til da instala��o da representa��o contra Cunha sem avan�os. Pelas regras internas do colegiado, o processo contra um parlamentar precisa tramitar em 90 dias. Assim, precisa ser conclu�do at� 25 de abril deste ano.
Manobras regimentais da "tropa de choque" de Cunha para interditar as discuss�es, recursos para que o processo voltasse a etapas j� vencidas e debates protelat�rios nas sess�es fazem com que o processo n�o ande.
"O que n�o pode ficar � essa demora, essa enrola��o. Os deputados est�o pedindo socorro ao STF", apelou o deputado Fausto Pinato (PRB-SP), relator destitu�do da fun��o pelo aliado de Cunha, o vice-presidente da C�mara Waldir Maranh�o (PP-MA). A sa�da de Pinato foi a primeiro recurso bem sucedido do grupo de Cunha para interditar os trabalhos do conselho.
Os conselheiros acreditam que o julgamento no STF pode ser o est�mulo que falta para aprovar a admissibilidade do parecer nos pr�ximos dias. Assim como o primeiro relat�rio - que foi anulado em a��o posterior dos aliados de Cunha - foi aprovado no dia em que a Pol�cia Federal fazia busca e apreens�o nas resid�ncias do peemedebista, os deputados est�o otimistas com o impacto do posicionamento dos ministros do Supremo em rela��o ao futuro do peemedebista nas investiga��es da Opera��o Lava Jato.
"O julgamento (no STF) � o deadline da vota��o da admissibilidade. Temos de esgotar isso na semana que vem", defendeu o deputado J�lio Delgado (PSB-MG).
In�rcia
Nos bastidores, alguns membros do colegiado criticam o comando do deputado Jos� Carlos Ara�jo (PSD-BA) � frente dos trabalhos e o culpam pela in�rcia do colegiado. As cr�ticas mais comuns s�o de que a vaidade, o excesso de cautela nas delibera��es e a postura midi�tica de Ara�jo atrapalham o fluxo do processo.
Uns acreditam que Ara�jo, que seria pr�ximo do ministro da Casa Civil Jaques Wagner, estaria atuando para desgastar Cunha publicamente. "Ele joga muito com o governo para desgastar o Eduardo", concluiu um conselheiro. Outros especulam que Ara�jo poderia estar errando na condu��o dos trabalhos de prop�sito para favorecer o peemedebista. Ara�jo recha�a as duas teses.
Inconformados com o atraso no processo e com a interfer�ncia do grupo de Cunha nos trabalhos do colegiado, a ala contr�ria a ele come�ou a discutir a possibilidade de renunciar ao conselho.
Desconfort�veis com a repercuss�o negativa da morosidade da a��o disciplinar, os conselheiros podem repetir um gesto de 2006, quando oito deputados deixaram o colegiado em rep�dio a decis�o do plen�rio de livrar o petista Jo�o Paulo Cunha (SP) da cassa��o.
Um dos primeiros a defender publicamente a ren�ncia coletiva foi Pinato. "O desgaste cai sobre todos n�s", justificou ao
Broadcast Pol�tico
, servi�o de not�cias em tempo real da Ag�ncia Estado. Em conversas reservadas, os deputados decidiram que v�o aguardar a decis�o do STF e a vota��o da admissibilidade para ent�o definir se renunciar�o ou n�o.
Contagem de votos
Os membros do Conselho de �tica vivem hoje um impasse. Mesmo com as recentes mudan�as entre os titulares do colegiado, nas contas dos aliados de Cunha e de seus advers�rios, o placar agora est� empatado em 10 votos a favor de Cunha e 10 contra, num universo de 21 titulares.
A queda de bra�o hoje gira em torno do presidente do conselho. Pela regra interna, o presidente pode votar se houver necessidade de desempate e, como Ara�jo j� votou anteriormente contra Cunha, o esfor�o dos aliados do peemedebista � tir�-lo do processo. Com Ara�jo fora, seria mais f�cil enterrar a continuidade da representa��o.
Outra preocupa��o � com a possibilidade de novas mudan�as nas pr�ximas semanas e da nomea��o de substitutos pr� Cunha. Pinato, por exemplo, pode trocar o PRB pelo PP ou pelo PSB. Se for para o PP, h� chances dele assumir um posto no governo paulista de Geraldo Alckmin (PSDB). "N�o tem nada definido, n�o recebi convite oficial. E se acontecer, � s� em abril", explicou o parlamentar.
Paulo Azi tamb�m � outro titular que vota contra Cunha e pode deixar o colegiado. Especula-se que o deputado pode trocar a C�mara por uma secretaria na Prefeitura de Salvador. "N�o � meu dever sair de Bras�lia agora. Nada ocorrer� com essa precipita��o toda", afirmou.
Tamb�m cresce a press�o sobre uma futura vaga que ser� aberta no bloco do PMDB se o deputado Mauro Lopes (PMDB-MG) for nomeado ministro da Secretaria de Avia��o Civil. O grupo contr�rio a Cunha pressiona para que o l�der do PMDB Leonardo Picciani (RJ) indique algu�m n�o alinhado ao presidente da Casa. Eles esperam que Picciani d� o troco a Cunha por ter dado a relatoria do projeto de lei que estabelece a lei geral das Olimp�adas ao deputado �ndio da Costa (PSD-RJ).
"N�o vou decidir por esse quesito. Vou colocar algu�m em condi��o de desempenhar a fun��o. E por enquanto Mauro continua l�", disse Picciani ao
Broadcast Pol�tico
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