
Depois de resistir por meses � forte press�o do PT, que queria v�-lo fora de uma das pastas mais importantes do governo da presidente Dilma Rousseff, o ministro da Justi�a, Jos� Eduardo Cardozo, decidiu deixar o cargo. Aliado de primeira hora da petista e um dos respons�veis pelo caminho que a levou ao Pal�cio do Planalto, ele perdeu a queda de bra�o com a legenda, mas n�o deixar� a administra��o federal. Vai assumir a Advocacia-Geral da Uni�o, que, embora tenha um status inferior ao antigo posto, ter� neste momento fundamental import�ncia por cuidar da defesa do governo no processo de impeachment de Dilma que tramita na C�mara dos Deputados.
Cardozo era um dos coordenadores de campanha, com o falecido ex-presidente do PT Jos� Eduardo Dutra e o ex-ministro Ant�nio Palocci, que acabaram recebendo o apelido de “tr�s porquinhos” – foi fritado pelos petistas por deixar correr soltas as investiga��es contra o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva. Ele j� havia manifestado o desejo de deixar o posto algumas vezes, mas sempre era convencido por Dilma Rousseff a ficar. Desta vez, ela aceitou a demiss�o.
A animosidade entre o ministro e o pr�prio partido piorou depois das recentes den�ncias que envolvem um apartamento triplex no Guaruj� e um s�tio em Atibaia. O PT n�o era o inimigo mais poderoso de Cardozo. Antes mesmo de o cerco se fechar contra ele, o ex-presidente Lula j� se queixava da atua��o do desafeto, que, segundo ele, “n�o controla a Pol�cia Federal”. Lula chegou a trabalhar nos bastidores para troc�-lo pelo ex-ministro da Justi�a do seu governo, Nelson Jobim. No s�bado, durante o anivers�rio do PT em que disse ter deixado de ser o “Lulinha paz e amor”, o ex-presidente disse ter sido informado de que ter� os sigilos banc�rio, fiscal e telef�nico quebrados.
SEM PACI�NCIA Ao comunicar sua decis�o a Dilma na noite de domingo, Cardozo teria dito que sua situa��o estava insustent�vel. A amigos mais pr�ximos, teria confidenciado que perdeu a paci�ncia diante das press�es dos petistas e, principalmente, de Lula. Nesse meio tempo, o antecessor de Dilma fez chegar � Presid�ncia o recado de que era necess�rio trocar o ministro da Justi�a. Na �ltima semana, parlamentares foram ao Minist�rio da Justi�a cobrar pessoalmente provid�ncias de Cardozo sobre os vazamentos das a��es da Pol�cia Federal. Os deputados acusaram um descontrole na condu��o das investiga��es. Um deles chegou a dizer que se o ministro n�o tomasse provid�ncias, Lula acabaria sendo preso. Na visita, foi refor�ado que a presen�a de Cardozo na festa do PT n�o era bem-vinda, assim como sua perman�ncia no cargo. Na ocasi�o, o ministro teria respondido que � praticamente imposs�vel identificar e impedir os vazamentos e que n�o se pode interferir no trabalho da PF.
Nessa segunda-feira (29), Dilma confirmou a sa�da de Cardoso e sua ida para a AGU para substituir Luiz In�cio Adams, que deixa o posto alegando motivos pessoais. Assumir� o lugar de Cardozo o ex-procurador-geral da Justi�a da Bahia Wellington C�sar Lima e Silva, indicado pelo ministro da Casa Civil Jaques Wagner. O governo aproveitou para anunciar tamb�m que o novo ministro-chefe da Controladoria-Geral da Uni�o ser� Luiz Navarro de Brito.