
O ministro da Justi�a, Jos� Eduardo Cardozo, decidiu deixar o governo. Pressionado pelo PT ap�s rumores de que o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva seria alvo de quebras de sigilos banc�rio, telef�nico e fiscal no �mbito da Opera��o Lava-Jato, Cardozo se sente injusti�ado e resolveu entregar o cargo � presidente Dilma Rousseff.
No s�bado, 27, Lula se queixou de estar sendo perseguido pela Pol�cia Federal e pelo Minist�rio P�blico ao participar da festa de 36 anos do PT.
"Eu j� fui prestar v�rios depoimentos. Recebi uma intima��o de que, a partir de segunda-feira (hoje), v�o quebrar meu sigilo banc�rio, telef�nico, fiscal. O meu, da Marisa, do meu neto, se precisar at� da minha netinha de um m�s", disse o ex-presidente, sob aplausos. "Se esse for o pre�o que a gente tem que pagar para provar nossa inoc�ncia, que fa�am. A �nica coisa que quero � que, depois (…), me deem um atestado de idoneidade porque duvido que tenha algu�m mais honesto que eu neste Pa�s."
A amigos com quem conversou ontem, Cardozo n�o escondeu o seu aborrecimento com os ataques e afirmou que o PT n�o entende o seu papel quando critica a falta de controle sobre a Pol�cia Federal. O ministro argumenta que a corpora��o tem autonomia para fazer investiga��es e ele s� pode atuar em caso de viola��o de direitos.
No �ltimo dia 22, uma comiss�o de dez deputados federais do PT esteve no gabinete de Cardozo para fazer nova reclama��o. Os parlamentares cobraram dele provid�ncias sobre as investiga��es relativas a Lula e pediram que a Pol�cia Federal centrasse fogo na apura��o de den�ncias contra o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Os petistas tamb�m disseram ao ministro ter certeza de que o objetivo da for�a-tarefa da Lava-Jato era prender Lula e o criticaram at� mesmo por tirar fotos com o "japon�s da Federal", numa refer�ncia ao agente da PF Newton Ishii, que chegou a ser expulso da corpora��o em 2003 e foi reintegrado depois. Ishii se tornou conhecido por escoltar presos da Lava-Jato.
A pris�o do marqueteiro Jo�o Santana, que fez campanhas de Dilma e Lula, tamb�m refor�ou a press�o feita por setores do PT, com apoio do ex-presidente, para que Cardozo seja substitu�do.
No ano passado, Cardozo chegou a comunicar a Dilma a inten��o de deixar o cargo, mas atendeu a um apelo da presidente e permaneceu no minist�rio. J� na �poca ele era alvo de cr�ticas do PT por causa da Opera��o Lava-Jato. Cardozo � um dos mais pr�ximos colaboradores da presidente desde a campanha de 2010. Ocupa o Minist�rio da Justi�a desde o primeiro mandato de Dilma.
A rela��o com Lula, por�m, n�o � das melhores. Em reuni�o com deputados do PT e advogados no s�bado, antes da festa de anivers�rio do PT, o ex-presidente voltou a se queixar do ministro. Mesmo sob ataque, Lula ainda � o nome que o PT conta para a elei��o de 2018. O ex-presidente admitiu, no s�bado, que, se necess�rio, ser� candidato para defender o seu legado e o PT.
Sigilos
O deputado Wadih Damous (PT-RJ), que se reuniu com Lula no s�bado, confirmou que um dos temas da conversa foi a informa��o de que a Justi�a determinaria a quebra dos sigilos banc�rios, fiscal e telef�nico dele e de sua fam�lia. Questionado sobre a rea��o do ex-presidente � uma poss�vel decis�o judicial, Damous afirmou que "n�o h� nenhum temor" em rela��o a isso.
Ele afirmou que o partido n�o tem "conhecimento do teor" dessa eventual medida. "Voc�s (imprensa) sabem mais do que muitos advogados de defesa (de r�us da Opera��o Lava-Jato)", disse. O deputado, que � ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil do Rio, sustentou que, se confirmada, a quebra de sigilo, "� um ato arbitr�rio, pois n�o � decorrente de ind�cios".
Na noite de s�bado, ao chegar para a festa, na zona portu�ria do Rio, Damous afirmou que Lula "est� indignado com essa campanha s�rdida, essa publicidade opressiva". De acordo com ele, Lula chegou a brincar com a situa��o "absurda". "Poxa, eu sou dono sem ser", afirmou o ex-presidente, ao reiterar que n�o � propriet�rio do apartamento tr�plex no Guaruj� e nem do s�tio em Atibaia (SP), alvos de investiga��o da Pol�cia Federal e do Minist�rio P�blico.