Tratou-se de "gigantesco esquema de falcatruas", "gigantesco esquema de corrup��o" e "grave falta �tica" do advogado Roberto Teixeira. Palavras do agora ex-ministro da Justi�a, Jos� Eduardo Cardozo, ao tempo em que integrou, no PT, uma comiss�o de �tica interna para investigar o chamado "caso CPEM". O esc�ndalo nasceu com as den�ncias do economista e ent�o dirigente petista Paulo de Tarso Venceslau, em maio de 1997.
"No PT, lamentavelmente, as den�ncias de viola��es �ticas s�o apuradas ou n�o de acordo com crit�rios valorativos e subjetivos dos nossos dirigentes em rela��o � sua farejada plausibilidade inicial", escreveu Cardozo na �poca.
"N�o existe institucionalizado na nossa cultura pol�tica o dever objetivo de investigar com autonomia e independ�ncia qualquer den�ncia." Com o grifo em it�lico no original, o texto com essa an�lise foi publicado na revista Teoria & Debate, em setembro de 1997.
L� se v�o quase 19 anos. Cardozo tinha, ent�o, 38. Era vereador pelo PT de S�o Paulo, professor de Direito da PUC e ex-secret�rio de governo petista da prefeita Luiza Erundina. Foi dos tr�s escolhidos, pela executiva nacional, para integrar Comiss�o Especial de Investiga��o para apurar as den�ncias do economista. Seus outros integrantes foram o economista Paul Singer e o jurista H�lio Bicudo.
A comiss�o trabalhou durante dois meses, ouviu 35 pessoas - inclusive Lula e Roberto Teixeira - e apresentou um relat�rio final. No artigo citado, onde faz um circunstanciado balan�o do trabalho dessa comiss�o, Cardozo escreveu: "Se em outros partidos comportamentos desta natureza (o de Roberto Teixeira) podem ser aceitos sem maiores questionamentos ou reprimendas, no PT isso n�o nos parece poss�vel. Submetemos ent�o � Executiva Nacional a proposta de que fosse aberto processo �tico-disciplinar contra o militante Roberto Teixeira, por suspeita de grave viola��o �tica. A proposta foi aceita pela Executiva Nacional". Depois, numa reviravolta singular, a executiva nacional mudou de posi��o.
Lula nunca perdoou Cardozo e os outros integrantes da comiss�o por essa posi��o contra o advogado. Jamais o guindaria a ministro, nem que tivesse dez mandatos. E n�o gostou, como continua n�o gostando, que a presidente Dilma o tenha feito, al�m do mais integrando Cardozo no chamado "n�cleo duro" do poder. A comiss�o de �tica que o hoje ministro integrou nunca mudou de posi��o a respeito do caso CPEM.
'Ataque'
Recentemente, em uma das notas em que protestou contra a Opera��o Lava Jato, o advogado de Lula pediu "urgente posicionamento" do ministro da Justi�a contra o que entende ser "um ataque aos advogados e �s suas prerrogativas" por parte da Pol�cia Federal. "O ministro da Justi�a n�o pode se calar diante de tais fatos", escreveu Teixeira. Procurado pela reportagem, o ministro n�o se pronunciou a respeito do caso.