Em julgamento do STF, Janot diz que Cunha geria propinoduto na Petrobras

Bras�lia, 02 - O procurador-geral da Rep�blica, Rodrigo Janot, comparou a participa��o do presidente da C�mara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), no esquema de corrup��o da Petrobras com o mito de Hermes, da mitologia grega, e disse que uma das pr�ticas para �xito na pol�tica � a "capacidade de se envergonhar". O mito diz que Zeus, preocupado com a decad�ncia da ra�a humana, enviou � Terra Hermes com dois atributos especiais para corrigir os desvios e obter �xito na pr�tica l�cita da pol�tica: a preocupa��o com o direito alheio e a capacidade de sentir vergonha.

Durante a fala aos ministros no julgamento da den�ncia contra o peemedebista no �mbito da Lava Jato, Janot chamou o esquema de "propinol�ndia" e destacou a atua��o do parlamentar para manter o recebimento de recursos ilegais. O procurador-geral afirmou que o parlamentar "engendrou a f�rmula atrav�s do qual ele geria o propinoduto".

Janot reafirmou que a den�ncia contra Cunha n�o se baseia exclusivamente nas dela��es premiadas, "mas em farta prova" produzida a partir das dela��es. "Nada de interesse da defesa foi ocultado. No entanto, n�o � direito do acusado conhecer provas que n�o lhe diz respeito e que tratam de fatos distintos tratados naquele inqu�rito", argumentou o procurador sobre recursos da defesa para ter acesso a documentos durante as investiga��es.

Ele pediu a condena��o de Cunha pelos crimes de corrup��o passiva e lavagem de dinheiro e da ex-deputada Federal Solange Almeida (PMDB-RJ) por supostamente ter participado de press�o pelo pagamento de valores retidos, incorrendo em corrup��o passiva. O pedido foi feito ao Supremo em agosto do ano passado.

O presidente da C�mara foi acusado formalmente de receber propina de US$ 5 milh�es. Os valores seriam referentes a contratos de aluguel de navios-sonda da Petrobras firmados pela diretoria Internacional da estatal, que era considerada cota do PMDB no esquema de corrup��o.

Segundo a Procuradoria, Solange atuou na C�mara para defender os interesses de Cunha no esquema. Em 2011, ela apresentou dois requerimentos na Comiss�o de Fiscaliza��o Financeira e Controle da Casa para questionar contratos de empresas com Petrobras, mas que tinham como objetivo n�o apurar irregularidades, mas pressionar o pagamento das propinas pelas empresas a Cunha.

"A deputada Solange jamais se interessou por essa mat�ria, ela emitiu v�rios requerimentos e nenhum deles com as caracter�sticas desses dois espec�ficos", destacou Janot sobre a participa��o da ex-deputada.

Al�m da condena��o criminal, o procurador-geral pede a restitui��o dos recursos frutos de crimes no valor de US$ 40 milh�es e a repara��o dos danos causados � Petrobras e � Administra��o P�blica tamb�m no valor de US$ 40 milh�es. O inqu�rito em quest�o � um dos tr�s e o primeiro a ser aberto contra o peemedebista no Supremo no �mbito da Lava Jato.