
Na 24ª fase da Opera��o Lava-Jato, apelidada de Aletheia e deflagrada nesta sexta-feira (4/3), os procuradores da for�a-tarefa do caso no Minist�rio P�blico Federal do Paran� afirmam que o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva recebia propina de empreiteiras. Os procuradores listam ao menos R$ 4,67 milh�es em repasses feitos pelas empreiteiras Odebrecht e OAS ao petista. E ainda lan�a suspeitas sobre quase metade dos recursos recebidos por empresas e pelo instituto de 2011 a 2014.
Lula � alvo de condu��o coercitiva. O Minist�rio P�blico Federal no Paran� informou que o petista foi “um dos principais benefici�rios” do esquema de corrup��o na Petrobras, “enriqueceu” e usou os desvios para financiar campanhas pol�ticas de seus aliados. O Instituto Lula e os advogados do ex-presidente n�o retornaram os contatos do Correio Braziliense.
Segundo o Minist�rio P�blico, Lula recebeu ao menos R$ 1 milh�o da empreiteira OAS em 2014 por meio do tr�plex no Guaruj�. O ex-presidente nega a propriedade do im�vel, mas os procuradores afirmam que isso n�o � verdade. “H� evid�ncias de que a OAS pagou despesas elevadas para reformar o im�vel (mais de R$ 750 mil), arcou com m�veis de luxo para cozinha e dormit�rios (cerca de R$ 320 mil), bem como de que tudo isso aconteceu de modo n�o usual (foi o �nico apartamento que sofreu tal interven��o) e com o envolvimento do pr�prio presidente da OAS, L�o Pinheiro. A suspeita � de que a reforma e os m�veis constituem propinas decorrentes do favorecimento il�cito da OAS no esquema da Petrobras.”
Al�m disso, o MPF suspeita que Lula adquiriu o s�tio em Atibaia por R$ 1,53 milh�o em nome de laranjas. A propriedade, usada por ele, est� em nome de Fernando Bittar e Jonas Suassuna, s�cios do filho do ex-presidente F�bio Luis Lula da Silva. H� “fortes ind�cios” de que, entre 2010 e 2014, portanto ainda dentro do mandato do petista, o ex-presidente obteve ao menos R$ 770 mil “sem justificativa econ�mica l�cita” do pecuarista Jos� Carlos Bumlai e das empreiteiras Odebrecht e OAS. O s�tio foi comprado em 29 de outubro de 2010, no final do governo do petista. “Encontrou-se, ainda, mensagem eletr�nica que aponta o uso dos adquirentes nominais como interpostas pessoas.” Segundo o MPF, a suspeita � de que a propriedade seja propina “a t�tulo de contrapresta��o pelos favores il�citos obtidos no esquema Petrobras”.
De acordo com o MPF, outros “pagamentos dissimulados” somaram R$ 1,3 milh�o, feitos pela OAS entre janeiro de 2011 e janeiro de 2016. O objetivo era armazenar itens retirados do Pal�cio do Planalto ao fim do mandato do petista. A negocia��o foi feita, segundo a procuradoria, pelo presidente do instituto do ex-presidente, Paulo Okamotto, e s�cio do petista na empresa de palestras LILS Palestras. Mas o contrato foi fechado entre a OAS e a empresa armazenadora. O “real objeto foi escondido” do contrato, porque informava que se tratava de materiais de escrit�rio pertencentes � pr�pria construtora. “Paulo Okamotto assinou ainda, em 12 de janeiro de 2016, procura��o autorizando a retirada dos bens.”
A procuradoria ainda investiga os pagamentos que as empreiteiras investigadas na Lava-Jato fizeram ao Instituto Lula, no valor de R$ 20,7 milh�es, e � LILS, de R$ 10 milh�es. Os valores representam 59% e 47%, respectivamente, dos recursos recebidos entre 2011 e 2014. Os clientes eram as empreiteiras Camargo Correa, OAS, Odebrecht, Andrade Gutierrez, Queiroz Galv�o e UTC.
Do instituto e da empresa, o dinheiro seguia para familiares do ex-presidente e para integrantes do partido. “A pr�pria presid�ncia do Instituto foi ocupada, em dado momento, por ex-tesoureiro de sua campanha que � apontado por colaboradores como recebedor de propinas que somaram aproximadamente R$ 3 milh�es, decorrentes de contratos com a Petrobras, o que, mais uma vez, mostra o v�nculo de pessoas muito pr�ximas ao ex-Presidente com os crimes e indica poss�vel liga��o das pr�prias empresas ao esquema il�cito e partid�rio que vitimou a Petrobras.”