Roberto Amaral, ex-presidente do PSB, anuncia sa�da do partido

Bras�lia, 10, 10 - Um dia ap�s a sa�da da deputada Luiza Erundina (SP) do PSB, nesta quinta-feira, 10, foi a vez do ex-presidente nacional do partido, Roberto Amaral, anunciar sua desfilia��o. Em uma longa carta de despedida � milit�ncia, o ex-dirigente tece cr�ticas � sigla, diz que "a crise ideol�gica mergulha o partido na crise �tica" e que deixa o partido para manter-se "coerente" com sua trajet�ria.

"Deca�do ideologicamente, o PSB se alia ao projeto elitista, e agora tamb�m golpista, que sempre combatera", acusa o ex-ministro de Ci�ncia e Tecnologia do governo Luiz In�cio Lula da Silva.

Ao Broadcast Pol�tico, servi�o de not�cias em tempo real da Ag�ncia Estado, Amaral disse que n�o comunicar� oficialmente sua decis�o � c�pula do PSB e se limitar� a cumprir a formalidade de enviar o pedido de desfilia��o na pr�xima segunda-feira, 14, ao cart�rio eleitoral. Embora tenha recebido convites para se filiar a outras legendas de esquerda, o ex-ministro afirmou que n�o pretende entrar em nenhum partido. "O momento � de fortalecer a esquerda", respondeu.

Na carta dirigida aos militantes socialistas, Amaral lembra que atuou no PSB por tr�s d�cadas, que presidiu a legenda em seu momento mais tr�gico - a morte em 2014 do ex-governador de Pernambuco e presidente do partido, Eduardo Campos - e que buscou a unidade partid�ria em torno da campanha presidencial de Marina Silva, hoje na Rede.

"A inevitabilidade da candidatura majorit�ria de Marina Silva criou a expectativa de um projeto eleitoral promissor, ao final desperdi�ado, ao tempo em que aprofundava nossa crise ideol�gica, cuja fermenta��o, ressalte-se, n�o era recente, nem muito menos superficial. O caruncho da rea��o ro�a nossas entranhas sem que muitos se dessem conta, enquanto outros o alimentavam", diz o texto.

O ex-dirigente deixa clara sua decep��o com o processo eleitoral de 2014, quando o partido decidiu apoiar o tucano A�cio Neves no segundo turno da corrida presidencial. "O grau de degrada��o ficou evidente quando o partido, no segundo turno do pleito de 2014, traindo seu programa, rasgando sua hist�ria, decidiu-se por apoiar o projeto da classe dominante. O pior de tudo � que essa decis�o esdr�xula afigurou-se como um desdobramento natural do que vinha sendo a pol�tica partid�ria", lamentou. Amaral deixou a presid�ncia do PSB logo ap�s a declara��o de apoio a A�cio.

As cr�ticas � dire��o do partido - que oficializou recentemente sua ida para a oposi��o ao governo Dilma Rousseff - seguem na carta, onde acusa o PSB de ter perdido sua identidade. "Sem projeto, tentando seguir a dire��o dos ventos conforme sopram, o partido de hoje negocia alian�as eleitorais no varejo da pequena pol�tica; abriga quadros que em nada se aproximam das bandeiras da esquerda democr�tica. � esse PSB que agora tenciona navegar na onda da retomada do poder pelos derrotados nos pleitos de 2002, 2006, 2010 e 2014 - retomada que pleiteiam n�o pela via leg�tima do voto, mas pela escapadela esp�ria do golpe midi�tico-jur�dico, que atropela direitos e garantias individuais, vilipendia a soberania popular e visa a deter a emerg�ncia das massas".