Itamaraty ter� de dar explica��es sobre 'telegrama do golpe' enviado a embaixadas

A Comiss�o de Rela��es Exteriores do Senado vai votar pedido de convoca��o do ministro Mauro Vieira, do Itamaraty, para explicar o envio para embaixadas, no dia 18, de telegramas com alertas de organiza��es n�o governamentais sobre um "golpe" contra a presidente Dilma Rousseff.

Numa das mensagens, o diplomata Milton Rond� Filho pediu �s representa��es no exterior que indicassem um funcion�rio para dialogar com movimentos sociais nos pa�ses em que atuam. Uma hora e meia depois de uma segunda circular, o secret�rio-geral da pasta, S�rgio Danese, enviou telegrama desautorizando o subordinado.

Funcion�rios do Itamaraty informaram que Rond� Filho foi advertido por Danese, cujo cargo est� imediatamente abaixo do de Vieira. O secret�rio-geral proibiu o diplomata de enviar novos telegramas sem sua autoriza��o.

Rond� Filho afirmou ao superior que teve inten��o apenas de dar conhecimento a movimentos sociais no exterior de avalia��es de ONGs brasileiras sobre a situa��o pol�tica brasileira. O texto que causou pol�mica, anexado num dos telegramas, foi produzido pela Associa��o de Organiza��es N�o Governamentais (Abong) e "denunciava" um "processo reacion�rio que est� em curso no Pa�s contra o Estado Democr�tico de Direito".

Na conversa com Danese, Rond� Filho observou que, no Itamaraty, responde pela chefia da Coordena��o Humanit�ria e Combate � Fome e tem como fun��o fazer o di�logo entre movimentos sociais. Esse �rg�o foi criado no embalo da pol�tica do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva de aproxima��o com pa�ses da �frica e da Am�rica Latina. O minist�rio descarta uma sindic�ncia contra Rond� Filho. Por meio de assessores, a pasta informou que as posi��es de Rond� Filho foram estritamente pessoais e n�o ilustraram o posicionamento do minist�rio.

"Pe�a solta"
Presidente da Comiss�o de Rela��es Exteriores do Senado, o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) avaliou que Rond� Filho � uma "pe�a solta" que atuou contra os interesses do Pa�s. "O posicionamento dele certamente n�o � o do ministro e do Itamaraty", disse. "� um homem que est� prestando um desservi�o ao Brasil quando se precisa, mais do que nunca, da confian�a no governo brasileiro no exterior. Ele espalhou rumores e mentiras, por isso tem de ser punido."

O Estado tentou conversar ontem com Rond� Filho por meio da assessoria do Itamaraty e de telefones em nome dele em Bras�lia e Jundia�, mas n�o o localizou. Diplomata de carreira h� mais de 20 anos, ele foi promovido pela primeira vez em 1994, ao cargo de segundo secret�rio, na primeira gest�o do ministro Celso Amorim na pasta, no governo Itamar Franco. Atualmente, Rond� Filho exerce o cargo de ministro de segunda classe, posi��o na carreira inferior s� � de embaixador.

Nas embaixadas, as mensagens enviadas do Itamaraty foram recebidas com estranheza e surpresa, de acordo com fontes ouvidas na Europa e Estados Unidos. Como os telegramas foram suspensos pouco depois de serem enviados, os funcion�rios destacam que n�o houve efeito pr�tico algum das circulares.

Na Embaixada em Buenos Aires, o alerta chegou na sexta-feira � noite, raz�o pela qual os funcion�rios, que s� tem acesso �s mensagens no local de trabalho, s� a viram ap�s chegar a outra circular de suspens�o. "� um homem que est� prestando um desservi�o ao Brasil. Ele espalhou rumores e mentiras, por isso tem de ser punido".