Bras�lia, 15 - O presidente em exerc�cio, Michel Temer, aprovou a decis�o do ministro das Rela��es Exteriores, Jos� Serra, de repudiar as cr�ticas feitas pela Venezuela, por pa�ses aliados e pelo secret�rio-geral da Uni�o das Na��es Sul-Americanas (Unasul), Ernesto Samper, ao processo que afastou Dilma Rousseff do cargo.
Temer n�o s� avalizou as duas notas emitidas na sexta-feira pelo Itamaraty como ajudou a redigir uma delas para deixar claro que o rito estabelecido na Constitui��o para o impeachment “foi seguido rigorosamente”, cumprindo determina��o do Supremo Tribunal Federal.
O Estado apurou, por�m, que a Venezuela fez quest�o de esclarecer que Castellar foi chamado a Caracas para uma reuni�o, mas n�o para abrir controv�rsia com o Brasil. A chanceler Delcy Rodrigues afirmou que Castellar - o primeiro de uma lista de 15 embaixadores prestes a apresentar credenciais ao governo Temer - retornar� a Bras�lia nos pr�ximos dias.
O coment�rio no Pal�cio do Planalto � que a gest�o Temer n�o poderia ficar em sil�ncio diante das cr�ticas feitas por Venezuela, Bol�via, Cuba, Equador e Nicar�gua em rela��o ao afastamento de Dilma. Foi o primeiro sinal da mudan�a de tom da pol�tica externa brasileira.
Em conversa com sua equipe, Serra disse que nenhuma manifesta��o para p�r em d�vida a legalidade do processo pol�tico no Brasil ficar� sem resposta, mas isso n�o significa comprar briga com os vizinhos. “Nossa preocupa��o � em esclarecer as inverdades”, disse o chanceler. “N�o vamos calar nem escalar.”
Para o ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, Serra est� adotando uma “posi��o correta”, respaldado por Temer. “Precisamos voltar a ter uma diplomacia pragm�tica, que ajude o Brasil a crescer. N�o podemos ter uma diplomacia ideologizada”, argumentou.
O embaixador S�rgio Amaral, ex-porta-voz e ex-ministro do Desenvolvimento de Fernando Henrique Cardoso, minimizou a atitude de Maduro de chamar Castellar. “O embaixador sequer est� nas fun��es, pois n�o apresentou as credenciais. O importante � sinalizar a mudan�a”, disse Amaral, que participou da reuni�o com Serra.
Uma nota foi enviada pelo Itamaraty, na sexta-feira, a todos os Minist�rios de Rela��es Exteriores de pa�ses com os quais o Brasil mant�m rela��es para informar que Dilma est� afastada em decorr�ncia de um processo de impeachment que segue a Constitui��o. A preocupa��o de Temer � desconstruir a vers�o, divulgada por Dilma, de que houve um “golpe” no Brasil.
El Salvador
Ontem (14), no entanto, o presidente de El Salvador, Salvador S�nchez Cer�n, disse n�o reconhecer o “governo provis�rio” de Temer e avisou que chamar� de volta a embaixadora do pa�s em Bras�lia, Diana Vanegas. Para Cer�n, Dilma foi “submetida a julgamento por algo que n�o se comprovou ser um crime”. O Minist�rio das Rela��es Exteriores de El Salvador classificou o impeachment como “manipula��o pol�tica”.
No Congresso, o posicionamento do Itamaraty obteve respaldo de aliados do governo e provocou cr�ticas por parte dos petistas. “Recomendo que Jos� Serra tome muito suco de maracuj� e acalme-se, porque as rea��es devem se proliferar por todo o mundo”, disse o senador Lindbergh Farias (PT-RJ). “Vamos denunciar o golpe ocorrido. O Brasil est� sendo comparado a uma republiqueta de bananas.”
Para o ex-presidente da Comiss�o de Rela��es Exteriores do Senado, Ricardo Ferra�o (PSDB-ES), a rea��o de Maduro era esperada. “Ele est� incomodado porque perdeu um parceiro conivente. O governo da presidente Dilma Rousseff foi absolutamente omisso sobre as viola��es cometidas na Venezuela.”
“Precisamos acabar com essa palha�ada diplom�tica criada pelo ex-presidente Lula e continuada por Dilma. Vamos defender os pa�ses democr�ticos contra o populismo, o bolivarianismo e o chavismo”, disse o vice-presidente da Comiss�o de Rela��es Exteriores da C�mara, Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR). Para o deputado Henrique Fontana (PT-RS), tratar a quest�o como “bolivarianismo” � uma vis�o “simplificadora” da pol�tica externa. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.