Bras�lia, 30 - Um dia ap�s o desembarque do PMDB, o governo resolveu encarar as negocia��es em torno do processo de impeachment com outros olhos. Em reuni�o da bancada governista no Senado, parlamentares reafirmaram a estrat�gia de intensificar a aproxima��o com partidos da base e abrir definitivamente o balc�o de neg�cios. Otimistas, petistas acreditam que o PMDB se precipitou e que o governo tem capacidade de conseguir os votos que precisa para conter o afastamento da presidente Dilma Rousseff.
Os petistas est�o convencidos de que � muito tarde para angariar o apoio integral de outros partidos, mas acreditam que ser� poss�vel conquistar partes de algumas bancadas construindo uma nova base de apoio. "Vamos construir uma nova maioria, com um peda�o de l� e outro de c�", afirmou o l�der do PT no Senado, Paulo Rocha (PT-PA). O objetivo � intensificar a press�o sobre o PP, PR e PSD.
O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) se disse otimista com o progresso das negocia��es. "N�o vai ter impeachment. Sei de movimenta��es que est�o acontecendo e as respostas s�o positivas", disse. Uma estrat�gia � trabalhar com as diferen�as internas de cada partido e avan�ar sobre o que est� ao alcance do governo neste momento, como por exemplo parlamentares do Nordeste e Norte, que t�m maior tend�ncia de se manterem fi�is � base.
A vis�o interna � de que o governo n�o precisa que deputados votem publicamente contra o impeachment, basta convencer uma quantia deles a n�o comparecer � sess�o. Desta forma, haveria grande vantagem contra a oposi��o, que precisa confirmar 342 votos para autorizar o impeachment.
Negocia��es
O ex-presidente Lula � o carro-chefe das negocia��es, mas os senadores tamb�m seriam fundamentais na tarefa de conquistar votos devido ao protagonismo que exercem em seus diret�rios, podendo projetar o apoio ao governo tamb�m aos deputados de seus partidos ou Estados. O senador Ciro Nogueira (PP-PI), que � o presidente de seu partido, se tornou a menina dos olhos nas novas negocia��es. Nesta ter�a-feira, 30, o PP confirmou mais uma filia��o na C�mara, alcan�ando o n�mero de 51 deputados, a terceira maior bancada da Casa.
Em reuni�o nesta manh�, o partido optou por n�o desembarcar imediatamente do governo e deixar a decis�o para depois da conclus�o dos trabalhos na comiss�o especial de impeachment. Os governistas interpretaram a decis�o como "um bom sinal" para o governo e tamb�m uma indica��o de que o partido est� disposto a negociar cargos em troca de votos contra o impeachment. Ciro Nogueira se encontrou com Lula e, segundo interlocutores, manter� o di�logo com o governo.
Tiro no p�
Os governistas tamb�m avaliaram que a decis�o do PMDB de deixar o governo foi prejudicial para o pr�prio partido. "O gesto do PMDB foi precipitado e facilitou para o governo. Eles erraram", afirmou Lindbergh. O senador acredita que o protagonismo que o vice-presidente Michel Temer assumiu contra Dilma criou um mal estar com a opini�o p�blica e pode desestimular os movimentos de rua.
Na percep��o petista, agora o governo ter� mais espa�o para trazer outros partidos para a base e fazer negocia��es. "O PMDB achava que, rompendo com o governo, outros partidos iam debandar tamb�m. Isso n�o aconteceu, abriu-se mais espa�o para que outros partidos participem do governo", disse Lindbergh.